Brasil de Ideias: Candidatos expõem medidas para superar crise

Com propostas diferentes entre si, quatro candidatos ao governo do Rio Grande do Sul concordam sobre a importância de equilibrar as contas do Estado. Eduardo Leite (PSDB), Jairo Jorge (PDT), José Ivo Sartori (MDB) e Mateus Bandeira (Novo) expuseram seus planos para o RS no Brasil de Ideias – Especial Eleições, promovido pela Revista VOTO, nesta segunda-feira (3) em Porto Alegre/RS. O evento reuniu empresários, políticos e jornalistas.

Retomada da confiança

Prefeito de Pelotas entre 2013 e 2017, Eduardo Leite destacou que acumulou a experiência de governar em situação de dificuldade. “É a terceira maior cidade gaúcha, mas ao mesmo tempo a nona economia. Tem muitos problemas e poucos recursos. Porém, em quatro anos, mostramos resultados concretos para a população”, afirmou. “Com soluções claras, as pessoas passam a confiar no futuro. Precisamos dar à população um sentimento de rumo, com ações concretas”.

Para o candidato tucano, o desequilíbrio entre receitas e despesas exige a atuação nas duas frentes. “Precisamos discutir a folha de pagamento, encargos sociais, vantagens que se incorporam nas carreiras e licenças-prêmio. Também teremos de debater com responsabilidade a privatização das estatais”, propôs.

Leite defendeu que o Estado deixe de ser operador direto e passe a atuar como regulador. “É praticamente impossível que empresas sejam bem geridas nas mãos do Poder Público, pois precisam ser respeitadas as amarras burocráticas, como licitações, concursos públicos e estabilidade de servidores”, sustentou o ex-prefeito de Pelotas.

No Brasil de Ideias, Eduardo Leite apontou quatro medidas essenciais a serem tomadas pelo próximo governador: investimento em infraestrutura, com um amplo programa de concessões e parcerias com setor privado; redução da burocracia, a exemplo do que já fez Santa Catarina; revisão do sistema tributário; e aplicação de recursos em educação.

Enfrentamento de problemas estruturais

Jairo Jorge ressaltou que visitou todos os 497 municípios gaúchos, com o objetivo de “conhecer profundamente o Estado, seus problemas e potencialidades”. Para o ex-prefeito de Canoas, a partir dessa proximidade com os municípios, foi possível detectar sete problemas estruturais que o Rio Grande do Sul possui: estagnação econômica; fuga de cérebros; burocracia estatal; perda de excelência nos serviços públicos; déficit de infraestrutura; desigualdades regionais; e paradigma do conflito, marcada pelo enfrentamento constante entre adversários políticos.

De acordo com candidato pedetista, para enfrentar essas questão, não basta uma mudança incremental, “fazendo mais do mesmo”. “Precisamos de uma mudança disruptiva. Para que tenhamos um ambiente de inovação, precisamos de convergência política. Se eu atirar pedras em alguém, não vou tê-lo como parceiro no futuro”, justificou, acrescentando que pretende reduzir o número de secretárias para dez.

Para que o Rio Grande do Sul retome o desenvolvimento, Jairo revelou que aposta no binômio menos burocracia e menos impostos. Quanto ao licenciamento ambiental, ele expressou que “temos de inverter o ônus”. “Hoje, todo mundo é desonesto até que se prove o contrário. O empreendedor é visto como bandido, quando na verdade é a solução. É quem gera emprega, renda e crescimento”.

O ex-secretário executivo do Ministério da Educação também salientou que é necessário “fazer funcionar bem o que já existe”, como os serviços de educação, saúde e segurança. Jairo Jorge disse ainda que fará parcerias público-privadas e concessões na área da infraestrutura. “Temos de quebrar esse preconceito”, comentou. Ele ainda sublinhou que governará com participação da sociedade e com olhar para cada região. “Vamos retomar os Coredes, com escritórios regionais de governo. Buscaremos soluções para os gargalos de cada local”.

Prioridade para regime de recuperação

O governador José Ivo Sartori destacou que um Estado em crise precisa de “agregação e aproximação”. “Não é só o governo que resolve as dificuldades. É preciso que a sociedade entenda e participe”, frisou. Ele exprimiu que “não se pode gastar mais do que se arrecada”, pontuando que, em 48 anos, o Rio Grande do Sul teve apenas 7 em que a receita ficou igual ou superior às despesas. “Essa prática não dá certo em lugar nenhum, seja uma família, empresa, cidade, Estado ou país”, exemplificou, mencionando que a prioridade é a adesão ao regime de recuperação fiscal.

Se reeleito, o candidato do MDB afirmou que seguirá no esforço de redução da máquina pública. “Sem receio e sem medo, vamos continuar a luta pela federalização ou privatização de empresas que o Estado não precisa controlar. Encaminhamos para a Assembleia o projeto ainda em 2016, e nem o plebiscito foi aprovado. Sem o regime, não vai existir equilíbrio fiscal”.

Sartori concordou com seus adversários ao dizer que o Estado não deve ter amarras e burocracia, mas ressalvou que isso leva tempo. “A transformação da estrutura pública não é uma questão de direita ou de esquerda. Ela serve ao futuro e às próximas gerações”.

“Todo mundo fala [da importância de investir] em segurança, saúde e infraestrutura. Todos nós desejamos um Estado eficiente, equilibrado e sustentável. Mas como vamos fazer isso sem as condições mínimas?”, questionou. O governador trouxe à tona que o Estado tem folha de pagamento de 56% de aposentados, enquanto na Brigada Militar o índice chega a quase 70%. “Qual ativo vai sustentar isso”, perguntou novamente.

Aposta na renovação

Para o candidato do Novo, a eleição deste ano é uma das mais definidoras da história do Rio Grande do Sul. “Nunca fomos às urnas com um nível de insatisfação e de indignação tão grande, devido à crise moral e política que vivemos nos últimos anos, com escândalos intermináveis de corrupção”, disse Mateus Bandeira. De acordo com ele, esse sentimento pode levar a dois caminhos: o não voto ou um movimento de renovação.

“O Novo é a única novidade das últimas décadas na política. É um partido formado por pessoas de fora da política, que não acreditam que as soluções possam vir de partidos tradicionais”, afirmou, acrescentando que a agremiação só aceita pessoas com ficha limpa e não utiliza o Fundo Eleitoral. “Aqueles que dizem que saúde, educação e segurança são prioridades estão usando R$ 2,5 bilhões este ano para financiar suas campanhas e seus partidos”, criticou.

Mateus Bandeira recordou sua atuação como diretor do Tesouro do Estado e secretário do Planejamento, com o objetivo de colocar as contas em ordem. Foram os três anos em duas décadas em que o Rio Grande do Sul teve superávit. “Na minha passagem pela administração pública, entreguei resultado em um período de crise com a mesma magnitude que enfrentamos hoje. Com isso, conseguimos investir, principalmente em segurança”.

Para o ex-CEO da consultoria Falconi, os péssimos índices de qualidade da educação comprovam que “não é possível apostar no mesmo sistema”. “O modelo estatal não está dando certo, e nós estamos produzindo analfabetos funcionais”, apontou. Para reverter a realidade, Bandeira expôs que irá introduzir no Rio Grande do Sul dois modelos que deram certo no mundo. O primeiro é o programa de vouchers, que funcionará como o Prouni para o ensino básico. O segundo são as escolas comunitárias, que terão financiamento do Estado, mas contarão com administração privada.

Crédito das fotos: Jefferson Bernardes/Agência Preview

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