Brasil de Ideias: Empreendedoras contam trajetórias e apontam desafios

Três empreendedoras de sucesso compartilharam suas trajetórias e falaram sobre a força da mulher em uma edição especial do Brasil de Ideias, nesta quarta-feira (3). Promovido pela Revista VOTO, o evento reuniu Aline Eggers (Fruki), Priscila Pereira (Instituto Millenium) e Michèle Cohonner (FM Logistic) para um painel de debates no Sheraton Hotel Porto Alegre. O encontro contou com a presença de líderes empresariais, políticos e formadores de opinião.

Diretora administrativa de uma das principais empresas de bebida do Sul do país, Aline Eggers contou sua trajetória profissional, destacando o desafio de estar à frente dos negócios da família. Questionada pelo público, ela respondeu que nunca sofreu preconceito no ambiente de trabalho por ser mulher. “Eu tenho prazer pelo que faço e acredito que esse seja o segredo da dedicação. Quis ser mãe e amo ser mãe. Quis ser empresária e amo ser empresária. E está tudo certo. Faço muita coisa e decidi ser 70% em tudo”, disse a executiva da Fruki.

Radicada no Brasil há seis anos, a francesa Michèle Cohonner já trabalhou na Rússia, Bélgica, Hungria e Itália. Hoje preside a operação brasileira da FM Logistic, empresa de transporte e logística que opera em 14 países. “Faz 25 anos que ingressei no setor e me apaixonei. Era a única mulher nesse segmento. Confesso que nunca pensei que o fato de ser mulher me impediria de chegar aonde cheguei”, afirmou. Em um cenário mundial de busca feminina por mais espaço em postos de liderança, ela motivou: “Nosso papel como mulher é dar chance para outras mulheres”.

Cientista política com experiência profissional internacional, Priscila Pereira é CEO do Instituto Millenium e trabalha para qualificar o terceiro setor. Para ela, falar sobre a força da mulher não é uma discussão de gênero, mas de preparo e capacidade. “Muitas vezes, nos sentimos acuadas por ganhar dinheiro, por ser a provedora da família, por ter um cargo mais alto que o parceiro. É a cultura da vergonha. Não se pode ter vergonha de ser protagonista”, defende.

A mulher na política

Indagadas sobre a necessidade de leis para aumentar a representação das mulheres na política, as palestrantes foram unânimes contra a medida. “A gente precisa se envolver com as causas. Concorra a uma eleição, abra uma empresa, faça a diferença. Estado nenhum criará uma legislação milagrosa para abrir os olhos da sociedade. A mulher precisa fazer pela mulher”, frisou Priscila Pereira.

Aline Eggers salientou a participação feminina é dificultada por suas responsabilidades, como cuidar da família e da casa. “Estamos em muitas frentes. No passado, tínhamos ainda menos espaço, mas acredito que chegaremos lá”, apontou, acrescentando que, para isso, é preciso fazer uma série de renúncias.

Questionadas se há algum sentimento de medo em relação a ser mulher, todas disseram que sentem o contrário: orgulho. “A relação de homens e mulheres equilibram potencialidades, relações e resultados no trabalho”, defendeu Michele. Detalhando a realidade na França, disse que as pessoas devem fazer por si, e não esperar pelo Estado em busca de soluções.

Secretária de Justiça do RS, Maria Helena Sartori falou do desafio para ser ouvida. “A principal luta é vencer um preconceito que nós mulheres temos de não acreditar nas mulheres na política. Precisamos ter mais percepção de tudo que pode ser feito através da boa política. As cotas partidárias não garantem eleição. É preciso acreditar e votar”, propôs.

Para a presidente da ONG Parceiros Voluntário, Maria Helena Johannpeter, o debate sobre a necessidade de mais protagonismo para as mulheres não está superado. “Falamos em nome de 51% da população. Falamos em nome daquelas que não têm voz para se fazer ouvir. Isso é empoderamento de verdade”, defendeu.

Para a diretora executiva da VOTO, Karim Miskulin, a discussão cumpre o objetivo de inspirar e fortalecer líderes femininas. Também comentou que há chances em qualquer lugar para quem tem perseverança, trabalha e apresenta resultado. “Não há um espaço para homens e outro para mulheres. Há espaço para quem faz bem feito”, disse.

Crédito da fotos: Vini Dalla Rosa

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