Clima tenso na fronteira com Venezuela não suspende missão humanitária

O porta-voz da presidência, Rêgo Barros, disse nesta sexta-feira (22) que já há 200 toneladas de alimentos e kits de primeiros socorros em Roraima. Os itens aguardam a chegada de caminhões venezuelanos para abastecimento.

Segundo ele, veículos abastecidos que não conseguirem deixar o Brasil e ingressar na Venezuela poderão retornar para Boa Vista e aguardar nova tentativa para o ingresso.

O dia começou tenso e com confrontos entre militares e manifestantes na fronteira do Brasil com a Venezuela, que foi fechada por ordem do presidente venezuelano, Nicolás Maduro. De acordo com parlamentares, duas pessoas morreram e 15 ficaram feridas. Pelo menos sete venezuelanos baleados foram conduzidos para hospitais em Boa Vista, Roraima. As vítimas são indígenas, segundo parlamentares e organizações não governamentais.

Sem fazer relação direta com a tensão e registro de mortes do lado venezuelano da fronteira por parte das forças de Nicolás Maduro, o porta-voz disse que o cronograma está mantido para o início da ajuda humanitária neste sábado e se estendendo pelos próximos dias, sem data final. Rêgo Barros, ressaltou que o limite de ação da iniciativa é a faixa da fronteira.

“Da parte do governo brasileiro, diante da nossa soberania, o limite de ação é a faixa de fronteira. Os fatos, os eventos, as ações desencadeadas além da nossa borda de fronteira são, naturalmente, de responsabilidade do governo venezuelano”, destacou Barros.

Segundo o porta-voz, a ajuda disponibilizada ficará em Boa Vista e Pacaraima, em Roraima, e deverá ser buscada por venezuelanos. Barros afirmou que tantos os alimentos, que não são perecíveis, quanto os medicamentos, que têm longo prazo de validade, podem ser armazenados por bastante tempo.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou o fechamento da fronteira do país com o Brasil após reunião com comandantes das Forças Armadas, leais ao regime. “A fronteira com o Brasil está fechada até novo aviso”, afirmou Maduro em pronunciamento na televisão, citado por agências de notícias.

O presidente havia anunciado que a medida entraria em vigor a partir das 21h (horário de Brasília) ontem. Contudo, segundo o governador de Roraima, Antonio Denarium (PSL), a fronteira terrestre foi fechada cerca de seis horas antes, às 15h. “Já fechou”, disse ele.

O fechamento ocorre dois dias após o governo brasileiro ter atendido a um apelo do autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, e anunciado o envio de ajuda humanitária ao país vizinho.

Remédios e mantimentos estão sendo armazenados em Roraima, na fronteira entre os dois países, enquanto aguardam envio à Venezuela. Maduro se nega a recebê-los, alegando que as doações são parte de um “show” com objetivo de invadir o país militarmente e tirá-lo do poder.

Pelo mesmo motivo, o venezuelano disse estar considerando fechar também a fronteira com a Colômbia, diante do que chamou de “provocação e agressões” do governo de Iván Duque, que apoiou e deu suporte à iniciativa dos Estados Unidos de enviar ajuda humanitária à Venezuela.

“Em 2015, tomei a decisão de fechar a fronteira com a Colômbia de maneira temporária. Não quero ter que tomar uma decisão dessas características, mas estou avaliando um fechamento total da fronteira. Um homem prevenido vale por dois”, disse Maduro.

“Quero que seja uma fronteira dinâmica e aberta, mas sem provocações, sem agressões, porque sou obrigado, como chefe de Estado, chefe de governo e comandante das Forças Armadas, a garantir a tranquilidade e a paz”, completou.

Ele disse ainda ter informações confiáveis de que soldados na Colômbia se recusaram a realizar ataques contra a Venezuela. “Os militares colombianos se negaram a ajudar uma agressão contra sua irmã Venezuela. Militares da Colômbia: honra máxima”, afirmou.

Enviadas pelos Estados Unidos, toneladas de ajuda humanitária destinadas a venezuelanos estão paradas na cidade colombiana de Cúcuta. A entrada desses itens na Venezuela também foi bloqueada por Caracas.

Guaidó, no entanto, prometeu que esses mantimentos chegarão ao país no sábado, apesar dos bloqueios montados pelo regime chavista.

Mourão vai à Colômbia discutir crise

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, irá para Colômbia na próxima segunda-feira (25) representar o Brasil no Grupo de Lima (que reúne 14 países), em um encontro em Bogotá, comandado pelo presidente colombiano, Iván Duque, e no qual estará presente também o vice-presidente norte-americano, Mike Pence.

Mourão confirmou sua presença na reunião em mensagem postada na conta pessoal no Twitter. Segundo ele, foi designado pelo presidente Jair Bolsonaro para participar da reunião em Bogotá, capital da Colômbia. O porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, confirmou que o ministro das Relações Exteriores, Eenesto Araújo, participará do encontro no dia 25.

“Por determinação do presidente @jairbolsonaro estarei na segunda-feira, 25, em Bogotá, na Colômbia, para representar o Brasil na reunião do Grupo de Lima. Discutiremos os desdobramentos da crise na Venezuela, que fechou sua fronteira hoje com nosso país.”

A reunião ocorre poucos dias depois de o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciar o fechamento da fronteira com o Brasil, previsto para ocorrer na noite de hoje (21).

Com a fronteira fechada, aumenta a dificuldade para o repasse de ajuda humanitária, organizada pelo Brasil, que instalou duas centrais de distribuição em Boa Vista e Pacaraima, em Roraima. No entanto, o governador de Roraima, Antonio Denarium, afirmou hoje à Agência Brasil, que busca alternativas para garantir que medicamentos e alimentos cheguem aos venezuelanos.

A crise humanitária e o agravamento da situação política e econômica na Venezuela levaram o Brasil e 11 dos 14 países que integram o Grupo de Lima a reconhecer como presidente interino, Juan Guaidó, considerado o governante legítimo.

Fonte: Deutsche Welle-Brasil/ABr

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