Economistas de presidenciáveis discutem propostas em evento da VOTO

O equilíbrio fiscal do Brasil esteve em pauta em um debate entre gurus econômicos de três presidenciáveis. Persio Arida (Geraldo Alckmin/PSDB), Gustavo Franco (João Amoêdo/NOVO) e Mauro Benevides Filho (Ciro Gomes/PDT) falaram para 250 executivos durante a Confraria de Economia, em São Paulo, com a curadoria da Revista VOTO. Mediados pelo diretor do BRICLab da Universidade Columbia, Marcos Troyjo, o evento foi uma parceria com o Experience Club – uma das principais plataformas nacionais de networking coorporativo.

Ex-presidente do Banco Central e um dos pais do Plano Real, Persio Arida apontou que o país precisa abrir sua economia, consolidando acordos comerciais com quem interessa, como a Comunidade Europeia e a Aliança do Pacífico. Também defendeu que o Estado precisa se voltar menos para si e mais para sociedade. Segundo ele, o próximo governo deve aproveitar o início do mandato para fazer reformas necessárias, como a tributária. “Não dá para diminuir a carga de impostos, mas dá para deixá-la melhor. Não podemos vender ilusões”, resumiu o coordenador econômico do plano de governo de Alckmin.

 

Mauro Benevides Filho, ex-secretário da Fazenda do Ceará, ressaltou a necessidade de medidas de ajuste fiscal. Citou a revisão da carga tributária, o acompanhamento da despesa e o controle da Previdência como algumas das ações necessárias. Também defendeu alocar mais recursos para investimento. “Vivemos o menor nível da história. Isso representa diminuição do PIB, amarrando o desenvolvimento”, enfatizou. O economista de Ciro Gomes destacou ainda a necessidade de indicadores e metas no serviço público, a exemplo das práticas adotadas no mundo corporativo.

 

Para Gustavo Franco, do Partido Novo, a maior esperança do país é o setor empresarial, enquanto sua maior frustração é ver o serviço público da forma como está. “Parece que aqui quem gera emprego é menor do que o outro lado”, afirmou o também ex-presidente do Banco Central e formulador do Real. Ele defendeu a privatização de grande parte das 150 estatais da União, inclusive do Banco do Brasil. E concluiu: “Não há necessidade de estruturas pertencentes ao governo para efetivação de políticas públicas assertivas”.

 

Aproximação entre setores público e privado

Publisher da Revista VOTO, Karim Miskulin avaliou a programação como uma oportunidade para reflexão antes do período eleitoral. “O Brasil vive uma profunda crise econômica e de legitimidade. É vital que se encontrem soluções capazes de mudar o cenário”, disse. Para ela, é imprescindível que a iniciativa privada se aproxime do setor público, pois só o amadurecimento dessa relação pode fazer a nação se desenvolver.

Na avaliação do CEO da Experience Club, Ricardo Natale, o evento auxiliou líderes empresariais e gestores governamentais a encontrarem consensos para o futuro. “Ouvimos e aprendemos muito a partir desse debate. Foi um encontro clareador e engrandecedor”, sintetizou.

Em painel que antecedeu a discussão do quadro de economistas, o ex-ministro das Finanças do Chile (2006-2010) Andrés Velasco falou sobre macroeconomia internacional e seus reflexos na América Latina. Apresentou números que mostram a estagnação do Brasil nos últimos dez anos em quadros de exportação e ganhos de novos mercados. Para Velasco, os índices dialogam com a crise de legitimidade política: apenas 7% dos brasileiros acreditam no Congresso e somente 11%, no governo. “É o maior grau de descontentamento entre os países latinos”, sintetizou.

 

 

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