Marcos Troyjo: “Com o Acordo Mercosul-UE, o comércio exterior fica mais importante para o Brasil”

Após duas décadas de negociações, acordo histórico foi firmado na sexta-feira (28) em Bruxelas

O secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, disse, na sexta-feira (28), durante o anúncio do acordo histórico entre Mercosul e União Europeia, em Bruxelas (Bélgica), que o Brasil finalmente está prestes a entrar no jogo da economia internacional do século XXI. De acordo com Troyjo, o comércio exterior ganha importância com o acordo assinado após duas décadas de negociação.

“O Brasil, dentre as 15 maiores economias do mundo, é a que tem menor fatia do PIB representada pelo comércio exterior. Um dos efeitos que esperamos agora é um aumento significativo da corrente de comércio brasileira”, afirmou Troyjo na entrevista coletiva realizada após o anúncio feito pela delegação negociadora brasileira, com a presença dos ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araujo, e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina.

O acordo mais amplo e de maior complexidade já negociado pelo Mercosul cobre temas tanto tarifários quanto de natureza regulatória, como serviços, compras governamentais, facilitação de comércio, barreiras técnicas, medidas sanitárias e fitossanitárias e propriedade intelectual.

Troyjo disse, também, que iniciativas como o acordo Mercosul-UE, além de toda a dinâmica existente para acessão do Brasil à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), permitem que o país se prepare melhor para o futuro.

“Os exemplos que vemos no mundo mostram que os acordos comerciais servem como uma espécie de acelerador do grau de institucionalização e modernização das economias, também do ponto de vista das regras internas”, ressaltou.

“Não existe um único caso de milagre econômico nos últimos 50 anos em que o comércio exterior, com uma alta corrente de comércio, e um alto percentual de exportações e importações relacionadas ao PIB, não esteja presente”, declarou, citando como exemplo os milagres econômicos do período pós guerra, o crescimento econômico da China e do Chile nos anos 1970, e de países do Sudeste Asiático.

O que é o Acordo Mercosul-UE

O Acordo de Livre-Comércio Mercosul-UE inaugura a nova política comercial do Brasil, segundo a qual o governo promove maior interdependência entre importações, exportações e investimentos diretos com vistas a dar maior dinamismo às empresas e maior bem-estar às famílias brasileiras.

O Acordo entrará em vigor gradualmente. A primeira fase, que deve durar alguns meses, será uma profunda revisão jurídica; a segunda, que deve levar aproximadamente dois anos, é a discussão nos parlamentos dos quatro países do Mercosul e no Parlamento Europeu, até sua aprovação final. Uma vez aprovado o acordo, sua implementação será feita produto a produto, de acordo com cronogramas específicos que foram negociados entre as partes.

O acordo é um marco histórico no relacionamento entre o Mercosul e a União Europeia, que representam, juntos, cerca de 25% do PIB mundial e um mercado de 780 milhões de pessoas. Em momento de tensões e incertezas no comércio internacional, a conclusão do acordo ressalta o compromisso dos dois blocos com a abertura econômica e o fortalecimento das condições de competitividade. Ele reconhecerá como distintivos do Brasil vários produtos, como cachaças, queijos, vinhos e cafés. Além disso, garantirá acesso efetivo em diversos segmentos de serviços, como comunicação, construção, distribuição, turismo, transportes e serviços profissionais e financeiros.

Segundo estimativas do Ministério da Economia, o acordo Mercosul-UE representará um incremento do PIB brasileiro de US$ 87,5 bilhões em 15 anos, podendo chegar a US$ 125 bilhões se consideradas a redução das barreiras não-tarifárias e o incremento esperado na produtividade total dos fatores de produção. O aumento de investimentos no Brasil, no mesmo período, será da ordem de US$ 113 bilhões. Com relação ao comércio bilateral, as exportações brasileiras para a UE apresentarão quase US$ 100 bilhões de ganhos até 2035.

A UE é o segundo parceiro comercial do Mercosul e o primeiro em matéria de investimentos. O Mercosul é o oitavo principal parceiro comercial extrarregional da UE. A corrente de comércio birregional foi de mais de US$ 90 bilhões em 2018. Em 2017, o estoque de investimentos da UE no bloco sul-americano somava cerca de US$ 433 bilhões. O Brasil registrou, em 2018, comércio de US$ 76 bilhões com a UE e superávit de US$ 7 bilhões. O Brasil exportou mais de US$ 42 bilhões, aproximadamente 18% do total exportado pelo país. O Brasil destaca-se como o maior destino do investimento externo direto (IED) dos países da UE na América Latina, com quase metade do estoque de investimentos na região. O Brasil é o quarto maior destino de IED da UE, que se distribui em setores de alto valor estratégico.

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Fonte: Ministério da Economia

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