Mercado seguro para desbravar

Pesquisas confirmam: o brasileiro reconhece que é importante ter seguros. Realidade: menos de 30% da população tem alguma modalidade contratada. Em razão disso, há um vasto mercado para ser desbravado no país. Para isso, as seguradoras oferecem um portfólio completo de produtos, com valores acessíveis para os diferentes tamanhos de orçamento, um conjunto de coberturas eficientes e corretores treinados. Além disso, há canais de distribuição em bancos, varejo e telemarketing.

Um número que mostra o potencial deste mercado é a comparação em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). A participação do segmento chega a 6,5% do PIB – em mensalidades foram arrecadados mais de R$ 424 bilhões em 2017. Na França, na Alemanha e no Japão a proporção nessa comparação varia entre 9% e 11%.

Além da geração de riqueza para o país, o impacto social é outro fator relevante. Os seguros auxiliam na formação de poupança interna, na geração de empregos, no retorno à sociedade (por meio de indenizações, benefícios e resgates) e também na arrecadação de impostos.

Parte da resistência em ter seguros presente no dia a dia pode estar relacionada ao fato de que o consumidor coloca na cabeça que está pagando por um serviço que não quer utilizar – que seria a ocorrência de um acidente, por exemplo. Mas as modalidades de seguro vão muito além disso, como a previdência privada – uma garantia de renda, ou renda complementar, na aposentadoria.

Outro entrave é que quando se fala em seguro, o primeiro produto que vem à mente é o de automóvel, que é relativamente elevado, dado o valor do bem e a exposição diária a riscos de roubo e furto – cada vez mais altos no país – e também à probabilidade de acidentes de trânsito.

“O brasileiro tem de tratar o seguro como investimento, fazendo disso uma peça complementar à uma propriedade, como um veículo ou residência”, explica Alfredo Meneghetti Neto, professor de Análise de Cenários Econômicos da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

O que muitas pessoas ainda desconhecem é que há seguros no mercado para atender a população em geral e também alguns nichos específicos, e ambos são concebidos para o bolso de cada consumidor. Um seguro residencial, por exemplo, tem um custo bem menor quando comparado ao do automóvel. O valor final, contudo, depende do tamanho do risco coberto e das coberturas que podem compor o produto, o que torna possível ofertas acessíveis. Há também a possibilidade de serviços agregados à apólice, como chaveiro e conserto de eletrodomésticos e hidráulicos, no caso de seguro residencial.

Baixa tendência a poupar

Apesar do leque de opções, parte dos brasileiros desconhece os benefícios do seguro e as diferentes coberturas que podem ser contratadas. Ainda mais que a necessidade de proteção é grande no país em razão de insegurança nas ruas, um sistema de saúde público muito concorrido e uma previdência social com déficits acumulados. Atualmente, seguro saúde é o que está vendendo mais no país. Previdência privada – por meio dos planos PGBL e VGBL – seguem um caminho consolidado.

“O cidadão precisa entender que, com a insegurança, ele precisa investir em segurança”, acrescenta o professor.

Conforme Meneghetti, a renda média no país deve crescer 1,5% em 2018, o que pode repercutir também na contratação de seguros. No geral, o segmento tem potencial para crescer a uma taxa superior ao avanço do PIB brasileiro. Pesquisa do Datafolha, realizada no ano passado, confirmou que o brasileiro tem baixa tendência a poupar. O levantamento mostrou que 65% das famílias não têm o hábito de fazer reservas financeiras – comportamento identificado inclusive entre os mais ricos. A constatação ajuda a entender a situação da maior parte das famílias em períodos de crise econômica com o desemprego e a falta de reservas. Os seguros são ferramentas interessantes também para a educação financeira, mostrando a importância de se ter uma salvaguarda econômica frente a sinistros ou mesmos momentos de crise. Nacionalmente, a Confederação Nacional das Empresas de Seguros (CNseg) faz a Campanha Educação em Seguro. Pode ser acessada pela web e também é ouvida no programa “Sintonizado no Seguro”, veiculado em rede de rádio e emissoras de Rio e São Paulo. As notícias e entrevistas ficam disponíveis no site da CNseg.

A proposta da campanha é reverter outro aspecto da cultura do brasileiro, de não ser tão previdente quanto os europeus, por exemplo. O enfrentamento de guerras e destruições ao longo dos séculos talvez ajude explicar a busca por proteção entre os habitantes do Velho Continente. Mas nem sempre foi assim, tanto que o ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill dizia que “se pudesse, escreveria a palavra seguro na porta de cada casa, tão convencido estou de que, mediante um módico desembolso, um seguro pode livrar famílias de catástrofes irreparáveis”.

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