As razões que levaram José Serra a deixar o Itamaraty

O ministro das Relações Exteriores, José Serra, pediu demissão do cargo, na noite desta quarta-feira (22), por problemas de saúde. Segundo a sua carta de demissão, ele alega não conseguir mais acompanhar as viagens internacionais e as dificuldades dos dia a dia de trabalho.

O chanceler informou que está passando por tratamentos médicos que o impedem de fazer as viagens internacionais necessárias para o cargo. No documento, Serra diz estar triste com a decisão e promete trabalhar em prol do governo ao reassumir seu mandato de senador por São Paulo. De acordo com ele, o período de recuperação é de pelo menos quatro meses.

A demissão de José Serra do Ministério de Relações Exteriores não foi motivada apenas por problemas de saúde. Com depressão, o tucano estava infeliz no cargo, que é muito distante da Fazenda com que sonhou e temia entrar num bolo comum dos ministros e parlamentares da base aliada citados na Lava Jato, diz a colunista Eliane Cantanhêde.

“Pelo menos desde o final do ano passado, amigos e correligionários do ministro vinham demonstrando preocupação com o desânimo dele no cargo. Considerado muito atuante no Ministério do Planejamento e brilhante no Ministério da Saúde, ambos no governo do amigo Fernando Henrique, Serra dava sinais desconforto no Itamaraty. Sua agenda era vazia, vários dias seguidos resumida a despachos com o secretário geral, embaixador Marcos Galvão.

Mesmo na viagem do presidente Maurício Macris, um importante ponto para a aproximação dos dois governos, do Brasil e da Argentina, o chanceler brasileiro parecia distante, distraído. Entre os diplomatas, havia constrangimento. No Planalto, preocupação. Na bancada do PSDB na Câmara e no Senado, expectativa. Antes de assumir o Itamaraty, ele foi o senador a aprovar o maior número e os mais importantes projetos no Congresso. Um exemplo foi a flexibilização das regras de exploração do Pré-Sal.

Serra – que foi o primeiro grão tucano a aderir à tese do impeachment de Dilma Rousseff e da posse de Temer – volta agora ao Senado numa dobradinha com o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, de quem se reaproximou diante do crescimento político do governador de São Paulo, o também tucano Geraldo Alckmin.”

 

Leia a íntegra da carta de demissão do ministro José Serra:

“Senhor presidente,

Pela presente, venho solicitar minha exoneração do cargo de Ministro de Estado das Relações Exteriores.

Faço-o com tristeza mas em razão de problemas de saúde que são do conhecimento de Vossa Excelência, os quais me impedem de manter o ritmo de viagens internacionais inerentes à função de Chanceler. Isto sem mencionar as dificuldades para o trabalho do dia a dia. Segundo os médicos, o tempo para restabelecimento adequado é de pelo menos quatro meses.

Para mim, foi motivo de orgulho integrar sua equipe. No Congresso, honrarei o meu mandato de senador trabalhando pela aprovação de projetos que visem à recuperação da economia, ao desenvolvimento social e à consolidação democrática no Brasil.

Respeitosamente, José Serra”

Foto: Arquivo/Agência Brasil

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