MORTE DE INOCENTES NÃO PODE VIRAR PALANQUE ELEITORAL, DEFENDE WITZEL

“Sou pai de uma menina de nove anos. Não consigo imaginar a dor dos familiares de Ágatha”, afirmou o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, ao abrir a coletiva de imprensa sobre a fatalidade que comoveu o país. Ágatha Vitória Sales Felix, de oito anos, foi baleada nas costas quando voltava da escola dentro de uma kombi, no Complexo do Alemão, na última sexta (20). Witzel atendeu jornalistas na tarde desta segunda-feira (23) ao lado dos comandos das polícias Militar e Civil, e garantiu rigor e independência nas investigações.

“Não podemos permitir que partidos de oposição, que hoje estão com discursos esvaziados, venham utilizar a morte de inocentes como palanque político. Não podemos permitir a criminalização da polícia e a interferência que prejudica a tramitação do pacote Anticrime no Congresso”, defendeu o governador. Witzel também afirmou ter conversado com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, durante todo o final de semana. “Na quarta irei a Brasília para uma reunião com o ministro Moro sobre a possibilidade de um trabalho integrado entre a nossa polícia civil e a Polícia Federal”, informou.

Durante a entrevista, o governador apresentou dados que comprovam a redução de homicídios em mais de 20% no Rio (800 mortes a menos), após ter decidido dar autonomia às forças estaduais de Segurança, que se reportam diretamente ao chefe do Executivo, sem intermediários. “Narcoterroristas atuam nas comunidades, usam a população de escudo, atiram na polícia. Se eles não forem contidos, teremos um cenário de barbárie. Estamos vencendo essas barreiras porque as polícias estão trabalhando com todas as suas habilidades”, destacou Witzel.

Ao final da coletiva, o governador anunciou a criação de um criterioso programa de Segurança, que deve ser apresentado nos próximos dias, incluindo novas medidas de combate ao crime organizado e de controle penitenciário. Witzel também citou o trabalho da Secretaria de Vitimização, criada para dar suporte psicológico e jurídico a familiares. “Estamos no caminho certo. Confio nas nossas polícias. Todos os casos que chegam à Delegacia de Homicídios são investigados com independência, não há envolvimento político”, concluiu.

MORO E MAIA SE MANIFESTAM

O ministro da Justiça, Sérgio Moro, também se manifestou nesta segunda sobre o caso. Para Moro, não se pode tirar conclusões antes do fim da investigação. “Foi um evento infeliz e tudo está sendo apurado. Não há relação entre este fato e o excludente de ilicitude, em estudo no pacote Anticrime no Congresso Nacional”, explicou. O excludente isentaria policiais de punições em caso de mortes em confrontos, levando em consideração o princípio da legítima defesa.

Já o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, defendeu uma avaliação mais minuciosa a respeito do tema. “É polêmico, precisa ter cuidado. Não acredito que o excludente de ilicitude seja aprovado pelo Congresso. O projeto Anticrime entra na pauta ainda em outubro”, garantiu o parlamentar.

Foto: Tânia Rego

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