Mulheres de Poder: Lisiane Lemos

Jovem, competente, bem empregada e com alto poder de liderança. Infelizmente, Lisiane Lemos é uma exceção. A executiva de 27 anos tanto sabe disso que não se conforma e atua para que mais mulheres negras, assim como outras minorias, tenham presença e voz na sociedade. No I Fórum VOTO A Mulher e o Poder, ela expôs os motivos e as primeiras conquistas dessa cruzada pela igualdade de participação e oportunidades.

A gaúcha, formada em Direito pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) em 2012, tem chamado atenção para a causa, e vem sendo por seu ativismo reconhecida. Em março deste ano, foi incluída na lista da Forbes Brasil dos 91 destaques brasileiros abaixo dos 30 anos. É referência em um ciclo da economia em que o comportamento colaborativo, mais do que opção, é imposição. Há quatro anos na Microsoft, em São Paulo, Lisiane Lemos ajuda a transformar a cultura da empresa:

“Diversidade e inclusão é um foco estratégico para nós.”

Na gigante de software, ela casa a carreira com a militância pela igualdade racial. Participa do Blacks at Microsoft no Brasil, política da companhia pela inclusão de pessoas negras na empresa, que promove a tecnologia como instrumento de ascensão social. A Microsoft decidiu adotar formalmente a diversidade em 2015, ao defender uma nova mentalidade de negócios, que leva em conta a inclusão e o respeito às minorias. O passo seguinte foi estimular a diversidade nas equipes de trabalho profissionais, conta Lisiane: “Os programas foram pensados em envolver pessoas de diferentes matizes.”
Se não faltassem justificativas humanitárias, uma das razões no mundo dos negócios é a necessidade estratégica de haver identificação do cliente com o produto.

A empresa estendeu os critérios de recrutamento, de modo a abranger o maior número possível de candidatos. “Deixamos de procurar em algumas poucas universidades, em um perfil social e em uma só raça”, comenta a executiva.

Entre os primeiros frutos da política inclusiva, estão hackatons (maratonas de programação entre hackers) organizados pela empresa: resultaram em um app sobre o mapa da violência contra mulheres, e outro sobre combate à homofobia.

Lisiane é uma das fundadoras e diretora da Rede de Profissionais Negros, coletivo que conecta profissionais negros, empresas com políticas de diversidade e movimentos sociais. A ideia é ir além do sistema de cotas no Ensino Superior por meio da conexão entre empresas que adotam práticas de inclusão desconhecidas dos recém-formados.

“A rede é feita para desconstruir essas barreiras. Desde o profissional negro que entende que aquela empresa não vai recepcioná-lo, que não está preparado ou que não é mercado para ele. Mas também desconstruir o argumento da empresa de que não existem profissionais negros no mercado. Porque eles existem e estão por aí, prontos para assumir cargos de liderança”, explica.

Ela também é uma das líderes do Mulheres do Brasil, organização da sociedade civil fundada pela empresária Luiza Trajano, proprietária do Magazine Luiza. Participou da criação do Comitê de Igualdade Racial do grupo.

Lisiane vê o reconhecimento como um combustível.

“É um sinal de que eu estou indo no caminho certo, que você consegue ser um profissional competente sem perder o propósito e sem se desapegar das coisas em que você acredita. E eu acredito num mundo mais igual.”

Foto: Gustavo Roth

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