2018 em 18 fatos

Este foi mais um ano intenso. No Brasil, 2018 foi marcado pela eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República, consolidando um movimento conservador, mas também de renovação. Uma onda que foi sentida por aqui e em várias partes do mundo.

Este ano a lei falou mais alto. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e expoentes da República foram presos, e a justiça seguirá em foco com a nomeação de Sergio Moro para o Ministério.

Também foi o ano da reação à insegurança. De uma greve que parou o país. De um crime bárbaro que calou uma voz ascendente. Da esperança pela paz no Oriente. Quando o mundo vibrou com a Copa e se emocionou com o resgate dos garotos da Tailândia. E a etapa da nossa história que o fogo consumiu a memória nacional e as águas ceifaram vidas.

Confira os 18 fatos que marcaram 2018 — alguns deles, com efeitos significativos para os anos que virão.

24/01 – FEZ-SE A JUSTIÇA

O Brasil parou para acompanhar o histórico julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em Porto Alegre, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região mostrou que ninguém estava acima da lei – nem mesmo um dos principais líderes políticos da história do país. O petista foi condenado, por três votos a zero, a 12 anos de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso do tríplex no Guarujá.

16/02 – NOVA FRENTE CONTRA O CRIME

Decretada no final de 2017, a intervenção militar na segurança pública do Rio de Janeiro trouxe um novo paradigma para o enfrentamento da criminalidade. O estado, especialmente em sua capital, vinha de uma escalada na violência, potencializada pela grave crise nas finanças públicas. Ao mesmo tempo, o governo de Michel Temer criou o Ministério da Segurança Pública, trazendo foco inédito ao tema. A medida, que provocou intensos debates, tem surtido efeito. As estatísticas mostram redução do número de homicídios dolosos, latrocínios e roubos de carga, por exemplo.

14/03 – QUEM MATOU MARIELLE?

Em uma das últimas noites do verão carioca, um crime bárbaro chocou o país: a execução da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, fuzilados por uma dezena de disparos. A morte da jovem, nome ascendente na política e reconhecida pela atuação em direitos humanos, teve repercussão internacional. Passados vários meses, ainda não se sabe quem ordenou o assassinato. As suspeitas pairam sobre um chamado “Escritório do Crime”, ligado a milicianos. Em novembro, a Polícia Federal passou a investigar uma suposta rede que estaria impedindo a elucidação do caso.

07/04 – UM PRESIDENTE NA CADEIA

Após o julgamento de habeas corpus pelo Supremo Tribunal Federal, o fim da linha chegou para o ex-presidente Lula. O juiz Sergio Moro decretou sua prisão, ação que deixou o Brasil suspenso por dois dias. Encastelado no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo/SP, o petista estendeu o quanto pôde o cumprimento da ordem judicial. Após um comício, com frases largamente exploradas na campanha eleitoral, Lula enfim se entregou à Polícia Federal, passando ao regime fechado em Curitiba. Apesar de apelos até a ONU, ele segue preso.

18/04 – NICARÁGUA EM CHAMAS

A revolta popular contra a proposta de reforma da seguridade social na Nicarágua foi o estopim para uma grave crise que consumiu centenas de vidas. A repressão promovida pelo governo do bolivariano Daniel Ortega e a participação de grupos paramilitares causaram a morte de até 500 pessoas, segundo organizações de direitos humanos. Torturas, detenções arbitrárias, sequestros e ataques à imprensa foram outras agressões que levam o país da América Central ao caos. Alinhado ao venezuelano Nicolás Maduro, Ortega culpa os Estados Unidos e o “imperialismo” pelo turbilhão.

27/04 – UMA CHANCE PARA A PAZ

Depois de longos períodos de tensão, finalmente surgem perspectivas de paz na península das Coreias. No dia 27 de abril, o presidente do Sul, Moon Jae-In, teve um encontro histórico com o ditador do Norte, Kim Jong-Un, na fronteira entre os dois países. Em setembro, Moon fez uma visita de três dias ao regime comunista. Os mandatários avançaram em esforços pela desnuclearização da região, além do reencontro de famílias separadas pela guerra. Nos discursos oficiais, a esperança de que as nações encerrem as hostilidades e voltem a ser uma só Coreia.

08/05 – OUTRA VEZ O FMI

De novo, a sigla FMI tomou as manchetes da Argentina. O presidente Maurício Macri teve de recorrer ao órgão internacional para estancar o déficit financeiro, recebendo um empréstimo de US$ 50 bilhões. Abalada pela desvalorização do peso, que perdeu 50% frente ao dólar, a economia em má fase trouxe de volta o pesadelo de 2001, quando o país sofreu uma grave crise que derrubou líderes da Casa Rosada em sequência. Para enfrentar a situação, Macri se esforça em ajustes fiscais para conter a inflação e cortar bilhões em gastos públicos.

21/05 – A GREVE QUE PAROU O PAÍS

Em maio, o Brasil foi paralisado por conta da massiva greve dos caminhoneiros. Bloqueando estradas em todo o país, a categoria protestava contra sucessivos reajustes no óleo diesel, entre outras reivindicações. Houve desabastecimento de combustível e alimentos. Empresas e indústrias pararam. Ônibus e aviões deixaram de circular. Até hospitais interromperam procedimentos por falta de produtos. A situação foi controlada depois de uma semana, mas o episódio mostrou como o Brasil pode ser facilmente levado à beira do caos.

12/06 – UM ENCONTRO HISTÓRICO

Poucos esperavam um encontro de tal magnitude. Depois de uma série de provocações que levaram o mundo a temer um confronto nuclear, o presidente americano, Donald Trump, e o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-Un, participaram de uma cúpula histórica em Singapura. Ao longo de cinco horas, os dois mandatários comprometeram-se em unir esforços em busca da paz, além de trabalhar pela desnuclearização do regime comunista. A reunião foi uma grande vitória política de Trump, cuja atuação teve papel essencial para fazer a ditadura de Kim começar a se abrir para o globo.

17/06 – AMÉRICA DOBRA À DIREITA

Os fracassos de recentes governos de esquerda na América Latina, especialmente a tragédia na Venezuela, fizeram a região iniciar um movimento à direita. Além de Sebastián Piñera no Chile, em 2017, e de Jair Bolsonaro no Brasil, em outubro, outros países também rumaram nesse sentido em 2018. Na Colômbia, o conservador Iván Duque conquistou a Casa de Nariño. Crítico do acordo de paz com as FARC, prometeu uma unificação nacional e a recuperação da economia. Já no Paraguai, o Partido Colorado (centro-direita) manteve seu domínio no país, elegendo o empresário Mario Abdo Benítez.

10/07 – OS JAVALIS NA CAVERNA

Enquanto a bola rolava na Copa do Mundo, o planeta prendia a respiração para acompanhar o dramático resgate de 12 meninos e do técnico do time de futebol “Javalis Selvagens”, presos em uma caverna no norte da Tailândia. O grupo ficou ilhado em uma área de difícil acesso, a 4 km da entrada do local, inundado pelas fortes chuvas das monções. Depois de duas semanas, eles foram retirados das profundezas da caverna Tham Luang Nang Non, em uma operação que durou três dias e envolveu centenas de militares e especialistas de diversos países.

15/07 – ALLEZ LES BLEUS

Vinte anos depois, a França voltou a reinar nos gramados. Embalados pelos craques Mbappé, Pogba e Griezmann, os Bleus venceram sua segunda Copa do Mundo, que em 2018 foi disputada pela primeira vez na Rússia. Na final, venceram com facilidade a sensação Croácia, que deixou para trás a dona da casa e a tradicional Inglaterra. Além do êxito francês, a Copa foi marcada por mais uma eliminação brasileira, agora para a Bélgica, e pela decepção da então campeã Alemanha, que caiu ainda na fase de grupos da competição.

02/09 – MEMÓRIA REDUZIDA A PÓ

Em poucas horas, milhões de anos de história e memória do Brasil viraram escombros, pó e fuligem. O incêndio que consumiu o Museu Nacional foi uma das maiores catástrofes para a ciência e cultura em todo o mundo. Estima-se que 18 milhões de itens foram destruídos pelo fogo. Entre eles, coleções paleontológicas, antropológicas e biológicas, além de itens únicos como afrescos de Pompeia e o crânio de Luzia, fóssil humano mais antigo encontrado na América do Sul. O edifício, antiga residência dos imperadores, sofria com instalações elétricas precárias, além da redução de verbas para manutenção.

06/09 – UM ATAQUE À DEMOCRACIA

O acirramento político da eleição de 2018 chegou ao seu ponto mais grave em Juiz de Fora/MG, quando o candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) foi vítima de um atentado. Carregado por seus apoiadores nas ruas da cidade, ele foi esfaqueado no abdome por Adélio Bispo de Oliveira. Levado ao hospital, o militar ficou 23 dias internado e, por conta de seu estado de saúde, não pôde participar dos debates no primeiro e segundo turnos. Embora a Polícia Federal tenha apontado que Adélio agiu sozinho, investigações seguem em curso para esclarecer se outras pessoas e grupos estavam envolvidos.

28/09 – A FÚRIA DAS ÁGUAS

Vítima de um poderoso tsunami em 2004, a Indonésia sofreu mais uma vez com a fúria das águas. Um terremoto de 7,5 graus na escala Richter, seguido de ondas de cinco metros de altura, causou destruição na península de Minahasa, próxima à ilha de Bornéu. Os danos foram sentidos principalmente na cidade de Palu. Estima-se que mais de 2 mil pessoas morreram na catástrofe, que deixou ainda 10 mil feridos e mil desaparecidos. Em 2018, o país sofreu outro grande sismo, que impactou a ilha de Lombok, causando a morte de 563 habitantes.

28/10 – O CAPITÃO CHEGOU LÁ

Contrariando analistas e superando até mesmo um atentado, o capitão do Exército chegou ao Palácio do Planalto. Com apenas oito segundos de televisão e um partido pequeno, mas um imenso apoio nas ruas e nas redes sociais, Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República. No segundo turno, recebeu 57 milhões de votos, superando o petista Fernando Haddad. Uma vitória histórica. Agora, ele tem a desafiadora missão de atender às expectativas da população, que desejam forte combate à corrupção e retomada do desenvolvimento.

01/11 – A NOVA MISSÃO DE MORO

Figura mais representativa da luta contra a corrupção no país, o juiz federal Sergio Moro terá uma nova frente de ação a partir de 2019. Ele aceitou o convite de Bolsonaro para ser ministro da Justiça, em uma pasta vitaminada que englobará Polícia Federal, Conselho de Controle de Atividades Financeiras, Transparência, Segurança Pública, entre outros. Com carta branca para enfrentar os desvios, o expoente da Operação Lava Jato promete avançar firme na moralização do poder público. Também afirmou que vai atacar a impunidade, propondo endurecimento de leis penais e menos benefícios para infratores, como progressões de pena.

02/12 – COLETES AMARELOS

Itens de segurança no trânsito, os coletes amarelos se tornaram símbolo de distúrbios nas ruas da França. Desde novembro, milhares de pessoas protestam no país contra o aumento dos combustíveis proposto pelo presidente Emmanuel Macron. Os embates entre manifestantes, vestidos com coletes, e a polícia, geraram caos em várias partes do país, com centenas de presos e feridos. Nascido nas redes sociais, sem ligação com partidos, o movimento é um desafio para Macron, uma vez que não há lideranças definidas. A mobilização pode influenciar os rumos da política francesa – e já inspira ações em outras nações.

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