Após vaias em Portugal, Lula recua em discurso e promete visita a Volodymyr Zelensky

Horas antes de finalizar a incursão europeia, que se encerra nesta quarta-feira (26), em Madri, na Espanha, com encontros com o rei, Felipe VI, e com Pedro Sánchez, presidente do governo espanhol, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrentava uma saia justa no parlamento português. As vaias aconteceram durante seu pronunciamento na sessão solene que o homenageava. Cartazes com frases “Chega de corrupção” e “Lugar de ladrão é na prisão” eram segurados por deputados da oposição, que interrompiam as falas com vaias. Bandeiras da Ucrânia também eram levantadas pelos parlamentares. Em seu discurso, Lula reafirmava a força das democracias de ambas as nações e relembrava fatos que marcaram a história dos dois países. A cerimônia aconteceu em 25 de abril, data em que se celebra a Revolução dos Cravos, que marca o fim da ditadura portuguesa. 

O fato é que a mobilização contrária à presença do presidente Lula deixou a sessão e se estendeu às ruas, com pouca participação de brasileiros. O que explica o fenômeno é o fato de o Brasil compartilhar de um contexto político extremista que atinge outras nações, como comenta a cientista social e política, Elis Radmann, diretora do Instituto Pesquisas de Opinião (IPO). A polarização extremista pulsa mundo afora, além de dividir o Brasil, está presente na disputa política dos EUA e na Europa. E essa polarização ideológica esteve presente nos protestos e vaias ao discurso do presidente Lula no parlamento português. A ação orquestrada foi mobilizada pelos opositores do governo socialista de Portugal, que usaram a vitrine internacional para fazer repúdio ao alinhamento da esquerda com a Rússia e condescendência à invasão da Ucrânia e, principalmente, por sua proximidade com escândalos de corrupção mundo afora”, afirma.

O terceiro maior partido político do parlamento português, o Chega, é composto por 12 deputados e tem como propósito o combate à corrupção. O grupo é aliado ao ex-presidente, Jair Bolsonaro. O convite a Lula foi feito pelo ministro de Negócios de Portugal, João Gomes Cravinhos, parte do governo do primeiro-ministro Antônio Costa. No Twitter, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, criticou as manifestações. Deploráveis atos de grosseria hoje em Portugal, perpetrados contra o presidente Lula, por grupelho que não respeita os laços históricos e de amizade com o Brasil. Cá e lá, perderam e perderão sempre. Viva a Revolução dos Cravos! Todo o respeito à imensa maioria do povo português”, publicou. 

Em meio a retaliações políticas na Europa, durante um encontro com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, nesta quarta-feira (26), o presidente brasileiro voltou a mencionar a situação da Ucrânia, mas com tom contrário ao de seu discurso feito durante a viagem à Dubai, no qual disse que a “decisão da guerra foi tomada por dois países”. Dias antes, na China, o petista também criticou o envio de armas aos ucranianos pelos Estados Unidos e por países europeus – o que provocou uma resposta crítica da Casa Branca e da União Europeia.

Prestes a retornar ao Brasil, Lula voltou atrás e defendeu a unidade territorial ucraniana, além de prometer enviar o assessor especial da Presidência e ex-chanceler Celso Amorim para um encontro com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. “Não pode haver dúvida de que Brasília condena a invasão. Estamos negociando para chegar aos dois (Rússia e Ucrânia) e tentar parar a guerra. Só eu falo em paz e procuro um grupo de pessoas dispostas a parar a guerra”, afirmou.

Crédito da foto: Flickr Palácio do Planalto

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