Artigo: O AVESSO DO AVESSO

Existe uma verdadeira tara pela redundância neste país. Aliás, a cultura dos formulários em 3 vias, assinados com reconhecimento em firma e tantas outras burocracias, é algo que, de tão absurdo, deu a volta e se tornou corriqueiro. Evidente que qualquer ação pública precisa de algum mecanismo que permita uma fiscalização, mas ter o fiscal do fiscal do auditor não é algo prático, nem lá muito inteligente.

Porém, a inexistência absoluta de uma forma para conferir se há erro ou fraude – como no processo eleitoral brasileiro – é uma estupidez, arrogância ou desleixo. Portanto, sejamos razoáveis, tanta burocracia repetitiva de um lado e nada de fiscalização do outro é o avesso do avesso. No primário, aprendemos a prova dos nove. Na fase adulta, e na vida profissional, temos de ter prudência e razoabilidade para reconhecer que o processo eleitoral precisa ter a possibilidade de ser conferido, sem que fira o princípio de ser secreto. Negar essa possibilidade, ou simplesmente ignorá-la, é estimular a desconfiança e a dúvida.

Nossa história recente escancara escândalos de corrupção que mancharam a imagem do país mundo afora. Felizmente, o povo se levantou, foi às ruas e mostrou que o brasileiro é politizado, interessado e comprometido com seu país. Seguir vigilante quanto aos ainda presentes buracos em nosso sistema de votação dará sequência a um movimento que gera segurança aos seus cidadãos. Muitos já se manifestaram em prol do voto auditável – pois não aguentam mais ficar à mercê das decisões de quem simplesmente desconhece a realidade da nossa gente.

Em 2019, tivemos a instalação de uma comissão especial responsável por analisar a PEC que trata sobre a obrigatoriedade do voto impresso auditável na Câmara dos Deputados. Essa nova proposta determina que os votos registrados nas urnas eletrônicas sejam impressos em cédulas de papel. O objetivo é trazer a possibilidade de que os votos sejam conferidos pelos eleitores, sem contato manual, sendo automaticamente depositados em urnas lacradas para fins de auditoria.

Ora, se existe um remédio para acabar com esse desarranjo eleitoral, por que não usá-lo? Afinal, se o sistema é tão seguro, qual o medo dele poder ser conferido posteriormente? Todos esses questionamentos não são apenas meus, mas daqueles que estão indignados com a desfaçatez de quem defende a obscuridade nas eleições. Aos que ameaçam a democracia e a soberania nacional, deixo uma certeza: Se queremos paz no futuro e temos glória no passado, um colosso impávido se mantém alerta no presente.

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