Ciclo de debates expõe urgência na aprovação da Nova Previdência

Tendo como centro do debate os desafios e as oportunidades do cenário econômico frente à Nova Previdência, o Brasil de Ideias reuniu líderes políticos e da iniciativa privada no Rio de Janeiro. Promovido pelo Grupo VOTO, o ciclo de debates foi realizado no Copacabana Palace na quarta-feira (30). Participaram como painelistas Rogério Marinho (secretário especial da Previdência Social), Carlos von Doellinger (presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea), Marcos Troyjo (secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia) e Wilson Witzel (governador do RJ).

Cenários internos e externos

Para fazer uma profunda análise sobre o cenário econômico, o primeiro painel reuniu Marcos Troyjo e Carlos von Doellinger – contando com a mediação de João Negrini, diretor administrativo do Instituto Brasileiro de Estudos Jurídicos da Infraestrutura (Ibeji). O secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia traçou um panorama sobre as movimentações do mercado externo. “É muito raro existir um país que apresente trajetória ascendente sem ter cerca de 30% a 40% do PIB resultante das políticas de exportação e importação. Infelizmente, nosso país não faz parte desse grupo nem nunca fez parte”, apontou.

Para Troyjo, essa é justamente a responsabilidade que o novo governo tem com o país: aumentar a inserção do Brasil por meio de investimentos. Confiante, detalhou duas oportunidades que precisam ser aproveitadas para a retomada da economia. A primeira é a empatia entre Jair Bolsonaro e Donald Trump. E a outra: “Estamos aos 43 do segundo tempo de fazer um acordo com a União Europeia e o Mercosul. Caso se concretize, será o maior acordo econômico comercial da história da humanidade”.

Carlos Von Doellinger vislumbrou cenários de acordo com a aprovação – ou não – da Reforma da Previdência. Para o presidente do Ipea, o quadro otimista englobaria ainda duas reformas importantes: do Estado e da microeconomia. “No cenário mais pessimista, sem aprovação [da Reforma da Previdência], as simulações indicam crescimento médio de 0,5% ao ano e de 0,1% do PIB per capita. Ou seja, um gradativo empobrecimento da população. Esse cenário nós gostaríamos de descartar, mas serve para mostrar as consequências do fracasso, da inação”, alertou.

Doellinger destacou que o sistema de repartição da maioria dos países está condenado. “O mais lógico é substituir pelo sistema de capitalização. A repartição está falida, vai quebrar. E precisamos mudar para salvar as novas gerações”, defendeu.

Do vício à virtude

O segundo painel do Brasil de Ideias teve a participação de Rogério Marinho, secretário da Previdência Social do Ministério da Economia, com a mediação do CEO da Mercer Brasil, Eduardo Marchiori. Marinho deixou claro que a reestruturação do sistema previdenciário não vai resolver todos os problemas do país, mas é o alicerce.

O secretário salientou, também, que a reforma vai permitir aos empreendedores mais condições para a tomada de decisões. Enfatizou, ainda, a injustiça do sistema e sua insustentabilidade: “Nós estamos propondo à sociedade brasileira uma reestruturação em que aqueles que têm mais vão contribuir mais; e os que têm menos vão contribuir menos. Mas todos vão contribuir”.

Para Rogério Marinho, a preocupação é apresentar alternativas, considerando que o sistema atual não funciona e o Estado brasileiro perdeu sua capacidade de investimento. “Hoje, o governo é síndico de uma massa falida. Temos de quebrar o ciclo vicioso e iniciar um ciclo virtuoso”, propôs.

Responsabilidade conjunta

No encerramento da programação, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, destacou que, além da aprovação da reforma, o país precisa de projetos para o crescimento. Segundo o governador, “perdemos a capacidade de gerar riqueza e estamos correndo atrás do próprio rabo. Nós temos a grande responsabilidade de fazer o Brasil crescer, e a Reforma da Previdência não será a última oportunidade”, disse, acrescentando que o governo federal precisa encontrar maneiras de se reinventar.

Diretora-executiva do Grupo VOTO – idealizador da discussão –, Karim Miskulin falou sobre a necessidade da classe empresarial estar presente nas principais decisões do país. “Não há tempo para omissão. Precisamos aprender com os erros do passado e unir forças no público e privado para fazer esse país prosperar. O futuro precisa de nós”, disse.

Plataforma de conteúdo e relacionamento, o Grupo VOTO está completando 15 anos. Entre suas ações, promove o Brasil de Ideias, com programações voltadas a líderes empresariais e políticos, além de formadores de opinião. Essa edição teve como patrocinadores a Souza Cruz e o Carrefour.

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