Conexão e inovação nos ares

Entre aviões e aeroportos, a carreira de Fabio Camargo alça voos altos. Seja na ponte aérea São Paulo-Atlanta, seja em reuniões constantes em diversos lugares do país, o executivo lidera a operação da Delta Air Lines no Brasil. No posto há um ano, ele atua na indústria da aviação desde 2012 – com passagens pela LATAM. Antes disso, passou por diversos cargos de liderança na Whirlpool Corporation.

Formado em Engenharia Industrial pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Camargo possui MBA em Marketing pela IAE FRANCE – Écoles Universitaires de Management. E entre um voo e outro, a língua não é um problema: o executivo brasileiro é fluente em inglês, espanhol e francês.

Na entrevista a seguir, Camargo conta alguns dos planos na gestão da companhia aérea. Fala dos desafios econômicos e do cenário para os próximos anos, onde a inovação e a conectividade farão cada vez mais parte da experiência de voar.

O senhor está completando um ano à frente da Delta Air Lines no Brasil. O que destaca como realizações neste período?

Eu fui para a Delta para substituir o Luciano Macagno, quando ele foi promovido a diretor-geral da Delta da América Latina e Caribe, para liderar as operações comerciais da companhia na região. Neste novo cargo, sou responsável pela supervisão dos empreendimentos comerciais da Delta Air Lines no Brasil e implementação comercial da aliança de longo prazo da Delta com a GOL.

A Delta anunciou várias inovações para o mercado brasileiro, como os serviços gratuitos de troca de mensagens durante o voo e wi-fi. Também houve uma revolução com o mapa de localização do aeroporto de Guarulhos, além do lançamento do novo voo sazonal sem escalas entre o Rio de Janeiro e o aeroporto JFK de Nova York, oferecendo aos clientes mais opções de viagem. O novo voo foi um sucesso, então será operado novamente na temporada 2018/2019.

E o que mais vem por aí na gestão da companhia aérea aqui no Brasil?

Nossa equipe tem o compromisso de nos aproximar dos nossos clientes todos os dias, participando de atividades que fazem a diferença em nossas comunidades e fazer parte das suas vidas. Cada vez que um cliente viaja conosco é uma oportunidade que a Delta tem de contribuir para a comunidade que atende. Todas as companhias aéreas fornecem transporte que leva as pessoas do ponto A ao ponto B, mas o que torna a Delta única para os nossos clientes é como desenvolvemos um relacionamento ao longo dessa jornada. Essa conexão intangível, além de todos os nossos serviços e benefícios, é o que faz nossos clientes voltarem a voar com a Delta.

Nos próximos cinco anos, a Delta continuará trabalhando para ter um papel fundamental nas comunidades que atendemos. Faremos isso adequando nossos produtos e serviços às necessidades e expectativas dos nossos clientes de toda a região e aumentado a nossa rede.

O voo sazonal RJ-NY se mostrou um sucesso. A tendência não é essa ligação se tornar definitiva? O que faltaria para isso?

Ao aumentar nossa rede com voo entre Rio de Janeiro e Nova York, estamos oferecendo aos clientes mais opções de viagem. É importante para a Delta continuar oferecendo um voo sem escalas diário durante a alta temporada entre o Rio de Janeiro e o nosso segundo maior hub internacional, que é o Aeroporto de JFK em Nova York. As expansões contínuas de rotas da Delta mostram o nosso compromisso com o mercado brasileiro e a força da aliança com a nossa parceira brasileira, a GOL.

A economia do Rio de Janeiro tem desafios específicos, mas a Delta monitora constantemente o mercado para ajustar e fornecer serviços conforme necessário, de acordo com a demanda.

O aplicativo que permite o rastreamento da bagagem em tempo real está disponível nos dois aeroportos onde a Delta opera no Brasil? E no mundo, em quantos aeroportos está disponível?

A Delta é a única operadora que oferece uma solução RFID de rastreamento de bagagens em escala global, melhorando ainda mais sua confiabilidade, que já era forte, no caso de bagagens despachadas. Em 2016, a Delta implementou a tecnologia de rastreamento de bagagens de identificação por radiofrequência (RFID), a primeira deste tipo entre as companhias aéreas dos Estados Unidos, oferecendo aos clientes um melhor rastreamento em tempo real de sua bagagem durante toda a viagem. Assim que o cliente despachar a bagagem no primeiro aeroporto, a etiqueta da bagagem contém um chip RFID que se comunicará com várias antenas instaladas dentro de cada aeroporto. Os clientes recebem notificações em tempo real enviadas por pontos críticos ao longo da viagem. Essa notificação informa ao cliente quando sua bagagem foi carregada com sucesso em uma aeronave e em qual esteira ela chegará para a coleta e muito mais.

A Delta transporta mais de 120 milhões de bagagens por ano e a tecnologia RFID está presente em mais de 340 aeroportos espalhados pelo mundo, com 3.800 impressoras e 4.600 scanners.

A parceria com a GOL completará sete anos. O que pode ser ampliado em um acordo que vem dando tão certo?

O sucesso da Delta no Brasil se deve em parte à participação ativa da GOL; nossas parcerias continuarão se desenvolvendo, tornando a marca Delta ainda mais forte. Juntos, continuaremos colaborando nos esforços de vendas e implementando serviços valiosos, incluindo a construção de novas salas VIP em São Paulo e no Rio de Janeiro, oferecendo a maior frota com wi-fi do Brasil, a opção de comprar ingressos da Delta no site da GOL e desenvolvendo novos produtos para os nossos clientes. A forte coordenação entre as duas companhias aéreas possibilitou tudo isso.

Os clientes nos EUA que voam para o Brasil optam por quais destinos, utilizando trechos da GOL, além dos tradicionais Rio-SP e Brasília?

A aliança entre a Delta e a GOL fornece aos clientes uma rede sólida, oferecendo aos clientes brasileiros o acesso a mais de 220 destinos nos Estados Unidos e para os clientes dos Estados Unidos, mais de 50 destinos no Brasil, incluindo Foz do Iguaçu, Manaus, Salvador e Belo Horizonte.

A desvalorização do real neste ano prejudica o setor de aviação, principalmente os voos internacionais? Houve retração de passageiros brasileiros, ou isso será sentido mais adiante?

A Delta está bem preparada para lidar com os atuais desafios do setor, incluindo a valorização do dólar em relação a outras moedas. Com o fortalecimento do dólar, surgem problemas com receitas internacionais, mas isso também ajuda a reduzir os preços de combustível, compensando a situação desfavorável. A Delta avalia as demandas do mercado e ajusta-se para atendê-las. A companhia aérea monitora constantemente os mercados para se ajustar rapidamente e fornecer os serviços necessários. Nós lideramos o setor em capacidade, disciplina e custos, o que nos proporciona mais flexibilidade e riscos financeiros menores.

De que forma a sua experiência em outros setores, como a indústria, auxilia no comando de uma companhia aérea?

A companhia aérea está entre os tipos mais complexos de negócios. Portanto, depois de exercer funções de liderança e passar mais de uma década trabalhando em áreas comerciais de grandes organizações, tenho as capacidades necessárias para conduzir as operações da Delta no Brasil. Entendo que um bom profissional é aquele que consegue extrair de suas diversas experiências o conhecimento adquirido e utilizá-lo em novos desafios profissionais.

E a passagem pela TAM e Latam, como contribuiu para a sua carreira?

Eu comecei no setor de transporte aéreo em 2012 e, nas empresas onde trabalhei, tive a oportunidade de adquirir experiência na indústria, pois trabalhei em áreas como Planejamento Estratégico, Precificação e Gerenciamento de Receita e Vendas. E com certeza, a experiência adquirida ajudou na minha preparação para enfrentar os novos desafios de uma grande companhia aérea como a Delta.

Nas suas atividades como diretor geral, o senhor consegue ter um escritório fixo ou a sua função exige maior mobilidade?

Eu trabalho nos escritórios da Delta em São Paulo, mas muitas vezes o trabalho exige que eu viaje para a sede da Delta em Atlanta e também viajo constantemente dentro do Brasil, para reuniões com nossa equipe de vendas e clientes importantes.

A política de Open Skies entre EUA e Brasil está trazendo resultados como os anunciados de maior oferta de voos, mais opções para o consumidor e passagens com preços mais atrativos?

O acordo Open Skies oferece flexibilidade maior em termos de destinos, tanto aqueles que já servimos como novos. Porém, as redes da GOL e da Delta se complementam, atendendo a 99% da demanda entre os dois mercados. Agora, graças à rede da Delta nos Estados Unidos, podemos dizer com orgulho que oferecemos uma experiência totalmente integrada entre os dois países.

Comentários

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Please enter comment.
Please enter your name.
Please enter your email address.
Please enter a valid email address.
Please enter a valid web Url.