Crise fiscal: estados apostam no novo governo

A eleição para o cargo de presidente da República deste ano será um marco na história do Brasil. Será a primeira corrida ao Planalto após o início de operações de combate à corrupção, tendo como símbolo a Lava-Jato. Além de pontos fundamentais no debate político como saúde, segurança e educação, um tema em especial deve dominar as discussões: a recuperação econômica.

Com alguns estados em situações críticas, caso do Rio de Janeiro, o candidato que assumir a chefia do Executivo terá que tomar medidas para mudar o cenário de crescimento baixo, consumo estagnado e atividade econômica instável.

Segundo o presidente do Conselho de Políticas Econômicas da Associação Comercial do Rio de Janeiro e ex-ministro da Fazenda durante o governo Collor, Marcílio Moreira, a grave crise fiscal enfrentada pelos estados pode antecipar um cenário que pode se repetir em nível nacional, caso algumas medidas não sejam tomadas.

Na visão de Moreira, quem assumir a presidência terá que tomar atitudes imediatas e efetivas para atrair a confiança dos brasileiros. Apesar das diferenças de ideologia apresentadas pelos candidatos, retomar a agenda de reformas deve ser uma prioridade. “A primeira delas é a retomada dos processos de reformas. E a reforma da previdência é a mais importante. É uma reforma dificílima em qualquer país. Essas medidas tem que ser tomadas imediatamente como uma espécie de guia do que se fazer. Um fio de conduta. Mas ela não precisa ser implementada imediatamente, mas precisa ficar claro que o caminho foi aberto será seguido com perseverança”, destacou o ex-ministro da Fazenda.

“Eu pretendo agir rápido na questão fiscal, porque quanto mais nós demorarmos, mais vai crescer a dívida e quem paga é a sociedade, é o povo. Mais cresce a dívida, mais agrava a situação. O Brasil precisa de investimentos, se não, não cresce. E para ter investimento, precisa ter confiança. É isso que eu quero fazer, trazer confiança para o Brasil. O objetivo é recuperar emprego e renda”, afirmou o tucano.

O ex-ministro da Fazenda e pré-candidato do MDB à presidência, Henrique Meirelles, disse que o problema é estrutural, mas ressaltou que os números melhoraram nos últimos anos. Meirelles relembra que a o PIB chegou a ter quedas de 3,5% em 2016, e que, quando esteve à frente da Fazenda, o país cresceu em 1%.

“As razões de que o crescimento deva ser um pouco menor são exatamente algumas propostas radicais e irresponsáveis de alguns candidatos, que estão propondo voltar atrás e tudo aquilo que tirou o Brasil da crise e colocou o Brasil a crescer. No momento em que as pessoas se preocupam com isso, sejam industriais, empresários, que passam a ter mais cuidado com os investimentos, falam: ‘Bom, o nosso orçamento para investir no Brasil está pronto, nós vamos aguardar as definições das eleições, porque tem candidatos aí que propõem coisas que vão andar para trás. Fazer aquilo que foi feito no governo da Dilma e levou o Brasil à recessão’. Então existe esse adiamento dos investimentos”, detalhou Meirelles.

Já Ciro Gomes, candidato pelo PDT, avalia que o fim da crise fiscal depende de reformas. Ele reconhece, por exemplo, que é preciso alterar as regras da Previdência, mas se diz contrário ao modelo apresentado por Michel Temer.

“Eu pretendo pôr em debate a questão, mas de forma decente. Um assunto desta complexidade não pode ser um puxadinho igual tentaram fazer. Tem que abrir uma ampla discussão com todos os interessados. Trabalhadores, empresários, Justiça, senadores, deputados, a universidade, enfim… Quem tiver alguma contribuição a dar, deve ser respeitada essa contribuição e levado em consideração”, expôs o candidato do PDT.

Jair Bolsonaro, candidato à presidência pelo PSL, se disse assustado com a quantidade de desempregados no Brasil e destacou a necessidade de incentivar a geração de empregos através do aumento da produtividade.

“Quem não procura emprego há mais de anos também é tido como empregado. São as metodologias. Este número é assustador, no meu entender. Um presidente da República, um governador, um prefeito, ele não cria emprego. A não ser que ele abra concurso ou leve em votação o surgimento de novos cargos comissionados. O que o governo tem que fazer é não atrapalhar quem quer empreender, quem quer investir, quem quer produzir alguma coisa”, afirmou Bolsonaro.

A crise fiscal pela qual passa o Rio de Janeiro não é exclusividade do governo fluminense. Até 2016, os 26 estados e o Distrito Federal somavam um rombo fiscal de R$ 56 bilhões. Segundo dados do Tesouro Nacional, das 27 unidades da federação, 20 estão no vermelho, o que impacta em serviços básicos, como saúde e educação, e projetos dos governos estaduais.

Reportagem Raphael Costa

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