Crise imobiliária na China: entenda os motivos e como impacta o Brasil

 

Um tribunal de Hong Kong determinou na última segunda-feira (29) a liquidação da Evergrande, gigante imobiliária chinesa que acumula uma dívida de mais de US$ 300 bilhões. Ainda não se sabe se a China irá reconhecer a decisão a favor dos credores estrangeiros da empresa, o que pode desencadear um longo e incerto processo. A companhia anunciou que continuará operando normalmente.

A falência da Evergrande é mais um episódio do colapso do mercado imobiliário chinês que se iniciou em 2021. O país teve seu crescimento impulsionado por um boom imobiliário, alimentado pelo aumento da população e a urbanização, o que fez com que o setor atingisse 25% do PIB.

Além disso, um vasto ecossistema de fornecedores e prestadores de serviço floresceu no mercado imobiliário, colaborando com a geração de empregos e caixa para os governos locais. A venda de terrenos atingiu o patamar de US$ 4,2 trilhões em 2020.

No entanto, o cenário começou a mudar quando os valores das vendas de terrenos começaram a cair. Na época, a China contava com cerca de 65 milhões de residências vazias e 93% da população já possuía casas e 20% dos moradores das áreas urbanas possuíam mais de um imóvel, o que gerou um grande desequilíbrio.

Para driblar a crise e os impactos causados pela pandemia, empresas como a Evergrande passaram a adotar a estratégia de tomar empréstimos de bancos chineses e credores estrangeiros e vender apartamentos antes mesmo de sua construção.

O investimento no setor imobiliário caiu em 2022 pela primeira vez e deverá se arrastar pelos próximos anos. Para resolver a situação, economistas apontam que é preciso igualar a oferta de habitação com uma procura muito menor, que diminui a cada ano em função do envelhecimento da população.

De acordo com um ex-funcionário do governo chinês, a população total da China, que atualmente é de 1,4 bilhão de pessoas, não seria suficiente para ocupar todos os imóveis vazios do país.

Diante deste cenário, o governo iniciou uma política de “redução de estoque” a nível nacional para cortar o excesso de oferta, incluindo a redução do ritmo de vendas de terrenos nas cidades e o incentivo aos promotores imobiliários para baixarem os preços da habitação para estimular a procura.

Como o setor foi um dos principais responsáveis pelo crescimento econômico chinês nas últimas décadas, a crise deve limitar o aumento do PIB do país nos próximos anos, que deve ficar entre 3% e 5% segundo estimativas do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional. 

Crise pode afetar o Brasil

A crise no mercado imobiliário na China pode ter grandes consequências em determinados setores da economia brasileira. A principal delas é a queda na procura pelo minério de ferro, o que faz com que o preço da commodity caia e, consequentemente, o faturamento das empresas também.

Além disso, a possível dissolução e cortes de despesas nas companhias pode aumentar o desemprego na China e continuar afetando o crescimento econômico. Assim, o nosso maior parceiro comercial poderia deixar de importar produtos brasileiros, enfraquecendo também nossa economia.

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