A destruição criativa do Poder – Por Gabriel Souza

Em 1942 o economista austríaco Joseph Schumpeter cunhou o termo “destruição criativa”, descrevendo o processo de inovação, necessário para a sobrevivência das corporações em pleno capitalismo de mercado. Segundo Schumpeter, o capitalismo vive uma época onde novos produtos levam a destruir, pela sua eficácia e eficiência, tradicionais e gigantes corporações que não se atualizam, tornando-se menos atrativas, portanto, para o consumidor.

Essa tese pode ser vista, atualmente, com muita frequência na economia mundial, onde antigas e famosas empresas perdem espaço no mercado para as recém-nascidas startups que criam produtos inovadores, úteis e com preço competitivo, conquistando milhões de consumidores no planeta.

De fato, a inovação é sine qua non para a sobrevivência no mercado capitalista, sob pena da “destruição criativa” levar à falência corporações que não se atualizarem de acordo com os gostos e as necessidades do consumidor. Vide o caso da tradicional Kodak, que com suas máquinas e filmes fotográficos obsoletos não resistiu à onda da fotografia digital e pediu falência no início de 2012. Ou, então, da chegada de novos meios de transporte como Uber e Cabify, competindo diretamente com o serviço de táxi no Brasil.

Essa atualização pode parecer algo simples, mas na prática não funciona bem assim. As pessoas, cada vez mais conectadas entre si e com o mundo por meio da internet, exigem uma mudança de padrão de transformação das instituições, sejam elas privadas ou públicas, numa velocidade que nem sempre é possível acompanhar.

Primavera árabe, manifestações anticorrupção no Brasil, juventude europeia, Occupy Wall Street, entre outras dezenas de episódios relevantes de insatisfações da população, especialmente jovens, podem ser elencados pelo mundo inteiro, lembrando apenas dos últimos cinco anos.

Poderíamos traçar um paralelo da tese econômica da “destruição criativa” de Schumpeter com essa tendência de insatisfações da sociedade perante os órgãos públicos e os partidos políticos? Em outras palavras, poderíamos questionar a atualização das práticas e das políticas dessas instituições em consonância com os novos tempos que o mundo vive?

O venezuelano Moisés Naím, em seu livro O Fim do Poder, aborda essa questão. Segundo Naím, o mundo está passando por uma série de transformações que estão instaurando um paradigma inédito na História. Em suma, o Poder como tradicionalmente era concebido está em transformação, devido às características da sociedade atual, conectada e com mais escolaridade, especialmente no que tange a sua juventude.

Schumpeter e Naím, em um intervalo de mais de 50 anos, escrevem sobre coisas parecidas e extremamente atuais: as instituições devem se reinventar diariamente para traduzirem o que as pessoas querem, pensam e precisam. Evidentemente, os partidos políticos também devem incumbir-se dessa tarefa sob pena de fracassarem em seus objetivos. Estaríamos vivendo, portanto, a era da “destruição criativa do Poder”.

Gabriel Souza é Deputado estadual, líder do Governo e secretário-geral do PMDB/RS

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