E-LIXO: 5 TENDÊNCIAS DA ECONOMIA CIRCULAR QUE JÁ SÃO REALIDADE NO BRASIL

Segundo o último estudo divulgado pela Global E-Waste Monitor, realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil é o maior produtor de lixo eletrônico da América Latina, sendo o 7º maior do mundo, ficando atrás apenas de China, Estados Unidos, Japão, Índia, Alemanha e Reino Unido. Com mais de 1,5 mil toneladas de sucata digital produzidas anualmente, apenas 3% têm o descarte correto.

O que não se assimilou completamente ainda é o quanto o lixo eletrônico pode contribuir economicamente para o desenvolvimento de uma sociedade, como a criação de milhares de empregos e uma movimentação estimada em mais de R$ 200 bilhões por ano, isso por meio do reaproveitamento do ouro e cobre, por exemplo.

“Existe um oceano de e-lixo para ser explorado, o que corresponde a 97% do que é produzido todos os anos no Brasil, pois além de não ser reciclado, também não tem a sua destinação adequada, indo parar em galpões de ferro-velho e contaminando não só o meio ambiente como a saúde da população”, explica Lucy Carvalho, gerente comercial do setor no Grupo Solví.

No Grupo Solví, holding proprietária de mais de 60 empresas de segmentos ligados à resíduos públicos, soluções industriais, saneamento e valorização energética, a logística reversa ou economia circular já é uma realidade desde 2015. Neste período, já contribuiu com o tratamento de centenas de toneladas de lixo eletrônico para dentro e fora do país.

PERSPECTIVAS

Embora o Brasil esteja atrás dos EUA e Europa, as metas para os próximos cinco anos são bem empolgantes, graças ao Acordo Setorial para a Logística Reversa de Eletroeletrônicos feitos pelas principais instituições e empresas do segmento de eletrônico, prevendo que até 17% sejam reciclados até 2024.

Pesquisa divulgada recentemente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) também revelou que cerca de 76% das indústrias brasileiras já desenvolvem algum tipo de operação de economia circular, modalidade que envolve o uso eficiente de recursos naturais através do reuso de água e reciclagem de materiais.

Tendo em vistas essas tendências, o Grupo Solví listou cinco curiosidades sobre economia circular e e-lixo que podem ajudar no desenvolvimento deste conceito no país:

Criação de Empregos

De acordo com o relatório “Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo 2018”, publicado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 2018, para os próximos 10 anos, mais de 6 milhões de empregos diretos devem ser criados por conta da economia circular. Países da Ásia e Américas, inclusive o Brasil, devem encabeçar a lista dos que mais devem abrir vagas.

A criação de empregos indiretos, por meio da contratação de empresas prestadoras de serviços, como cooperativas, ferros velhos e catadores autônomos, também deve aumentar nos próximos anos.

Para ser ter ideia, atualmente o Grupo Solvi gera cerca 50 empregos diretos e 200 indiretos (parceiros) relacionados a economia circular. A expectativa é que nos próximos anos, este número cresça 15%.

Nova Serra Pelada

Um novo tipo de garimpo tem aumentado consideravelmente nos últimos anos: extração de ouro, cobre, prata, zinco, estanho e platina encontrados em sucatas eletrônicas, originárias de placas de componentes, processadores, memórias, hard disk, memória ram, etc.

Calcula-se que, em média, um aparelho celular tenha em média R$ 5 em ouro, sem contar outros metais preciosos. Se levar em conta que são descartados, anualmente, mais de 42 milhões de aparelhos antigos, pode-se concluir que o Brasil tem jogado “milhões” no lixo.

Não é exagero dizer que as novas “minas” são os depósitos de lixo eletrônico, pois segundo estudos, para cada 1 tonelada de aparelho celular é possível extrair 350 gramas de ouro, algo 80 vezes mais do que se a exploração fosse em dentro de uma mineradora.

O Grupo Solví garante a total destruição e destinação correta das placas eletrônicas e outros aparelhos já provenientes do desmonte dos equipamentos. “Todos as placas são agrupadas por tipologia, armazenadas e enviadas a uma purificadora parceira que faz todo o tratamento de refino dos metais preciosos, entre eles o ouro e a prata. Nossa parceira no refino, nos atende a nível nacional, comprovando nossa contribuição ao meio ambiente e legislações vigentes”, esclarece Lucy Carvalho, gerente comercial no Grupo Solví.

Exportação de baterias para carros elétricos

Apesar da frota brasileira de carros elétricos ser tímida em relação a outros países – Brasil terá até 40 mil carros elétricos nas ruas em 2020, enquanto a China terá 5 milhões no mesmo período -, somos um dos maiores contribuintes para o crescimento destes tipo de carros no mundo: exportamos baterias de celulares para a Europa para que se transformem em baterias para carros elétricos.

“É importante lembrar que metais preciosos e muitos componentes de baterias tem a capacidade de serem reciclados infinitamente e de forma eficiente, criando verdadeiramente uma economia circular e sustentável, além de rentável e ambientalmente correta”, enfatiza Lucy.

Outras baterias que poderão ser enviadas para reciclagem é a de patinete elétricas, que possuem um tempo de vida menor dos que dos carros, mas uma frota relativamente grande pelo pouco tempo que está em operação no país.

Baterias de celular transformadas em alto-falantes ou outras baterias

Estima-se que existem mais de 500 milhões de celulares nas casas dos brasileiros. A durabilidade dos aparelhos que ganharam a preferência dos consumidores têm vida curta, principalmente pelo seu uso constante, quebra e surgimento de novos modelos. Entretanto, ainda existem poucos pontos de coleta, o que favorece o surgimento de um amplo mercado de reciclagem de baterias. Vale destacar que esses componentes quando reciclados podem gerar outros equipamentos como alto-falantes e até mesmo novas baterias.

Recuperação do Cobre

Um dos materiais mais buscados no mercado de reciclagem de lixo eletrônico, o cobre pode ser 100% reaproveitado, gerando assim uma grande eficiência logística e financeira, já que esse processo pode proporcionar uma economia de 85% se comparado a produção e extração do metal na natureza. Presente em fios, componentes e aparelhos eletrônicos, o cobre é bastante versátil e de fácil comercialização.

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