Ecovix quer movimentar cargas no polo naval de Rio Grande

A potencialidade da operação da área do Grupo Ecovix em Rio Grande vai além da construção de plataformas. Por isso, a empresa analisa negócios que poderiam funcionar no polo naval. Entre os quais, a atividade portuária, com atracação de embarcações e movimentação de cargas, além da reforma de estruturas marítimas.

Alternativas para o aproveitamento econômico da área vão gerar empregos, renda e receitas tributárias para o município e o Estado. A Universidade Federal do Rio Grande (Furg) tem um grupo de trabalho que acompanha o desenvolvimento da indústria naval. O vice-reitor Danilo Giroldo vê potencial para as operações planejadas, desde que o Estado libere essa ação no local:

– Existe demanda para atividade portuária. É uma oportunidade para viabilizar o complexo da Ecovix como um todo.

Com o objetivo diversificar as operações, o empreendimento está sendo concebido como um condomínio industrial. Parcerias serão desenvolvidas, ficando a cargo do grupo o gerenciamento e as operações das instalações comuns. A proposta de utilizar a área para a movimentação de cargas veio de estudo realizado por consultoria especializada do setor.

Potencial para novos negócios e empregos

O cais com 350 metros de comprimento está entre os cinco maiores em extensão na área dos terminais privados em Rio Grande. O calado é de 12 metros (40 pés). Para movimentação de carga, há 200 mil m² de retroárea e espaço adicional para armazenagem de 275 mil m² (na área reservada para o ERG-3). O dique seco, com 133m x 350m, pode ser transformado em cais de atracação, aumentando em dois berços (700m) a capacidade total do empreendimento.

A implantação de um terminal portuário deve gerar cerca de 500 postos de trabalho durante a fase de obras. Cerca de 300 profissionais podem ser empregados para a operação do terminal na área do Estaleiro Rio Grande.

No ritmo de crescimento atual, o porto de Rio Grande necessitará de expansão no futuro. Em 2017, foram movimentadas 41 milhões de toneladas. Daqui a 10 anos, a projeção é chegar a 60 milhões de toneladas.

O diretor técnico do porto de Rio Grande, Darci Tartari, entende como factível o projeto do Grupo Ecovix. Para seguir em frente, precisaria de aprovação para a utilização da área para a movimentação de cargas.

Estudo encomendado pelo Grupo Ecovix também mostrou potencial para atividades de reparo e desmanche de embarcações e o descomissionamento de plataformas que não estão em operação. É uma atividade com potencial para gerar entre 200 e 500 empregos.

O vice-reitor Giroldo, que também é diretor-presidente do Arranjo Produtivo Local (APL) Polo Naval e Energia de Rio Grande e Entorno, confirma que o segmento de reparos tende a ser promissor no local.

Atualmente, no dique seco do polo naval está a plataforma P-71, com cerca de 30% da estrutura montada, que pode ser finalizada com a prospecção de um comprador no mercado. A retomada representaria de imediato a criação de 600 empregos diretos, chegando a 1 mil no auge da atividade.

Recuperação judicial

No próximo dia 26, terá continuidade em Rio Grande a assembleia geral de credores (AGC) do Grupo Ecovix. O processo de recuperação é o quarto maior do país em valores, envolvendo cerca de R$ 7 bilhões. Na AGC, os credores avaliarão o plano de recuperação.

Além de reestruturar a dívida, a empresa pretende preservar ativos avaliados em US$ 1 bilhão em Rio Grande – entre os quais, o dique seco, o maior do Hemisfério Sul e os dois pórticos (guindastes), com capacidade para 600 toneladas e 2.000 toneladas, que estão entre os maiores do continente. Sem operar, como se encontram atualmente, as estruturas estão se deteriorando.

O Grupo Ecovix entrou com pedido de recuperação judicial no fim de 2016, depois de a Petrobras cancelar contratos para a montagem de plataformas de petróleo. Ao todo, foram entregues cinco unidades.

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