EMS E EINSTEIN DEVEM INICIAR TESTES DE MEDICAMENTO PARA CORONAVÍRUS NO PAÍS

A farmacêutica EMS, em conjunto com o Hospital Albert Einstein e outras instituições de saúde, deve iniciar os estudos clínicos para ver a eficácia do medicamento hidroxicloroquina, no tratamento da covid-19. A farmacêutica produz esse remédio no país e é indicado para o tratamento de lúpus e malária.

O início dos testes depende da permissão da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep), órgão ligado ao Conselho Nacional de Saúde. A expectativa é que a autorização ocorra em até 30 dias.

A repercussão desse tratamento ganhou força logo depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu agilidade ao FDA, o órgão fiscalizador e de vigilância sanitária do país, para liberar a indicação do medicamento para o novo coronavírus. Trump tem como base um estudo feito na França no qual o remédio foi testado em 24 pacientes e, nesta amostra, teve bons resultados de eficácia.

“Pelo estudo francês, há indícios de que esse medicamento reduziu a carga viral nos pacientes em um tempo menor. Mas, temos que fazer testes clínicos aqui para avaliar os efeitos na população brasileira. E isso, vamos fazer em conjunto com o Hospital Albert Eistein e outras instituições determinadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Estamos no processo final para definir o protocolo dos estudos. A expectativa é que os estudos se iniciem em 30 dias”, disse Roberto Amazonas, diretor médico- científico da EMS.

Segundo ele, paralelamente ao estudo, a EMS vai protocolar junto à Anvisa o pedido de inclusão para o tratamento da covid-19 no registro desse medicamento.

O diretor-superintendente de pesquisa da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, Luiz Vicente Rizzo, disse que o protocolo para os estudos clínicos começou a ser preparado esta semana. “Como a Conep tem avaliado estudos desse tipo mais rapidamente, acreditamos que possamos iniciar o trabalho em breve. Mas, não sabemos ainda quando. Não podemos fazer isso a toque de caixa porque pode acabar mal. Vamos fazer a ciência séria que o momento exige”, disse Rizzo.

“Esse medicamento já há no mercado, começamos a produção em 2018 e, diante da alta da demanda esperada, vamos aumentar a nossa produção para atender á população”, afirmou Amazonas. O medicamento, ressaltou o executivo, não tem a venda livre nas farmácias e necessita de uma prescrição médica para ser comprado. “É importante que se diga que os médicos são os únicos profissionais habilitados a prescreverem o uso adequado da medicação, seguindo os protocolos de medicina e direcionando o produto a quem mais precisa dele neste momento.”

Amazonas afirmou, ainda, que a EMS já aumentou o pedido de princípios ativos junto ao fornecedor indiano. “A estimativa é acelerar a produção desse medicamento e, até final deste mês, fabricar 47 mil unidades.”

Além da EMS, a francesa Sanofi também produz esse medicamento. A empresa informou, por meio de nota, que também realiza estudos para investigar a eficácia de alguns medicamentos do seu portfólio, como o Kevzara e Cloroquina, podem ser um tratamento eficaz para a doença covid-19.

“Dada a situação em rápida evolução em torno do novo coronavírus, estamos trabalhando para promover o conhecimento na avaliação de como o Kevzara pode ser uma opção de tratamento potencial para alguns pacientes. O desenvolvimento de qualquer teste será realizado em conjunto entre a Sanofi, em âmbito internacional, e a Regeneron, no mercado americano. A Sanofi disponibilizará o Kevzara em colaboração com parceiros externos interessados (como Barda, Departamento de Defesa dos EUA) e está avaliando a melhor maneira de alavancar essas parcerias”, informou a farmacêutica.

A Anvisa, no entanto, publicou uma nota técnica em que adverte para o uso da hidroxicloroquina e cloroquina para o tratamento do novo coronavírus. “Apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos para o tratamento da covid-19. Portanto, não há recomendação da Anvisa, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus. E a automedicação pode representar um grave risco à sua saúde”, informou a agência. A Anvisa esclarece que esses medicamentos são registrados para o tratamento da artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária.

A farmacêutica e gerente de pesquisa e desenvolvimento da rede de farmácias de manipulação, Fórmula, Fernanda Magalhães Borges, também ressaltou a falta de estudos mais robustos que comprovam a real eficácia do medicamento para a covid-19. Segundo ela, são necessários mais testes que informem as reações adversas no uso do remédio para este tratamento.

“Todos os medicamentos testados precisam de mais estudos clínicos e não devem ser feitos com a participação de poucos pacientes. A toxicidade precisa ser avaliada com cuidado. A sociedade precisa ter calma porque a aflição gera pânico e com isso não há um raciocínio lógico. O que pode gerar consequências irreversíveis nos pacientes. Mesmo para os tratamentos já permitidos, a questão da toxicidade desse remédio é real e constantemente monitorada”, afirmou a farmacêutica.

Procurado, o Hospital Albert Einstein, não se manifestou até a publicação desta matéria.

Origem da matéria: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/03/20/ems-inicia-testes-de-medicamento-para-o-tratamento-da-covid-19.ghtml

Comentários

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Please enter comment.
Please enter your name.
Please enter your email address.
Please enter a valid email address.
Please enter a valid web Url.