“Estamos buscando os melhores, sejam civis ou militares”

Entre os diferenciais do governo Bolsonaro em relação aos anteriores está o protagonismo de militares. A começar pela própria chapa vencedora nas urnas: Jair Bolsonaro é capitão reformado do Exército; Hamilton Mourão, general da reserva. Com a indicação de Carlos Alberto dos Santos Cruz para a Secretaria de Governo, são quatro os generais no alto escalão. Completam o time Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Fernando Azevedo e Filho (Ministério da Defesa)

Os nomes com origem militar não param por aí. Designado para a pasta da Ciência e Tecnologia, o astronauta Marcos Pontes é tenente-coronel da Força Aérea Brasileira. Wagner Rosário – que faz parte do governo Temer e será mantido na Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) – é pós-graduado pela Academia Militar das Agulhas Negras. Bento Costa Lima, que ficara à frente das Minas e Energia, é almirante de esquadra e diretor de desenvolvimento tecnológico da Marinha. Tarcísio Gomes de Freitas, engenheiro com formação militar que atuou na Missão de Paz no Haiti, estará na Infraestrutura. Por fim, o futuro ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, é professor emérito da Escola de Comando e Estado Maior do Exército.

Em entrevista exclusiva para a Revista VOTO, concedida pouco antes de sua participação no Brasil de Ideias, Hamilton Mourão explicou o que significará essa composição no governo. O vice-presidente eleito também expõe os seus sonhos para o país e antecipa as medidas prioritárias que serão acionadas a partir de janeiro. Confira:

Desde o processo de redemocratização, o governo Bolsonaro será aquele com a maior participação de militares. De que forma essa característica específica pode contribuir com o novo ciclo de retomada do desenvolvimento do Brasil?

O que temos deixado claro, tanto o Bolsonaro como eu, é que nós fomos eleitos. Apesar de seremos oriundos do meio militar – muito mais eu, porque o Bolsonaro está há 30 anos fora do Exército – fomos eleitos como dois cidadãos. Claro que, na composição do primeiro e segundo escalão, nós estamos buscando os melhores, independentemente de serem civis ou militares. As Forças Armadas continuarão a ter o seu papel muito bem balizado pelo artigo 142 da Constituição e, dentro do nosso governo, nós teremos oriundos das Forças.

Quais os principais desafios que o senhor espera encontrar a partir do dia 1º de janeiro? E quais as receitas para enfrentar esses desafios?

O desafio número um é o reequilíbrio fiscal. O orçamento está totalmente desequilibrado. Nós estamos caminhando para o sexto ano das contas públicas no vermelho. E temos de fazer todos os esforços possíveis para recuperar o nosso orçamento. A partir daí, começar a derrubar essa dívida que foi contraída, diminuir o pagamento de juros e, com isso, ter mais recursos para áreas que o Estado tem por dever investir, como saúde, educação, segurança e defesa.

O presidente Bolsonaro delegou ao senhor um papel muito importante, uma espécie de gerente do governo, coordenando o trabalho junto aos ministérios. Qual o papel que o senhor espera ter como vice-presidente e quais os projetos que pretende priorizar?

Nós estamos montando uma linha de ação a ser apresentada ao presidente, de modo que nós tenhamos uma governança moderna, efetivamente tendo um centro de governo, a exemplo do que existe nos Estados Unidos e outros países. De maneira que possamos acompanhar, fiscalizar a execução dos grandes projetos e também políticas públicas do governo.

Nessa caminhada que levou Jair Bolsonaro e o senhor à presidência, como o capitão encontrou o general e como surgiu essa relação entre vocês?

A relação vai até os anos 1980, quando cheguei à Brigada Paraquedista. O Bolsonaro estava lá, depois foi embora para fazer o curso de aperfeiçoamento. Logo depois, ele saiu do Exército, foi eleito e, ao longo desse período, fomos nos encontrando em vários eventos. A partir daí, sempre houve uma comunhão de ideias. E chegou o momento quando que ele precisou de mim para compor a chapa.

Como é o Brasil do futuro dos seus sonhos?

O Brasil que nós estamos sonhados é o país em que a cidadã e o cidadão possam matricular seu filho em uma boa escola, ser atendidos dignamente num posto de saúde ou num hospital, andar na rua em segurança e ter emprego e renda.

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