Expointer 2017 – Os dados lançados

A 40ª edição da Expointer começa neste sábado e vai até 3 de setembro, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. A programação conta com mais de 280 atrações simultâneas, entre exposições, palestras técnicas, shows e eventos culturais, além dos julgamentos e leilões de animais. Este ano, o evento conta com 3.207 animais de argola, de 88 raças diferentes, inscritos nas competições.

Além de uma síntese das máquinas agrícolas mais avançadas, da melhor genética e dos animais campeões entre os 3.207 de 88 raças inscritos, a Expointer 2017 faz um retrato do nível de ânimo no setor. Os levantamentos das últimas semanas deixam em dúvida se os números vindos do campo sustentam uma perspectiva de crescimento ou emitem um alarme falso. As exportações de soja batem recorde, mas a geração de empregos ainda patina.

Os empregos

No primeiro semestre, o agronegócio gaúcho gerou empregos, quase 7 mil. Porém, a quantidade é 4,7% menor do que no mesmo período do ano passado. Conforme estudo da Fundação de Economia e Estatística (FEE), o setor fumageiro está entre os de maior criação de empregos em 2017, junto à produção de lavouras permanentes, da fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários e do comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais. Já os setores que registraram maior fechamento de vagas foram os de produção de sementes e mudas certificadas, de fabricação de conservas, produção de lavouras temporárias e de abate e fabricação de produtos de carne.

O economista Rodrigo Feix, coordenador do Núcleo de Estudos do Agronegócio da FEE, ressalva que se trata de uma ligeira queda: 342 vagas a menos do que no mesmo período de 2017:

“O que explica essa queda é um componente bastante sazonal relacionado a uma cultura agrícola, como lavouras permanentes. Tem setores em recuperação, mas o principal destaque negativo são os setores mais vinculados à pecuária, por estar direcionada mais ao mercado interno e padecer mais dos efeitos da crise. Setores como lavouras temporárias e conexos a ela, com demanda externa mais firme, foram mais beneficiados.”

O poder da soja

Sobre as exportações de soja, não há dúvida. Fizeram diferença para a combalida economia gaúcha. No primeiro semestre, as exportações do Rio Grande do Sul somaram US$ 8,299 bilhões, um crescimento de US$ 599,5 milhões em relação ao mesmo período do ano anterior (alta de 7,8%). O grão representa um quarto do bolo das exportações do Estado em 2017: soja em grão (25,2%), carne de frango (6,5%), polímeros (6,3%), fumo em folhas (5,2%) e farelo de soja (4,4%).

A soja em grão gerou o maior crescimento em receitas no semestre, com um aumento de US$ 180,4 milhões em relação ao primeiro semestre de 2016 (mais 9,4% em valor e 9,1% em volume). Em 2017, foram embarcadas 5,596 milhões de toneladas de grãos de soja, batendo o recorde, sucessivamente quebrado desde 2013. Apesar dos recordes nos embarques, a receita auferida em dólar (US$ 2,092 bilhões) foi inferior à de 2014, ano em que o preço do grão no mercado internacional ainda estava em um nível elevado, antes do fim do boom das commodities.

O Rio Grande do Sul contribuiu com 12,5% das receitas da venda brasileira de soja, atrás de Mato Grosso e Paraná. O destino da soja gaúcha é predominantemente a China: em 2017, foi registrado o recorde de vendas para o gigante asiático (5,2 milhões de toneladas), representando 93% de toda a soja vendida até agora, proporção recorde para um primeiro semestre. Porém, as receitas das vendas de soja para a China também não foram maiores do que as auferidas em 2014.

O impacto no Brasil

Impulsionadas pela soja, as exportações do agronegócio no país atingiram US$ 9,68 bilhões em maio, superando em 12,8% o valor do mesmo mês do ano anterior. As importações cresceram 30%, passando para US$ 1,3 bilhão em maio deste ano. O superávit comercial do agronegócio brasileiro aumentou de US$ 7,59 bilhões para US$ 8,38 bilhões no mesmo período, sendo o terceiro maior da série histórica para meses de maio, abaixo apenas dos valores de 2012 e 2013.

O Brasil incrementou sua produção de soja em 18,5 milhões de toneladas na safra mais recente e ampliou suas exportações em quase 4 milhões de toneladas, passando de 30,8 milhões de toneladas exportadas entre janeiro e maio de 2016 para 34,8 milhões de toneladas entre janeiro e maio de 2017.

Caso o aumento das exportações chegue a 5 milhões de toneladas no ano, o Brasil exportará mais de 56 milhões de toneladas de soja neste ano e assim  ultrapassará as vendas externas norte-americanas do produto, projetadas em 55,8 milhões de toneladas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês). Um resultado nada desprezível em um país em crise.

Foto:

Daniela Barcellos/Palácio Piratini

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