Há mais políticos na mira da Lava Jato

A Lava Jato faz história novamente com a prisão do ex-presidente Michel Temer, como já havia feito com a condenação de Lula. Mas ainda há muitos políticos que terão que responder à Justiça as muitas acusações que receberam em delações, entre elas Dilma Rousseff, Aécio Neves, Gleisi Hoffman, Lindbergh Farias, Renan Calheiros. Lindbergh, por exemplo, é suspeito de receber R$ 4,5 milhões do departamento de propinas da Odebrecht. Mas investigação de corrupção ruma para a Justiça Eleitoral.

Entre os investigados pela operação e que perderam os cargos políticos, e consequentemente, o foro privilegiado, estão os senadores Valdir Raupp (RO), Edison Lobão (MA), Eunício Oliveira (CE) e Romero Jucá (RR), todos do MDB. Aspirantes ao Senado, Dilma Rousseff (PT-MG) e Beto Richa (PSDB-PR) tampouco se elegeram. Mas o ex-governador do Paraná já foi preso.

No Rio Grande do Sul, um dos derrotados nas urnas, mas na mira do Ministério Público Federal, é Marco Maia (PT), que não conseguiu se reeleger, após 12 anos no Congresso. Ele chegou a presidir a Câmara por duas vezes e até a Presidência da República, como interino. O parlamentar foi alvo de três investigações da Lava Jato.

As investigações ainda devem avançar em outros setores a partir da colaboração premiada do ex-ministro Antônio Palocci, firmada com a Polícia Federal.Os depoimentos de Palocci se concentram em situações que envolvem os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff (PT), mas o ex-ministro também deu detalhes sobre desvios ocorridos na área de Comunicação da Petrobras.

A Justiça Federal já tornou réus os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff e os ex-ministros de governos petistas Guido Mantega e Antonio Palocci no processo conhecido como “quadrilhão do PT”. Eles vão responder por organização criminosa.

Na decisão, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, citou trecho da denúncia do Ministério Público Federal que afirma que “os réus integraram organização criminosa como membros do PT, tendo sido cometidos diversos crimes contra a administração pública, entre os quais corrupção e lavagem de dinheiro relacionados com órgãos do governo e empresas investigadas na Lava Jato”.

O caso mais emblemático é o da ex-presidente Dilma. Segundo o então procurador geral da República Rodrigo Janot, Dilma passou a integrar o suposto grupo criminoso ainda em 2003, quando assumiu o Ministério de Minas e Energia. Os crimes teriam continuado a partir de 2011, quando ela assumiu a Presidência. O ex-procurador destacou supostas negociações feitas pela petista com a Odebrecht para financiamento de campanha.

Em sua delação premiada na semana passada, o ex-ministro Antônio Palloci dedicou um capítulo especial a ex-presidente. Depois de Lula, Dilma foi a mais implicada na delação. O ex-ministro confessou ter participado de um esquema que escoou R$ 50 milhões no processo de renegociação de dívidas com a União. A propina foi acertada em 2009, num negócio envolvendo o então presidente Lula e o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega.

O dinheiro foi usado na campanha que elegeu Dilma em 2010. Palocci disse que o acerto foi detalhado num encontro, com a presença de Dilma, no qual Lula teria falado abertamente sobre a arrecadação de valores ilícitos para a campanha da sua sucessora. Dilma não impunha resistência. Agia naturalmente. Dava aval aos ilícitos. Lula também pediu propinas do pré-sal para campanha de Dilma, segundo Palocci “Ele (Lula) disse: ‘o Palocci está aqui, Gabrielli, porque ele vai lhe acompanhar nesse projeto, porque ele vai ter total sucesso e para que garanta que uma parcela desses projetos financie a campanha da Dilma’. Leia também: Outro “projeto” fora montado para irrigar propina para a atual presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT), segundo a delação de Palocci. De acordo com o ex-ministro, o PT havia recebido R$ 50 milhões para ajudar na anulação das provas da Operação Castelo de Areia no Superior Tribunal de Justiça. O dinheiro foi repassado ao partido pela empreiteira Camargo Corrêa, a principal encrencada na operação. Parte da propina foi destinada à campanha da senadora Gleisi, segundo o site JusBrasil.

E há mais casos de políticos envolvidos em esquema de corrupção e que estão sendo correndo em segredo de Justiça por enquanto. Nesta semana, em decorrência do conteúdo de duas colaborações premiadas, homologadas pelo ministro Edson Fachin, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de 18 investigações autônomas envolvendo deputados federais e senadores do MDB, do PT e do Pros suspeitos de participação em um esquema de pagamento e recebimento de propina na Petrobras.

Comentários

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Please enter comment.
Please enter your name.
Please enter your email address.
Please enter a valid email address.
Please enter a valid web Url.