Liberdade de expressão não é um cheque em branco

Nos últimos dias não foram fáceis por aqui, mas o Brasil também tem seus furacões. Se não bastasse a dupla Janot e Joesley, meu coração de mãe foi alvejado pela notícia de um grande banco patrocinando, com renúncia fiscal de quase R$ 1 milhão, uma mostra com desenhos pornográficos para crianças em idade escolar. Nota zero.

Um movimento espontâneo da sociedade civil surgiu nas redes sociais, provando que a cidadania ainda pulsa no país e a democracia vive. Poucos dias depois da comemoração do Dia da Independência, já podeis, da Pátria Filhos, ver contente a mãe gentil. Tudo levava a crer que teríamos um final feliz, mas no Brasil o que não falta é plot twist.

O que parecia uma vitória da brava gente brasileira, desrespeitada duplamente pela corporação e pelo Estado, contra a exposição de imagens sexualmente explícitas, de uma vulgaridade fora do comum e com direito até a zoofilia, foi transformada num debate sobre “liberdade de expressão”. Oi?

Com todas as suas imperfeições e defeitos, acredito que a América tem o que falar sobre liberdade de expressão, o que até seus inimigos mais ferrenhos admitem. Desde a apresentação da Primeira Emenda à Constituição em 1789, promulgada dois anos depois, a “land of the free” é a referência quando se fala em liberdade e não é por acaso.

Por Ana Paula Henkel/Jornal O Estado de S. Paulo

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