Lições do Debate

Para aqueles que esperavam em embate duro e os candidatos se expondo, o ringue montado pela Band decepcionou. O movimento foi de sentir o terreno, sem arriscar, sob pena de queimar a largada e se inviabilizar no quadro sucessório. Entretanto, todos deixaram impressões importantes que precisam ser avaliadas.

Álvaro Dias, um parlamentar experiente, que fala muito bem de improviso da tribuna do Senado, falhou ao tentar se comunicar com o eleitor. Sua principal tarefa seria se colocar como uma alternativa a Geraldo Alckmin. Perdeu uma grande oportunidade. Álvaro precisa discorrer mais sobre propostas, sem carga midiática, para atrair os votos do tucano. A estratégia adota neste debate não ajuda sua chapa.

Mas o troféu decepção ficou com Henrique Meirelles. Sem experiência densa em campanhas, tentou seguir as orientações da cartilha de oratória e media training, mas faltam ainda muitas horas de prática para conseguir engrenar. Certamente será abandonado ao longo da campanha pelos que ainda apoiam sua candidatura e hoje
serve apenas de escudo para o verdadeiro candidato do governo, Geraldo Alckmin. Meirelles segue na disputa apenas para absorver a impopularidade de Temer.

Nenhum candidato tirou Bolsonaro da sua zona de conforto mais uma vez. Falou para o seu eleitorado e ainda ganhou pontos com os mais moderados, pois Cabo Daciolo atraiu para si uma postura radical. Não foi brilhante, mas também não comprometeu.

A estratégia geral de isolar o PT funcionou, o que ajuda Boulos e Ciro na disputa. Dois candidatos bem articulados, que sabem emitir sinais para a esquerda. Em um debate sem Lula ou Haddad, o PT foi sumariamente ignorado. Marina Silva mostrou que chegou para ser apenas coadjuvante e Alckmin insiste em ser Alckmin, um tecnocrata experiente. Aposta na falta de alternativas para emplacar.

Ao fim, o debate serviu para os candidatos sentirem o terreno onde estão pisando e serve para os que erraram ainda corrigir seu rumo, sob pena de a corrida presidencial se estreitar entre dois ou três candidatos no primeiro turno.

Por Márcio Coimbra, estrategista político e autor do blog Casa Política

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