Metade da população economicamente ativa está endividada

Soraia Aparecida dos Santos se endividou para fazer faculdade; Fábio Chagas para ajudar um amigo; e Roberto Iglesias para montar um negócio. Os três pegaram crédito por motivos diferentes, mas hoje vivem o drama de milhares de brasileiros que não conseguem pagar as contas em dia. Com renda em queda e desemprego, as dívidas logo saem do controle. Uma pesquisa da empresa de recuperação de crédito Recovery, feita pelo Data Popular, mostra que hoje o brasileiro inadimplente deve, em média, três vezes o que ganha e, em alguns casos, acumula até 20 dívidas diferentes.

Um quarto dos endividados pertence à classe alta e 40% têm ensino superior, sendo que 10% são pós-graduados. Na média, cada brasileiro inadimplente tem três dívidas acumuladas, que somam R$ 8.370. 79% deve para os bancos, mas o comércio apontou 2,59 dívidas por por pessoa. O pior e mais assombroso: 36% dos inadimplentes não sabem o tamanho de sua dívida.

O aumento do desemprego e a queda na renda são as principais causas do atraso nos pagamentos. De acordo com a pesquisa, 43% dos entrevistados apontaram o desemprego por não estarem em dia com as contas; 19% disseram não ter renda para pagar a dívida, sendo que 27% deles pertencem à classe baixa.

A maior parte das dívidas foi feita nos últimos três anos – período que coincide com o agravamento da crise econômica no País. De 2014 para cá, a taxa de desemprego mais que dobrou, atingindo 14 milhões de brasileiros. Ao mesmo tempo, a população teve de conviver com a disparada da inflação, escassez de crédito e juro alto. Foi uma combinação perfeita para o aumento da inadimplência, que hoje atinge um contingente de 61 milhões de brasileiros. “É metade da população economicamente ativa”, afirma o presidente da Recovery, Flavio Suchek.

O contingente de inadimplentes é o maior em pelo menos cinco anos – início do indicador de Inadimplência do Consumidor da Serasa Experian. “Diferentemente de outros períodos, como em 2012, a inadimplência elevada não é resultado de excesso de endividamento – até porque a carteira de crédito está em queda”, explica Luiz Rabi, economista da Serasa Experian. “Não é que o brasileiro está se endividando além da conta, é justamente o impacto da crise, com o desemprego em nível recorde. Não é que ele não quer pagar – ele não tem dinheiro.”

Fonte: O Estado de São Paulo

Foto: FGV

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