Mulheres de Poder – Patricia Blanco

Defender a liberdade de expressão não é somente combater a censura aos veículos de comunicação. É também apoiar a manifestação do pensamento individual e do acesso da sociedade à informação, às relações comerciais, à livre iniciativa e à transparência. É ainda estar confortável com o fato de os cidadãos expressarem sentimentos, ideias e opiniões sem o risco de cerceamento. Essa é a liberdade buscada por Patricia Blanco como presidente executiva do Instituto
Palavra Aberta.

“Brinco que muitas vezes minhas posições pessoais chegam a se confundir com o que defendo no Palavra Aberta. Isso porque tudo em que eu acredito está no instituto”, diz a paulista de Piraju, formada em Relações Públicas.

Fruto de uma ação conjunta das associações brasileiras de Rádio e Televisão (Abert) e de Agências de Publicidade (Abap) e nacionais de Editores de Revistas (Aner) e de Jornais (ANJ), o instituto tem como objetivo “a defesa da liberdade de imprensa e de expressão, inclusive comercial, de empreendimento e de iniciativa”. A fundação ocorreu em agosto de 2010. Chegou em um momento de plena ascensão das redes sociais, com aumento na disseminação de dados por indivíduos e pequenas estruturas. Isso não significa menos trabalho para o Palavra Aberta. Uma de suas ocupações é dissociar liberdade de irresponsabilidade, e esta encontrou espaço com a facilidade do anonimato e da falsificação de identidade, ou mesmo com pessoas bem intencionadas mas despreparadas para medir as
consequências do compartilhamento de informações.

Racismo, homofobia, ausência de pluralismo e, principalmente, a falta de disposição para ouvir a opinião do outro ameaçam a nova dimensão da liberdade de expressão. Para conter essa epidemia de intolerância, o instituto cultiva o debate. Em uma arena pública, contrapõe pensadores com opiniões divergentes, tendo como única amarra o respeito a ideias contrárias e a informações fidedignas, sem o ranço de considerar inimigo quem discorda.
Um dos desafios do Palavra Aberta é fazer os universitários de hoje, nativos digitais, compreenderem a liberdade de expressão como uma dura conquista da sociedade, sempre sob o risco de retrocesso. Para levar o posicionamento do instituto à sociedade são realizados ciclos com professores, advogados e jornalistas, entre outros painelistas, sempre abordando questões do momento. Em comum, os temas têm o contexto de, caso não discutidos, colocarem em xeque a liberdade de expressão.

“Essa postura de briga, de disputa e de revanchismo de opiniões, em muitas situações faz com que não consigamos avançar em determinados assuntos”, observa Patricia, com a experiência de estar desde a fundação na direção da entidade, a ponto de hoje ser não apenas sua carreira, mas algo maior. A defesa é a de uma causa, e não um setor em específico. Quando se defende uma causa, protege-se a coletividade, em vez de interesses individuais. Patricia lembra:
“Temos de deixar um pouco para trás as paixões, questão aflorada demais nos últimos anos, de todos os lados. Precisamos partir para a evolução, pois a democracia é aceitar as diferenças e a opinião de todos.”

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