Os Desafios de Geraldo

O ex-Governador de São Paulo conseguiu aquilo que sempre desejou, formalizar o apoio de um consórcio de partidos chamados de centro para a órbita de sua campanha. Seguirão ao lado dele PR, Progressistas, Solidariedade, Democratas, PTB, PRB e PSD.

O trabalho que vem pela frente é enorme. Crescer nas pesquisas é o maior desafio de de Alckmin. Para isso passa a contar com as armas e apoio dos novos aliados. A esperança é que o amplo tempo de rádio e TV possa sacudir seus números. Os novos sócios esperam também que sua rede de prefeitos e parlamentares possa trabalhar pelo candidato, impulsionando-o para o segundo turno. No papel, a estratégia é a correta.

Mas nas ruas, o sentimento é outro. Quem tem estrutura partidária, não tem votos e aqueles que carecem deste ativo, lideram as pesquisas. Neste ponto reside outro desafio de Geraldo Alckmin, apresentar-se como novidade em um pleito que tende para renovação. O eleitor espera novos nomes e práticas, enquanto o peessedebista surgirá turbinado pelos aliados que gravitam há décadas em torno do poder. Como passar a mensagem certa será talvez a principal batalha que surgirá durante a campanha.

Enquanto alguns analistas dizem que o vencedor é aquele que irá avançar sobre o voto dos indecisos, vemos que nas últimas eleições suplementares para governador, os indecisos preferiram a abstenção. Acreditar que aqueles que estão desiludidos com a política irão aderir ao candidato do establishment é uma crença duvidosa.

No plano interno, agora os partidos lutarão para acomodar a decisão nacional em suas bases. Alianças regionais terão que ser revisitadas, apoios devem ser repensados, levando o processo inteiro a um realinhamento geral. Mas enquanto dentro da política estes acordos ainda servem de combustível, do lado de fora cresce a sensação de que estamos diante da reedição de uma história que não agrada o eleitor.

Diante das alternativas que conhece, Alckmin fez a opção pelo caminho mais seguro e conhecido. Apesar disso, não deixa de ser perigoso. Vivemos uma nova dinâmica neste processo eleitoral e receitas antigas podem não produzir o resultado esperado. Além disso, a fadiga da Nova República, que impulsiona a renovação para dentro da política, torna o processo ainda mais intricado. Seria uma surpresa se diante do desgaste dos partidos, o eleitor optasse pela reedição do duelo entre petistas e tucanos.

Se a tática de Alckmin irá funcionar, somente o tempo dirá. Em uma campanha de tiro curto, com o poder das redes sociais cada vez mais ativo, a estratégia certa ainda é uma incógnita.

Por Márcio Coimbra, cientista político

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