Quem são os líderes mais influentes do Congresso

2024 será um ano agitado nos bastidores políticos brasileiros. Além das eleições municipais que ocorrem em outubro, o período deve ser marcado por uma intensa articulação nos bastidores do Congresso Nacional em torno da sucessão de Arthur Lira na presidência na Câmara dos Deputados e de Rodrigo Pacheco na presidência do Senado.

No ano passado, o Congresso exerceu um papel fundamental na aprovação de projetos considerados prioritários para o governo federal, como o novo Arcabouço Fiscal, a Reforma Tributária, valorização do salário mínimo e o programa Desenrola. Em troca, membros do Centrão ganharam espaço em ministérios e o volume de emendas parlamentares aumentaram.

O cientista político Jorge R. Mizael explica como funciona a relação entre o governo Lula e o Congresso Nacional, especialmente com Arthur Lira. “O Lula diz o que ele quer colocar em votação, e o Lira diz quando. Quem comanda o plenário é o Lira, e o Lula não tem base de apoio para votar matérias de coro qualificado. Então, Lira ‘aluga’ sua base de apoio pedindo, em contrapartida, uma maior participação no governo”, explica.

Mizael destaca que nas últimas três legislaturas ocorreu uma segmentação evidente dos deputados em um grande bloco, a bancada chamada de BBB: do boi, da bala e da bíblia. Ele coloca mais um “B” na sigla para falar sobre a bancada dos bancos e do mercado financeiro. Esse grande grupo é representado por diferentes Frentes Parlamentares que exercem grande influência na política nacional.

Nesse contexto, o Planalto precisará negociar com os principais nomes do Congresso para aprovar suas agendas prioritárias em 2024. “Para esse ano, as principais pautas estão relacionadas com questões orçamentárias, fiscais e econômicas. Exemplo disso são o veto das emendas de bancada, a desoneração dos 17 setores e a regulamentação da reforma tributária”, comenta Mizael.

DE OLHO NOS PRINCIPAIS LÍDERES DO CONGRESSO EM 2024

Aguinaldo Ribeiro (PP-PB)

Uma das principais demandas dos brasileiros desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, a Reforma Tributária finalmente começou a sair do papel em 2023. O relator do projeto na Câmara dos Deputados foi Aguinaldo Ribeiro, que conseguiu viabilizar a sua aprovação em um curto espaço de tempo e atendeu às reivindicações de diferentes grupos da sociedade.

Pedro Lupion (PP-PR)

A conturbada relação entre o governo Lula e o agronegócio brasileiro era uma das principais preocupações políticas antes do presidente assumir o terceiro mandato. Diante do cenário, Pedro Lupion assumiu a presidência da Frente Parlamentar da Agropecuária, com mais de 30 anos de atuação e conta com uma estrutura robusta institucionalizada por meio do Instituto Pensar a Agricultura (IPA).

Eli Borges (PL-TO)

A Frente Parlamentar Evangélica possui uma das maiores bancadas do Congresso, reunindo 202 deputados federais e 26 senadores. O deputado Eli Borges assumiu a presidência do grupo em fevereiro de 2024 com a aposta para fortalecer a oposição ao presidente Lula. Borges afirmou recentemente que o país passa por um momento de perseguição aos líderes religiosos. 

Alberto Fraga (PL-DF)

A Frente Parlamentar da Segurança Pública, também conhecida como bancada da bala, é liderada por Alberto Fraga. Ele é aliado histórico de Jair Bolsonaro e um dos principais nomes do PL na Câmara dos Deputados. Policial militar de carreira aposentado, Fraga defende o armamento da população.

Caroline de Toni (PL-SC)

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) é considerada a mais importante da Câmara. Ela tem poder para rejeitar propostas conforme seu parecer técnico ou enviá-los para votação no plenário. A partir de março, a CCJ vai ser presidida pela parlamentar catarinense Caroline de Toni, aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Efraim Filho (União-PB)

O deputado Efraim Filho é um dos coordenadores e nomes mais atuantes da Frente Parlamentar pelo Livre Mercado, que defende os interesses do mercado financeiro no Congresso. Ele costuma votar contra propostas que aumentem os gastos públicos e é a favor de uma política econômica liberal.

Elmar Nascimento (União-BA)

O favorito de Arthur Lira para assumir a presidência da Câmara dos Deputados em 2025, Elmar Nascimento é o líder do União Brasil na Casa. Com um perfil negociador semelhante ao de Lira, ele é adversário do PT na Bahia e conta com a desconfiança de parte do governo. No entanto, Nascimento já fez acenos ao Planalto e seu partido faz parte da base aliada, o que pode facilitar o apoio do PT. 

Marcos Pereira (Republicanos – SP)

O presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, é o favorito do Planalto para assumir o cargo de Arthur Lira. Ele se aproximou do governo após o seu partido assumir o Ministério de Portos e Aeroportos e tem o aval de Lula.

Pereira é pastor licenciado da Igreja Universal e um dos principais nomes da bancada da bíblia.

Antonio Brito (PSD-BA)

Deputado federal desde 2011, Antonio Brito também é um dos nomes cogitados para a presidência da Câmara. Com perfil discreto e conciliador, ele é próximo de congressistas do PT e tem boa relação com o Planalto. Sua candidatura começa a crescer nos bastidores com o diferencial da articulação do presidente do PSD, Gilberto Kassab.

Davi Alcolumbre (União-AP)

Presidente do Senado entre 2019 e 2021, Alcolumbre é o grande favorito para ocupar o cargo novamente em 2025. Ele conta com o apoio de Rodrigo Pacheco, atual presidente da Casa, da base aliada de Lula e de parte da oposição, atendendo pautas de interesse dos dois grupos.

Eliziane Gama (PSD-MA)

A senadora maranhense Eliziane Gama se coloca como uma das principais lideranças femininas do Congresso e já demonstrou interesse em presidir a Casa. Próxima do governo, ela deve encontrar resistência interna, já que o seu partido, o PSD, deve apoiar Alcolumbre.

Rogério Marinho (PL-RN)

Marinho é o líder da oposição no Senado Federal e concorreu contra Pacheco pela presidência da Casa em 2023. Ele é citado como principal opção para o grupo contra o governo marcar posição na disputa. Ele já manifestou publicamente a vontade.

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