SABER OUVIR

Por Pedro Westphalen

Embora pareçam distintas, a medicina e a política têm muito em comum. Em ambas as áreas, é fundamental saber ouvir as pessoas – entender problemas, necessidades e anseios. O sistema de saúde é composto por inúmeros segmentos. O foco sempre será o paciente, mas médicos, diversos profissionais, hospitais, outros atores e suas entidades representativas também devem ser escutados.

Para políticas públicas efetivas, muito além do SUS, deve-se levar em consideração toda a complexidade do setor. É preciso conhecer o sistema suplementar de atenção à saúde e suas interfaces, a indústria médico-hospitalar e o conjunto de instituições que movimentam a economia da saúde. Unir – e ouvir – esses diferentes elos, pensando de forma sistêmica e com foco no cidadão, é o caminho para solucionar as crises cíclicas.

Em minha trajetória, atuei dos dois lados, junto aos pacientes e como gestor hospitalar. Conheço as dificuldades para fechar as contas contando com escassos repasses, muitas vezes atrasados, de recursos inadiáveis. O enfrentamento dessa situação é um desafio que exige a reestruturação de todo o sistema, utilizando os quatro pilares estratégicos que sempre defendi: o acesso amplo e irrestrito dos pacientes aos serviços de saúde; a qualidade e segurança dos cuidados prestados; a gestão responsável e eficiente para alcançar resultados; e o financiamento justo e alinhado ao desempenho.

No primeiro semestre, debatemos na Câmara demandas que impactam a sociedade, como a falta de atualização da tabela SUS e a crescente judicialização do setor. Estamos trabalhando para transformar a saúde brasileira, alinhado às políticas do ministro Luiz Henrique Mandetta, que lidera com competência essa nova fase.

O atual momento do Brasil permite avanços. A Reforma da Previdência, que uniu amplos setores da sociedade, é um grande exemplo deste movimento de transformação. Estamos avançando de forma persistente na saúde, mas sabemos que é preciso muito mais. Como aprendi na medicina, devemos ouvir as pessoas e os diversos segmentos. Assim, poderemos entregar uma saúde de qualidade, com custos adequados e resultados assistenciais efetivos e concretos.

*Vice-presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNS) e deputado federal (Progressistas-RS)

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