Senadora Ana Amélia aceita ser vice de Alckmin

As últimas 24 horas provocaram uma reviravolta nas eleições presidenciais e para a disputa do governo gaúcho. A senadora Ana Amélia Lemos abriu mão de uma eleição em que tinha tudo para manter sua vaga no Senado por mais oito anos em nome de um desafio bem maior. Após relutar bastante e chegar a negar que seria vice na chapa do tucano Geraldo Alckmin, ela acabou cedendo à pressão.

Pela manhã, ela chegou a brincar que precisava consultar seu médico antes de tomar qualquer decisão. Com uma crise de hipertensão, precisou ser atendida em um hospital de Caxias do Sul. A senadora vinha de um ritmo intenso de campanha ao Senado, visitando diversos municípios do interior gaúcho.

As negociações não foram fáceis. Na convenção nacional do PP hoje em Brasília, ela precisou negociar com integrantes do seu partido e participar de diversas reuniões ao longo do dia. O deputado Luiz Carlos Heinze (PP), que seria candidato ao governo gaúcho, deve entrar na disputa pela vaga no Senado. Diante das mudanças do quadro político, o PP-RS apoiará o tucano Eduardo Leite. O anúncio oficial, porém, só será feito após a situação regional do PP no Rio Grande do Sul ser resolvida. O partido havia decidido apoiar a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL).

Bastidores

As negociações evoluíram após um encontro entre a senadora e o presidenciável na noite de quarta-feira. Hoje, os dois posaram para fotos durante a convenção nacional do PP, na Câmara dos Deputados em Brasília. “Um cargo de vice, você tem de avaliar se tem condições, competência e se está habilitada para isso”, afirmou ela, lembrando que três vice-presidentes assumiram o cargo no Brasil. “Vice não é mais uma figura decorativa no Brasil”.

Ana Amélia tem força no agronegócio e o apoio dos ruralistas. Sua força no Rio Grande do Sul atinge a candidatura do senador e presidenciável Álvaro Dias, do Paraná. Ela também deve “roubar” votos de Jair Bolsonaro nos estados do Sul.

“A Ana Amélia é querida por boa parte dos eleitores à direita, ao centro e, como sabe contestar esquerdistas serenamente, até à esquerda. Como vice, viverá a luta entre atrair eleitores que o tucano não tem e ficar desgastada com eles – especialmente à direita”, avalia o jornalista Felipe Moura Brasil.

Com a reeleição praticamente ganha no Rio Grande do Sul, Ana Amélia acabou seduzida pelo desafio. O primeiro sinal de que aceitaria o convite do PSDB veio com a declaração “Eu tenho que pensar no País”. Foi a senha para que a mídia e seus eleitores na redes sociais passassem a avaliar o que significa para a carreira política da senadora aceitar concorrer como vice de Alckmin.

Muitos eleitores pediram que ela não abrisse mão de seu projeto político. A senadora se destacou por ser uma defensora implacável da Lava Jato, votando inclusive contra seus colegas de partido citados na maior operação contra corrupção do País.

“É muito importante ter uma mulher da qualidade dela ajudando a conduzir os rumos do nosso país”, diz a deputada estadual Ana Ortiz. Outro que se manifestou foi o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ). ” A Ana Amélia é um bom nome para ser vice de Geraldo Alckmin, pois é forte no Sul do País”.

Ana Amélia é destaque na Política nacional. É a primeira colocada no Ranking dos Políticos, que mede a atuação legislativa, transparência, frequência, privilégios, dentre outros pontos. É sem dúvida um nome de peso para a campanha de Alckmin.

Respeitada como uma mulher atuante e determinada, o apoio da senadora Ana Amélia (PP-RS) ao candidato Geraldo Alckmin (PSDB) deve agregar um enorme valor durante a campanha eleitoral. Alckmin tinha a senadora como nome preferido entre os que passaram a ser analisados como possíveis vices desde que o empresário Josué Gomes da Silva, dono da Coteminas e filho do ex-vice-presidente José Alencar, rejeitou compor a chapa.