Tragédia no Rio Grande do Sul: 94,3% da economia gaúcha foi afetada pelas cheias

Enquanto o Rio Grande do Sul amarga uma catástrofe climática sem precedentes que atingiu a grande maioria dos seus municípios e deixou um rastro de destruição, mortos, feridos e desabrigados, ainda há muito o que enfrentar. Com a paralisação da quase totalidade das atividades em muitas cidades, que ainda estão debaixo d ‘água, a economia do Estado também começa a colapsar. Empresas e setores relevantes para a composição da renda paralisaram as linhas de produção e os efeitos da crise são imensuráveis para o RS, responsável pelo quarto maior Produto Interno Bruto (PIB) do país, e para todo o Brasil. 

A economia gaúcha poderá terminar o ano com crescimento praticamente zero, conforme previsão do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco. Para o Brasil, a retração poderá ser de até 0,3 ponto percentual. O cenário previsto por analistas levou em consideração o impacto de outros grandes eventos que influenciaram negativamente na economia gaúcha, como o ciclone de 2008 e a pandemia de Covid-19.

 Diante desse cenário, economistas do banco citam que o PIB nacional teria impacto negativo de 0,2 a 0,3 ponto percentual. Antes da tragédia, a previsão da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) indicava que o PIB do estado teria crescimento de 4,7% neste ano. 

Estudo divulgado essa semana pela mesma federação apontou que 94,3% da economia gaúcha foi afetada pelas cheias. Os locais mais atingidos incluem os principais polos industriais do Rio Grande do Sul, impactando segmentos significativos para a economia do Estado. Em relação à atividade econômica, as quatro regiões com maiores municípios com Valor Adicionado Bruto (VAB) potencialmente afetado são: Metropolitana de Porto Alegre (R$ 108 bilhões), Vale do Sinos (R$ 65 bilhões), Serra (R$ 47 bilhões) e Planalto (R$ 46 bilhões). Em relação ao VAB da indústria, as regiões com maior atividade industrial potencialmente atingida são: Vale dos Sinos (R$ 25 bilhões), Metropolitana de Porto Alegre (R$ 17 bilhões), Vale do Taquari (R$ 16 bilhões) e Serra (R$ 15 bilhões).

Superior a 41

A enchente que impacta Porto Alegre já superou os registros da tragédia vivida em 1941, quando a capital também sofreu com as cheias do lago Guaíba. Na época, o nível chegou a 4,76 m, o equivalente a 59 centímetros abaixo do atual desastre, e levou 32 dias para que retornasse ao limite seguro de três metros. Neste momento, ainda não há previsão de normalização e especialistas apostam que o período será mais prolongado do que o enfrentado há 83 anos.

Em 41, a enchente durou 22 dias e deixou 70 mil desabrigados. As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul  em 2024 já afetaram 425 cidades e mudaram a vida de quase 1,5 milhão de pessoas no estado. Hoje, conforme dados da Defesa Civil, já são 148 mortos,  124 desaparecidos, 538.5 desalojados e 446 municípios afetados.

Como ajudar

O Instituto Cultural Floresta está com uma campanha de doações. Os donativos devem ser entregues no estacionamento coberto do Shopping Center Iguatemi, em Porto Alegre, ao lado das Lojas Renner, que fica na avenida João Wallig, 1.800, no bairro Passo d´Areia. Neste momento, estão sendo solicitados materiais de construção (geradores, pá, carrinho de mão, luvas, botas de borracha, saco de lixo e lanternas – novos e em grande quantidade), materiais para casa (colchões, cobertores, roupas adulto e infantil, sapatos adulto e infantil, travesseiros, eletrodoméstico, computadores, notebooks e impressoras), além de insumos de saúde e higiene (equipamentos médico hospitalares, medicamentos, fraldas descartáveis, lenço umedecido, antitérmico, vermífugo, inalador para asma, fórmula leite infantil), e kits de limpeza e de higiene pessoal (em formato de kit).

Já o Instituto Caldeira está recebendo doações por Pix e direcionando para ações e parceiros que atuam na linha de frente dos resgates e acolhimentos. As doações devem ser feitas pela chave SOSRS@INSTITUTOCALDEIRA.ORG.

Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini

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