Um Novo Ciclo Político

Estamos diante de um profundo processo de mudança, algo que acontece a cada três décadas na política nacional. O último movimento de fundo, que iniciou o ciclo atual, foi a eleição de Fernando Collor, que juntamente com a redemocratização, encerrou o período dos governos militares. A eleição Bolsonaro vem colocar um fim na Nova
República e iniciar um novo ciclo.

O Brasil que sai das urnas é conservador e tem uma agenda clara de reformas que vão desde valores morais, passando por uma profunda reorganização da economia que se baseia em uma agenda liberal. Podemos esperar redução de ministérios, cargos comissionados e racionalização dos gastos do governo. A disciplina fiscal será a tônica desta administração e isto certamente trará benefícios grandes para o país.

Veremos uma nova correlação de forças no Congresso Nacional. Uma nova configuração da Câmara dos Deputados com dois grandes partidos de visões antagônicas na liderança dividindo o palco. No centro, um bloco de partidos médios para onde foram rebaixados PSDB e MDB. Ali já se encontram PSD, DEM, PR, PRB, PP e PSB. Este novo centro tende a apoiar o novo governo, mas caberá ao Presidente-Eleito Bolsonaro configurar esta base no Parlamento.

O terremoto que abalou as estruturas da política brasileira levará necessariamente ao reprograma do presidencialismo de coalizão. Ao tentar reinventá-lo, Bolsonaro talvez forneça uma das maiores contribuições para política brasileira, que busca meios de existir sem os truques dos acordos de bastidores.

Um novo PSDB emerge das urnas. Existe uma troca geracional em curso com a saída de cena dos grandes caciques e a entrada de um novo corpo de parlamentares jovens e dispostos a fornecer uma nova roupagem ao partido. A eleição de João Doria em São Paulo e Eduardo Leite no Rio Grande do Sul irá moldar os caminhos dos tucanos. Doria, novo Governador de São Paulo, tem uma missão clara: desalojar Geraldo Alckmin da Presidência do PSDB e refundar o partido, que deve se alinhar ao governo Bolsonaro.

Nos estados, Bolsonaro conseguiu impulsionar a eleição de aliados. Witzel no Rio de Janeiro, Zema em Minas Gerais, Ratinho no Paraná, Doria em São Paulo e Caiado em Goiás são governadores que certamente terão uma interlocução facilitada com o novo Presidente. Falam a mesma língua de Bolsonaro e podem tornar-se importantes parceiros do novo governo. O Nordeste, berço dos governadores de esquerda, deve buscar algum tipo de interlocução com o Planalto.

Bolsonaro, em seu primeiro discurso como Presidente-Eleito, mostrou respeito institucional, apreço pela ordem constitucional e democrática. Esta postura, aliada a abertura econômica e realinhamento político, são os eixos fundamentais do governo que em breve será inaugurado. Mais do que um novo governo, esta mudança sinaliza
que entraremos em um novo ciclo político. A conferir.

Por Márcio Coimbra, Estrategista Político
Instituto Casa Política
www.casapolitica.com.br

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