VOTO apresenta segunda edição do Mulheres que Orgulham o Brasil

(Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

A VOTO traz, nesta edição, a segunda parte do projeto Mulheres que Orgulham o Brasil, cujo objetivo é homenagear dez mulheres de destaque em suas áreas de atuação dentro e fora do Brasil, muitas vezes conquistando posições ocupadas exclusivamente por homens ao longo de muito tempo. A busca por um país e um mundo mais justos e prósperos são as bases do protagonismo de cada uma das homenageadas e razão de existir dessa iniciativa fruto de parceria entre a revista e o jornal britânico Financial Times.

Na edição #146 publicamos os perfis de cinco delas: Michelle Bolsonaro, primeira-dama do Brasil; Patricia Ellen, secretária do Desenvolvimento do Estado de São Paulo; Karina Kufa, advogada especialista em legislação eleitoral; Gabriela Manssur, promotora de Justiça e fundadora do movimento Justiça de Saia; e Paula Paschoal, CEO do PayPal.

Agora as homenageadas cujas trajetórias mostramos nas próximas páginas a seguir são: Tereza Cristina, ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a segunda mulher a ocupar o cargo em 159 anos de existência da pasta; Alcione Albanesi, empresária que, à frente da entidade Amigos do Bem, atua há 27 anos para promover a inclusão social no País; Damares Alves, atual ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos; a executiva Sylvia Coutinho, presidente do banco suíço UBS no Brasil; e a deputada federal Paula Belmonte, uma das mulheres eleitas para a Câmara na última eleição para o Legislativo, pleito que elevou em 51% a participação feminina na casa, passando de 51 cadeiras (em 2014) para 77 (em 2018), de acordo com dados do TSE.

A pandemia de coronavírus impôs um adiamento na solenidade do projeto. Mas, como parte da homenagem, seguem previstos eventos em São Paulo, no Palácio Tangará, e em Londres, na sede do Financial Times. As dez mulheres selecionadas pela VOTO traduzem os valores que entendemos como essenciais para o mundo atual: pioneirismo, integridade e independência. Seja na política, seja nos negócios, elas devem ser ouvidas e contribuir para a tomada de decisões.

Alcione Albanesi

Incomodado com a situação de miséria no sertão nordestino, um grupo de amigos liderados pela empresária Alcione Albanesi se mobilizou para fundar, em 1993, a Amigos do Bem. A instituição já atendeu 1,5 milhão de pessoas nesses 27 anos, atuando para promover a inclusão social e romper o ciclo de pobreza extrema daquela região, por meio de projetos de educação, trabalho e renda, que proporcionam acesso a saúde, água e moradia. O grande mote que pauta as ações da organização é: “Se não posso fazer tudo o que devo, devo ao menos fazer tudo o que posso.”

Alcione afirma que chegou mais longe do que imaginou, no início. “A primeira viagem ao sertão nordestino mudou a minha forma de ver e sentir o mundo. Acredito que a miséria tem solução. Com o amor e o trabalho de muitos amigos, já modificamos milhares de vidas na região mais carente do nosso País”, diz ela. “Acredito em pessoas que, de forma simples, fazem coisas extraordinárias. Fazer o bem é o sentimento de dever cumprido perante a vida.”

A Amigos do Bem contabiliza 75 mil atendimentos mensais em 130 povoados do interior de Alagoas, Pernambuco e Ceará. Entre os seus maiores orgulhos está a construção dos quatro Centros de Transformação, nos quais são servidas mensalmente 180 mil refeições e mais de dez mil crianças e jovens participam de atividades educativas e culturais, que incluem reforço escolar, aulas de inglês e cursos profissionalizantes de culinária, cabeleireiro, informática e manicure. A entidade ainda oferece bolsas de estudo no ensino superior e já criou mil postos de trabalho no interior, em plantações, oficinas de costura e artesanato, na produção de doces e mel e na própria fábrica de beneficiamento de castanha-de-caju.

A trajetória empreendedora de Alcione passou pela construção, nos anos de 1980, de uma corporação líder no segmento de lâmpadas no Brasil, que vendeu para fundar a Amigos do Bem. Ela hoje comanda uma rede de 9.200 voluntários, que trabalham com o objetivo de estabelecer o desenvolvimento sustentável no Nordeste.

Alcione é vencedora de diversas edições do prêmio Empreendedor do Ano, da Ernst Young; além de ter sido reconhecida pelo Projeto Generosidade, da Editora Globo; Mulher Claudia e Trip Transformadores, entre outros. Em 2018, foi homenageada com o título de Cidadã Pernambucana. Em 2019, recebeu o Prêmio Empreendedor Social, concedido pelos leitores do jornal Folha de S. Paulo.

Damares Alves

Damares Alves, a atual ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, é formada em Direito pela Faculdade de São Carlos e em Pedagogia pela Faculdade Pio Décimo, de Aracaju (SE). Nascida no Paraná, mudou-se aos seis anos para o Nordeste, morando na Bahia e em Alagoas. Ela se declara “uma mulher tipicamente nordestina”. Dessa fase da vida, diz ter aprendido que “a vida no Brasil pode ser muito dura para quem não nasceu em berço de ouro.”

Além de advogada, é mãe, pastora evangélica e educadora. Na década de 1980, envolveu-se na defesa dos direitos humanos e foi uma das fundadoras do comitê sergipano do Movimento Nacional de Meninas e Meninos, cuja principal função social é a proteção de crianças em situação de rua.

Atuou também em prol dos direitos das mulheres pescadoras e trabalhadoras do campo e no combate à pedofilia. Ainda advogou voluntariamente para mulheres e crianças em situações de vulnerabilidade social e violência doméstica.

O ministério que comanda no governo de Jair Bolsonaro reúne as competências de formulação, coordenação e execução de políticas e diretrizes voltadas à promoção dos direitos humanos. Entre os órgãos que constituem a Pasta estão as secretarias nacionais da Proteção Global, da Família, da Juventude, dos Direitos da Pessoa Idosa, dos Direitos da Criança e do Adolescente, de Políticas para as Mulheres, dos Direitos da Pessoa com Deficiência e das Políticas de Promoção da Igualdade Racial. O ministério também é responsável pela articulação institucional com os órgãos colegiados da sociedade civil, como o Conselho Nacional de Direitos Humanos, o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial e outros conselhos, comitês e comissões.

Damares afirma que o propósito de seu trabalho vai além da crença religiosa ou da ideologia. “Que nenhuma mulher seja discriminada por suas convicções, por suas aspirações ou por sua fé. Que todas tenham as mesmas oportunidades e os direitos dos homens. E, principalmente, que sejam protegidas das situações de violência. É por isso que lutamos.”

Paula Belmonte

Cuidar das crianças, especialmente na primeira infância, é um dos objetivos que movem a deputada federal, Paula Belmonte. Casada e mãe de seis filhos, a parlamentar coordena a comissão externa que acompanha o desenvolvimento de projetos e programas do governo federal voltados para a primeira infância.  “O investimento nos primeiros anos de vida e no empreendedorismo podem promover mudanças no Brasil”, garante ela.

Em 2019, seu primeiro ano de mandato, apresentou 173 proposições na Câmara dos Deputados, conseguindo a sanção presidencial da Lei Biênio da Primeira Infância do Brasil, com vigência para 2020 e 2021, cujo objetivo é alertar sobre a importância do desenvolvimento infantil nos primeiros anos de vida.

Sua atuação no Congresso tem outros dois focos: a geração de emprego e a fiscalização do uso do dinheiro do contribuinte.

“Tenho um mandato estruturado em três pilares. O primeiro é para garantir os direitos e o desenvolvimento completo das crianças no período da primeira infância. O segundo é apoiar e fomentar o empreendedorismo, como forma de inclusão social, geração de emprego e renda. E o terceiro é a fiscalização, como forma de garantir a efetividade dos investimentos do governo em políticas públicas voltadas para o crescimento e desenvolvimento do País”, resume a deputada.

Paula Moreno Paro Belmonte elegeu-se deputada federal pelo Distrito Federal com 46.069 votos, em 2018. Parlamentar de primeiro mandato, é filiada ao partido Cidadania. Antes de se dedicar às causas públicas, atuou como administradora de empresas no setor privado, principalmente nas áreas de construção civil e incorporação imobiliária.

Paula é titular da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e se destacou como primeira vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No Congresso, tem trabalhado ainda pelo Projeto de Lei n.º 6593/19, de sua autoria, que regula a criação e a organização de “empresas jovens” em instituições de ensino que ofereçam cursos técnicos. A proposta prevê que essas empresas sejam geridas pelos próprios estudantes, com o propósito de desenvolver projetos, produtos e serviços que contribuam para o desenvolvimento profissional dos associados.

Sylvia Coutinho

Presidente do banco suíço UBS no Brasil desde 2013, Sylvia Coutinho é a primeira mulher a ocupar a função. Formada em Eengenharia Agronômica pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba, no interior paulista, ela não chegou a atuar na área do agronegócio. Em 1984, quando cursava pós-gradução em Economia  Agrícola, foi convidada a trabalhar para o Citibank, integrando-se ao programa de trainees.

Ela jamais deixaria o mercado financeiro. Em 2005, passou a integrar a diretoria do banco HSBC, inaugurando a presença feminina no grupo. Depois, continuaria a desbravar terrenos, sendo a primeira brasileira a assumir a direção da área de varejo e gestão de recursos para a América Latina do banco.

Sylvia passou 29 anos em cargos de liderança em instituições bancárias. Na última posição antes de ingressar no UBS, Sylvia era responsável, no HSBC, por mais de 26 mil pessoas, 15 milhões de clientes, 2,5 mil filiais e US$ 130 bilhões em ativos sob gestão.

Casada há mais de três décadas e mãe de dois filhos que já passaram dos 20 anos de idade, a executiva viveu por 12 anos nos Estados Unidos. “Faria tudo de novo”, declara, ao comentar sua trajetória. Desde 2018, acumula o comando da área de gestão de fortunas do UBS para a América Latina. O banco, que atua há 150 anos no ramo, possui sob sua tutela centenas de bilhões de reais na região.

Sylvia participa, ainda, do quadro de conselheiros de entidades sem fins lucrativos, como Instituto Ayrton Senna; World Economic Forum; Fundação Dom Cabral; Grupo Estratégico da Coalizão Brasil Clima, Floresta e Agricultura; entre outras.

Sobre o atual momento de crise, causada pela pandemia de coronavírus, a executiva diz acreditar que haverá superação, com esforço conjunto. “Cresci no Brasil em um período no qual mudança e instabilidade eram a norma, e vivenciei o quanto se aprende em momentos de crise”, diz. “Nessas situações, realmente conhecemos as pessoas e a nós mesmos. Crises desarranjam o status quo e criam oportunidades para quem consegue ver mais longe e trazer o time junto. Desta vez, não será diferente.”

Tereza Cristina 

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, é a segunda mulher a ocupar o cargo, em 159 anos de existência da pasta. Desde de que foi cria
do, em 1861, durante o segundo reinado de Dom Pedro II, o Ministério da Agricultura teve como titulares Bentos,Eduardos, Fernandos, muitos Antônios e Josés, um Pandiá, Osvaldos, Afonsos… Foram 119 ministros até 2014. Somente em 2015 viria a primeira ministra: Kátia Abreu.

Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias nasceu em Campo Grande (MS), é formada em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Viçosa (UFV – MG), trabalhou em fazendas da família e dirigiu empresas em São Paulo. Na década de 1990, ocupou cargos em entidades agrícolas do Mato Grosso do Sul. Casada com o economista Caio Dias, é mãe de Luis Felipe e Ana Luiza e avó de Eduardo.

Em 2014, foi eleita deputada federal, com 75.149 votos. Em 2018, seria premiada na categoria “Melhores deputados”, na 11ª edição do Prêmio Congresso em Foco, portal de notícias do parlamento. Foi uma das dez deputadas mais bem avaliadas da Câmara. Reeleita para mais um mandato em 2018, aceitou o convite do presidente Jair Bolsonaro para comandar o Ministério da Agricultura.

Grande conhecedora da área agrícola, Tereza chefia o ministério no qual a maioria dos atores, dentro e fora do governo, ainda é do sexo masculino. Mas a questão de
gênero não está na pauta do dia. Seu trabalho é voltado ao desenvolvimento do agronegócio nacional. “Já somos uma potência agropecuária e ainda temos muito espaço para continuar crescendo. O Brasil é o terceiro maior exportador mundial de produtos agrícolas e o principal produtor e exportador de produtos importantes como açúcar, café, soja e suco de laranja. Além disso, somos um dos poucos países do mundo com capacidade para expandir significativamente a oferta de alimentos de forma sustentável”, afirma a ministra.

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