Web será marco da disputa eleitoral em 2018

O ano de 2018 deverá contar com uma participação histórica do cidadão brasileiro na política através das redes sociais, algo jamais visto por aqui no contexto eleitoral do país. São 120 milhões de pessoas conectadas, o quarto lugar no ranking mundial de usuários de internet – segundo o relatório de economia digital da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, divulgado em outubro último – em um ambiente de forte polarização ideológica e política.

A audiência existe comprovadamente e a influência do marketing digital nas campanhas eleitorais já é uma realidade na vida dos brasileiros. O que falta, no entanto, é o entendimento de muitos candidatos – e de suas equipes de comunicação – sobre as estratégias políticas e eleitorais dentro das redes sociais, que garantam possibilidades reais para um candidato se destacar por meio do uso de novas ferramentas e tecnologias, fazendo da internet um fórum benéfico para o início de debates e disseminação de ideias, com ética, transparência e respeito às diferenças.

Uma das grandes ameaças à realização de uma campanha democrática e justa na web cresce exponencialmente: as fake news, notícias falsas fabricadas que podem causar danos irreversíveis a candidaturas. O ministro Luiz Fux, que vai assumir a Presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em fevereiro próximo, evidenciou que não será tolerante com a proliferação de informações mentirosas e sinalizou que é possível o bloqueio de bens e até mesmo a detenção dos envolvidos.

Iniciativas importantes surgem no horizonte para tentar coibir ou mitigar o impacto das notícias falsas. Em suas 10 resoluções sobre as eleições 2018, o TSE divulgou regras para a disputa na web, definindo, entre tantos itens, que a manifestação do pensamento do eleitor é livre, porém, passível de limitação em alguns casos, como a ofensa à honra de terceiros ou a divulgação de fatos inverídicos.

Mas nem tudo é ameaça, existem oportunidades “embaladas para presente” em uma gama de recursos e tendências que poderão ajudar, e muito, os candidatos a ganhar relevância. Destaco o Big Data, que promete ser a grande estrela das eleições de 2018!  O estudo dos hábitos, comportamento e sentimento dos eleitores, como forma de entender seus anseios, gerar tendências e uma comunicação mais segmentada e eficaz, mediante a mineração, análise e cruzamento de dados. Com base nessa estratégia, que reúne uma série de pontos complexos, o político terá a oportunidade de falar de forma assertiva com quem está mais afinado com as suas propostas e terá mais chances de agradar quem já o segue, angariar simpatizantes e converter eleitores indecisos.

Outra boa nova é o impulsionamento de conteúdo que acaba de ser liberado para a campanha eleitoral. Se bem segmentada, a publicidade pode alcançar o público-alvo desejado e acabar de vez com a estratégia do “tiro de canhão”, que envia artilharia pesada na última semana para uma quantidade enorme de pessoas que nada têm em comum com o candidato, criando a sensação de invasão de privacidade. Ainda que a rede seja aberta, não significa que todos devam ser impactados pela mesma marca, seja ela política, corporativa ou institucional.

As chances de obter destaque na internet são muitas. Vale lembrar, no entanto, que campanhas de sucesso devem ser muito bem planejadas e estruturadas, com profissionais qualificados e multidisciplinares, que saibam atuar com excelência na internet, com o objetivo de gerar autoridade para o candidato, elevar a sua reputação, divulgar suas propostas de forma eficaz e, dessa forma, ser um diferencial em um ambiente acirrado e de alta competitividade.

Por Luciana Salgado é professora do MBA de Marketing Digital da Fundação Getulio Vargas (FGV) e da Universidade Veiga de Almeida (UVA) e consultora de Marketing Digital.

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