Bolsonaro diz que cumprirá promessas e governará com a Constituição

O presidente eleito do país Jair Bolsonaro (PSL) usou sua conta oficial no Facebook, que tem mais de 8 milhões de seguidores, para transmitir seu primeiro discurso após a vitória. Foram quase 8 minutos de pronunciamento na rede social, ao lado de sua esposa, Michele, e de uma tradutora de Libras (Língua Brasileira de Sinais). As imagens foram gravadas na casa do próprio candidato eleito. Sobre a mesa, havia exemplares da Bíblia, da Constituição e de um livro sobre o ex-primeiro ministro britânico Wiston Churchill, que liderou o Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial.

Inicialmente, Bolsonaro fez uma referência religiosa e agradeceu aos médicos que cuidaram de sua saúde, após o atentando à faca que sofreu no dia 6 de setembro. “Fizemos uma campanha diferente das outras. Nossa bandeira e nosso slogan, fui buscar naquilo que muitos chamam de caixa de ferramentas para consertar o homem e a mulher: a Bíblia sagrada”,

Ele lembrou que tomou a decisão de disputar a Presidência da República há quatro anos. “A verdade tem que começar a valer dentro dos lares, até o ponto mais alto, que é a Presidência da República. O povo, mais que o dever, tem o direito de saber o que acontece em seu país. Graças a Deus, essa verdade o povo entendeu perfeitamente. Alguém sem um grande partido, sem um fundo partidário, com grande parte da grande mídia o tempo todo criticando, colocando-me numa situação, muitas vezes, próximo a uma situação vexatória”.

Sem fazer referência a Fernando Haddad, o presidente eleito falou que o país clamava por mudança e fez críticas à esquerda, prometendo governar sem indicações políticas. “Não podíamos mais continuar flertando com o socialismo, o comunismo e o extremismo da esquerda. (…) O que eu mais quero, seguindo o ensinamento de Deus, ao lado da Constituição brasileira, inspirando-se em grandes líderes mundiais e com uma boa assessoria técnica e profissional, isenta de indicações políticas de praxe, começar a fazer um governo, a partir do ano que vem, que possa colocar o Brasil em um lugar de destaque”, afirmou.

Bolsonaro disse ainda que terá governabilidade, “dado os contatos que fizemos ao longo dos últimos anos” e disse que “todos os compromissos assumidos com essas bandeiras serão cumpridos, com o povo em cada local do Brasil em que estive presente”.

Pronunciamento

Minutos depois, Bolsonaro falou em rede nacional, para emissoras de rádio e televisão do país. Antes de ler o discurso escrito, houve um rápido momento de oração, puxado pelo senador Magno Malta (PR), integrante da bancada evangélica e aliado do presidente eleito. Nesse segundo pronunciamento, Bolsonaro voltou a agradecer a Deus e ao povo brasileiro e falou dos diversos compromissos assumidos.

“O que ocorreu hoje na urnas não foi a vitória de um partido, mas a celebração de um país pela liberdade. O compromisso que assumimos foi fazer um governo decente. Nosso governo será formado por pessoas com o mesmo propósito de transformar nosso país em uma grande, livre e próspera nação. Trabalharemos dia e noite para isso”, afirmou.

Em seguida, defendeu as liberdades de empreender, política, religiosa e de informar e ser informado. Bolsonaro disse que “não existem brasileiros do Sul e do Norte. Somos todos um só país, somos todos uma só nação”. Ao se dirigir aos jovens, ele disse que vai governar “com os olhos nas futuras gerações e não na próxima eleição”.
Federação

Bolsonaro falou também em “desamarrar” o Brasil e disse que vai descentralizar a liberação de recursos para os municípios. “Os recursos federais irão diretamente do governo central para os estados e municípios. Precisamos de mais Brasil e menos Brasília”.

Economia

O presidente eleito prometeu reduzir o tamanho do Estado. “O governo dará um passo atrás, reduzindo sua estrutura e cortando privilégios, para que a sociedade dê muitos passos à frente”. Afirmou que terá compromisso com o emprego, a renda e o equilíbrio fiscal. O pesselista defendeu o direito de propriedade e falou em “quebrar o ciclo vicioso do crescimento da dívida [pública]”. Ele disse que é preciso eliminar o déficit primário “o mais rápido possível e converter em superávit”.
Política externa

Bolsonaro fez referência à política externa do país e disse que vai libertar o Itamaraty do que chamou de “viés de esquerda”: “O Brasil deixará de estar apartado das nações desenvolvidas”, afirmou.

Ao ser questionado por um repórter que mensagem ele teria para o conjunto de eleitores, inclusive os que não o elegeram, Bolsonaro prometeu trabalhar pela pacificação do país. “Vamos pacificar o Brasil e, sob a Constituição e as leis, vamos construir uma grande nação”, afirmou. Com informações ABr

Vitória

Jair Bolsonaro do PSL foi eleito presidente da República. Capitão reformado, fez 55,54% dos votos válidos vencendo o petista Fernando Haddad, que conquistou 44,46%. Na mais polarizada eleição da história, em que a rejeição aos candidatos finalistas era de 44% a 52% na última semana, Bolsonaro derrotou também o escasso tempo de televisão e valeu-se da capilaridade das redes, em especial do WhatsApp, para explorar um discurso conservador nos costumes, liberal na economia, muito focado na segurança pública e fortemente anti-petista.

Candidato da coligação PSL e PRTB, conta também com o apoio dos defensores da monarquia. Militar, Bolsonaro, 63 anos, está no sétimo mandato na Câmara dos Deputados e tem uma carreira de 25 anos ininterruptos no Congresso Nacional. Foi o candidato a deputado federal mais votado no Rio de Janeiro, nas eleições de 2014, com 464 mil votos. Casado três vezes, tem cinco filhos, dos quais três estão na vida política. Capitão da reserva do Exército, filiou-se ao PSL, seu nono partido, para disputar a eleição presidencial. Natural de Glicério (RJ), Bolsonaro construiu carreira política no Rio de Janeiro. Declarou patrimônio de R$ 2,3 milhões.

Acompanhado de agentes da PF e da mulher, Bolsonaro vota no Rio. Foto Agência Brasil

Transição

Com o resultado das urnas, Bolsonaro iniciará já nesta semana a transição para seu governo, que se inicia no dia 1 de janeiro de 2019. A expectativa agora é sobre a divulgação dos detalhes do plano de governo. Durante a campanha eleitoral, ele não detalhou suas propostas – em parte, inclusive, em razão do atentado que sofreu logo no início da corrida eleitoral.

O presidente Michel Temer disse que a transição para o novo governo já começa nesta segunda-feira (29). “Vamos começar a transição logo, prontamente amanhã, e faremos uma transição muito tranquila, muito sossegada. Já estão praticamente organizados, em relação a todos os setores do governo, os tópicos da transição. De modo que a equipe do eleito, quando fizer contato, já receberá praticamente todos os dados do atual governo, daquilo que foi feito e daquilo que ainda precisa ser feito”, explicou, após votar.

Sobre um possível apoio do MDB ao governo de Jair Bolsonaro (PSL), o presidente afirmou que não há nenhuma decisão nesse sentido, mas que o partido resolverá o que pode fazer.

Na Câmara, o presidente eleito também deverá ter uma forte oposição. O PT tem o maior número de deputados federais eleitos, seguido de perto pelo PSL. Com a cláusula de barreira, o número de parlamentares para cada partido ainda vai mudar, o que pode favorecer Bolsonaro.

Já no Senado, o PT tem vantagem: são seis senadores, contra dois do PSL. Entretanto, o futuro presidente terá de fechar acordo com partidos como MDB e PSDB, que têm as maiores bancadas na Casa, para aprovar seus projetos.

Confira o programa de governo completo de Bolsonaro neste link: http://divulgacandcontas.tse.jus.br/candidaturas/oficial/2018/BR/BR/2022802018/280000614517//proposta_1534284632231.pdf

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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