Criatividade, confusão e homenagens marcam desfiles em SP

 

O segundo dia de desfiles do Grupo Especial do carnaval paulista terminou com o dia já claro. O público permaneceu empolgado até o último desfile, da escola Rosas de Ouro. Dois contratempos marcaram a noite: uma porta-bandeira que passou mal e um vazamento de óleo na pista durante a concentração da Vai-Vai atrasou o desfile da Nenê de Vila Matilde.

A Rosas de Ouro foi a sétima e última agremiação a passar pelo Sambódromo do Anhembi, nessa segunda etapa e conseguiu empolgar muito a plateia mesmo depois deste público ter permanecido uma noite inteira acompanhando a sequência de apresentações. Com seu samba enredo Convivium, Sente-se à Mesa e Saboreie, a Rosas está entre as favoritas ao título. Caso isso se confirme, será o oitavo desde a sua estreia, em 1973.

A escola mostrou a alegria de festas em família e entre amigos e para marcar a sua apresentação. Pouco antes de entrar no Sambódromo, ocorreu o casamento, ainda na concentração, da presidente Angelina Basílio. Mas também retratou na pista do sambódromo o drama da violência ao fazer uma homenagem ao vendedor ambulante Luiz Carlos Ruas, assassinado no último mês de dezembro, ao tentar evitar que um morador de rua fosse agredido em frente à estação D. Pedro I, na região do Brás, zona leste da cidade de São Paulo.

Com menos recursos para as fantasias, a criatividade foi o grande destaque deste ano no carnaval paulistano, mas nem por isso menos glamouroso. A Mancha Verde, escola que surgiu da torcida palmeirense, abriu a segunda etapa dos desfiles, com o samba enredo que exaltou a diversidade de pessoas e personagens que se chamam Zé. Para isso destacou nomenclaturas que classificam comportamentos, como Zé Mané e Zé Ninguém, até pessoas famosas que tem no nome o José, caso do ator já falecido José Wilker, do diretor de teatro José Celso Martinez, do autor dos personagens da Casa do Sítio do Pica-pau Amarelo, o escritor de Taubaté Monteiro Lobato entre outros.

A segunda escola a desfilar foi Unidos de Peruche, décima segunda colocada no carnaval passado, apresentou carros alegóricos criativos, retratando a cultura afro presente no dia a dia do povo baiano e a história da Bahia com o samba enredo “A Peruche no maior axé, exalta Salvador, cidade da Bahia, caldeirão de raças, cultura, fé e alegria”. Tanto em sua entrada no sambódromo quanto no final do desfiles, a escola viveu momentos de estresse devido à dificuldade em movimentar os carros alegóricos. No final, todos os seus integrantes vibraram por ter conseguido encerrar o desfile dentro do cronograma oficial, o que poderia implicar em perda de pontos.

Casa Verde e Dragões da Real

A grande campeã do carnaval passado e com chance de obter mais um título neste ano, a Império da Casa Verde defendeu em samba enredo a “Paz, o Império da Nova Era”. A escola causou impacto com carros gigantes e fantasias cheios de requinte , distribuídos em 19 alas, para mostrar a interação do homem com a natureza.

Na sequência, foi a vez da Dragões da Real, com o samba enredo Dragões Canta Asa Branca, em que fez uma homenagem ao nordeste cantado pelo rei do baião, Luiz Gonzaga, que divulgou o sofrimento do povo do sertão nordestino para além do Brasil com a canção Asa Branca, uma espécie de hino da Música Popular Brasileira. Também originada de uma torcida de futebol, a do São Paulo, essa escola ficou em sexto lugar no último carnaval. Ela encantou o público abrindo a apresentação com o cantor Fagner e também o sanfoneiro Chambinho, que encarnou o Gonzagão no filme De Pai para Filho. No meio do desfile, foi necessário acionar uma ambulância para socorrer uma das três porta-bandeiras que passou mal.

Confusão com a Vai-Vai

A Vai-Vai apresentou a história e cultura do candomblé por meio do samba enredo No Xirê do Anhembi, a Oxum mais bonita surgiu…Menininha, mãe da Bahia – Ialorixá do Brasil. No carro abre-alas, desfilou a Miss Brasil, Raissa Santana. Também participaram nomes famosos como o ex-jogador de futebol Cafu e o ator Milton Gonçalves.

A escola colecionadora de títulos do bairro do Bixiga, na região central de São Paulo,  protagonizou uma confusão, porque um de seus carros molhou a pista. A escola programada para o desfile seguinte, a Nenê de Vila Matilde, alegou que não havia condições seguras para iniciar o seu desfile.

Depois de uma negociação e da limpeza do local, a Nenê da Vila Matilde iniciou a o penúltimo desfile da noite sua apresentação com pouco mais de meia de hora de atraso fazendo uma homenagem a Curitiba com o samba enredo Ópera de Todos os Povos, Terra de Todas as Gentes, Curitiba de Todos os Sonhos. A escola brincou com os elementos de formação dessa cidade, mostrando a chegada dos imigrantes, a modernidade do sistema de transporte e destacou representantes consagrados na literatura que são de Cutiriba como o poeta Paulo Leminski.

Primeira noite com temporal

O temporal que atingiu a capital paulista no início da noite de sexta-feira (24) não desanimou os foliões que lotaram as arquibancadas do Sambódromo do Anhembi, na zona norte da capital. A chuva deu trégua por volta das 21h. De acordo com informações do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar, não foram registradas ocorrências relevantes na primeira noite de desfiles.

A primeira agremiação a entrar na avenida foi a escola de samba Tom Maior, às 23h, que homenageou a cantora Elba Ramalho com o enredo Elba Ramalho canta em oração o folclore do Nordeste. Em seguida, a Mocidade Alegre contou os seus 50 anos de história com o enredo A vitória vem da luta. A luta vem da força. E a força… da união!.

A Unidos de Vila Maria fez uma homenagem a Nossa Senhora Aparecida e ao seu aniversário de aparição por meio do enredo Aparecida – A Rainha do Brasil- 300 Anos de Amor e Fé no Coração do Povo Brasileiro.

A Acadêmicos do Tatuapé contou a história da África com o enredo Mãe África conta a sua história: Do berço sagrado da humanidade ao abençoado Menino da Terra de Ouro.

A Gaviões da Fiel mostrou a migração de vários estados para a cidade de São Paulo no enredo Com as mãos e a garra de um povo sonhador, surge o contraste de uma nova metrópole – Sampa, lugar de sonhos, oportunidades e esperança. A Acadêmicos do Tucuruvi celebrou a arte no enredo Meu palco é a rua.

A Águia de Ouro fechou o primeiro dia de desfiles do Grupo Especial às 6h40 da manhã deste sábado (25). O enredo Amor com amor se paga! Uma história animal contou a relação de gratidão entre os homens e os animais.

Fonte: ABr

Foto: Paulo Pinto/LigaSP

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