“Nossa gestão está no rumo certo”

Em entrevista exclusiva para a Revista VOTO, o governador de São Paulo faz um balanço dos primeiros meses de gestão. João Doria também conta o que vem pela frente e como é sua relação com o governo Bolsonaro

Locomotiva do Brasil. Veia pulsante da economia nacional. Coração financeiro da América Latina. São muitos os adjetivos usados para descrever a importância de São Paulo para o país e para o continente. Não é para menos: sozinho, o estado responde por quase um terço do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Também é o lar de 45,5 milhões de pessoas, o que equivale a 21,8% de toda a população do Brasil. Tem dimensões, força econômica e número de habitantes muito maiores que dezenas de países.

Desde 1º de janeiro de 2019, o comando político e administrativo desse colosso está nas mãos do empresário, jornalista e publicitário João Agripino da Costa Doria Junior – ou simplesmente João Doria. Como governador de São Paulo, é dele a missão de liderar e manter a força do estado, sempre avançando em áreas essenciais como educação, saúde, segurança e geração de empregos. Tudo isso, convém lembrar, em meio a um cenário ainda difícil e desafiador para o Brasil.

Carismático, comunicativo e metódico, Doria, apesar do pouco tempo de trabalho, já vem apresentando medidas e resultados que têm reverberado positivamente entre os paulistanos. Nesta entrevista exclusiva para a Revista VOTO, ele fala sobre sua gestão, a diferença entre um prefeito – já exerceu o cargo na cidade de São Paulo – e um governador, o alinhamento com o governo federal e os desafios para expandir ainda mais a economia paulista.

 

Qual o real cenário na administração pública que o senhor encontrou ao tomar posse como governador?

São Paulo é um Estado forte, com grande capacidade de desenvolvimento e geração de emprego, mas recebemos um governo com déficit de R$ 10,5 bilhões. Analisamos o balanço orçamentário do Estado e detectamos que as receitas incertas e superestimadas pela administração anterior causariam um déficit orçamentário em 2019. Isso nos fez acelerar nossos projetos de desestatização e, assim, diminuir despesas na manutenção de bens públicos e serviços, que podem estar em mãos privadas sendo melhor geridos. As outorgas dessas concessões vão representar entrada de recursos até o final deste ano, evidentemente, e compensar esse déficit. Tenho convicção de que, até o final deste ano, vamos cobrir o déficit e permitir que certos contingenciamentos sejam liberados, ampliando nossa capacidade de investimentos e desenvolvimento.

Como foram estes primeiros meses de trabalho?

Nesses primeiros 100 dias, já avançamos bastante em diversas áreas. Na área da segurança, intensificamos as operações policiais, e o resultado disso foi a prisão de 5.570 criminosos, 1.247 veículos recuperados, além de apreensões de armas e drogas. Com o Ministério da Justiça, transferimos 22 líderes de facção criminosa para presídios federais. Criamos dez delegacias de proteção à mulher atendendo 24 horas por dia, autorizamos contratação de mil policiais militares e iniciamos concurso público para outros 5.400. Liberamos R$ 80 milhões para fazer a maior aquisição de armas da história e capacitar adequadamente nossos homens e mulheres da segurança. Reduzimos todos os índices de criminalidade em São Paulo com planejamento, metas bem definidas e integração. Outras áreas também merecem destaque, como as de infraestrutura e desenvolvimento regional. Nesse sentido, criamos o Programa São Paulo Pra Todos, que possibilitou 490 decolagens semanais em 70 novos voos, aumentando a oferta de destinos para todo o país e para todo o interior paulista, inclusive para cidades que não contavam com nenhum voo. Isso só foi possível após revermos a redução do ICMS que incide sobre o combustível de aviação, de 25% para 12%, permitindo assim redução no custo operacional das empresas aéreas. Essa medida beneficia não apenas a população paulista, mas de todo o país.

Houve algo que o surpreendeu positivamente? E negativamente?

Lembrando de quando fui prefeito de São Paulo, éramos demandados 24 horas por dia por tudo: água, lixo, ruas, manutenção, limpeza. Costumo comparar que ser prefeito é como ser um grande zelador. Já governador é como um síndico, até tem responsabilidades como essas também a cumprir, mas são as ações macro que impactam melhor a população. Temos mais capacidade de gerar empregos e atrair empresas com estímulos fiscais, por exemplo, e contribuir com o desenvolvimento do país estimulando a economia em São Paulo. Esse é o ponto positivo: participar mais da retomada do crescimento do país. Já negativamente foi ter visto o relatório da nossa área econômica, liderada pelo secretário de Fazenda e Planejamento, Henrique Meirelles, que apontou uma situação financeira diferente da realidade anunciada pela gestão anterior. Isso fez com que adiássemos um pouco projetos que colocaríamos em prática logo nos primeiros meses de gestão, dando espaço para medidas prudentes de reajustes de contas. Não podemos ser irresponsáveis, a despesa precisa estar compatível com a receita. Assim agem os governos responsáveis.

Logo no início de sua gestão, Doria lançou o primeiro lote de concessões de rodovias, buscando a modernização de mais de 1.200 quilômetros de estradas.

No que já foi possível avançar para destravar investimentos no estado e tornar a máquina pública mais eficiente? E o que deverá ser feito ainda este ano neste sentido?

Em um mês e meio de gestão, lançamos o primeiro lote de concessões de rodovias. Mais de 1.200 quilômetros serão modernizados, com redução de até 20% nos pedágios, tarifa flexível, duplicação de 417 km de rodovias passando por 62 municípios, com total de investimento privado de R$ 9 bilhões nos próximos 30 anos. É mais investimento, mais emprego, estradas mais modernas e seguras para levar o desenvolvimento para as regiões. Nosso governo, por meio da Secretaria da Fazenda e Planejamento e da Secretaria de Governo, também trabalha em outros 22 projetos na área de estradas, aeroportos regionais, metrô, parques, presídios e saúde. Estamos avaliando os contratos vigentes e vencimentos para estabelecer cronogramas de novas concessões. Enviamos projeto de lei para autorizar a extinção ou fusão de seis empresas estatais: Dersa, Codasp, Emplasa, Prodesp, Imesp e CPOS, com a finalidade de aumentar eficiência e enxugamento da máquina pública. Outra importante iniciativa no radar da nossa gestão é a privatização ou capitalização da Sabesp. Seja qual for a medida possível, trará recursos para os cofres do Estado, permitindo novos investimentos em diversas áreas.

Mesmo já ocupando a condição de coração financeiro da América Latina, São Paulo pode expandir ainda mais sua economia? O que é necessário para que isso ocorra? Quais as áreas que podem puxar estes avanços?

São Paulo tem um setor automotivo forte e com pioneirismo nacional. Queremos manter esse mercado aquecido, é um grande gerador de empregos, renda e tecnologia. Com o anúncio da criação dos programas IncentivAuto e Pró-Ferramentaria, o setor automotivo passa a ter importante incentivo do Estado. O IncentivAuto, além de reduzir ICMS para novos investimentos acima de R$ 1 bilhão para modernizar a indústria automobilística no estado, preservou empregos e impediu que a General Motors fechasse suas fábricas no estado e deixasse o Brasil. A Toyota anunciou também investimento de R$ 1 bilhão para a produção da nova geração do Corolla, que será o primeiro veículo híbrido flex do mundo. A empresa também poderá acessar os benefícios fiscais do IncentivAuto, que exige ainda como um dos critérios a criação de 400 novos postos de trabalho. Já para os fabricantes paulistas de peças automotivas, o Pró-Ferramentaria vai viabilizar a utilização dos créditos acumulados de ICMS.

Como o senhor vê os primeiros meses do governo Bolsonaro e como avalia a relação entre sua administração e o governo federal neste começo de jornada?

Estou bastante engajado em um dos principais temas, se não o principal, do governo federal, que é a reforma da Previdência. Na condição de governador de um grande estado como é São Paulo, entendo que tenho esse compromisso com os brasileiros. Essa reforma mudará o país e, ao mudar o país, ela estabelecerá uma condição fiscal melhor para todos os estados e municípios. E confere a oportunidade de novos investimentos, que, de acordo com as características de cada estado, vai se traduzir também em mais empregos, mais oportunidade e mais desenvolvimento, que é o desejo amplo de todos aqueles que, pela eleição, assumiram os governos dos seus estados e querem cada vez menores distâncias entre os mais ricos e os mais pobres. Economizando mais de R$ 1 trilhão em 10 anos, traçaremos outro ritmo no desenvolvimento do Brasil. Os números não mentem: o sistema atual levará a uma nova recessão econômica, ainda mais grave. Infelizmente há aqueles que trabalham para o “quanto pior, melhor” e se uniram para travar a mudança. Converso com empresários quase todos os dias, venho desse meio, e é unânime a intenção de se investir no país, desde que aprovada a reforma da Previdência. No Fórum Econômico Mundial, em janeiro, na Suíça, com executivos de grandes empresas globais e líderes políticos mundiais, todos tinham também expectativa de retomada dos investimentos no Brasil. Então, me uno ao governo Bolsonaro e àqueles que desejam um Brasil mais próspero.

De ponto de vista pessoal, como o senhor avalia até agora a experiência de governar São Paulo?

Posso assegurar que nossa gestão está no caminho certo, de crescer com responsabilidade fiscal, com medidas que garantam ainda mais desenvolvimento, emprego, renda e, com isso, benefícios com arrecadação de impostos, permitindo ao governo de São Paulo investir nas áreas mais sensíveis da administração, como segurança pública, saúde, educação, habitação e assistência social.

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