O CASO GLOBO X BOLSONARO

Depois do vazamento de informações, por parte da TV Globo, sobre um inquérito que tenta ligar o Presidente da República Jair Bolsonaro, a um dos suspeitos apontados pela Polícia do Rio de Janeiro por matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, Bolsonaro se pronunciou em uma live no Facebook na noite desta terça-feira (29).

Presidente Bolsonaro afirmou na live que a Globo quer criar um clima que leve parte da população às ruas para pedir seu afastamento e provocar “baderna” no país como em outros países da América Latina. “Eu não estava lá. É uma maneira sórdida, que querem de qualquer maneira deslegitimar o governo Jair Bolsonaro.”

 

No vídeo ao vivo, Bolsonaro apontou o governador Wilson Witzel como um dos responsáveis por vazar a informação. O Jornal Nacional veiculou a reportagem na noite de terça (29). De acordo com o presidente, ele não estava no Rio de Janeiro no dia e hora das informações citadas neste vazamento. “Eu não estava lá. É uma maneira sórdida, que querem de qualquer maneira deslegitimar o governo Jair Bolsonaro […] Globo, acabou a mamata de bilhões por ano para vocês”. O presidente afirmou ainda que a emissora quer criar um clima que leve parte da população às ruas para pedir seu afastamento e provocar “baderna” no país como em outros países da América Latina.

De acordo com o advogado Antônio Augusto Mayer dos Santos, que é também colunista da revista VOTO, do ponto de vista jurídico, essa situação foi colocada no ar indevidamente, por parte da TV Globo, afinal, os processos judiciais mencionados tramitam em segredo de justiça, sendo assim, é possível que o presidente possa se valer tanto do Código Penal quando da Lei de Segurança Nacional  para a apuração de calúnias e difamações. “Não é permitido que os fatos desse inquérito e as provas tomem publicidade. Examinadas as circunstâncias em que se deram as referências pela emissora de TV, notadamente a veiculação de fatos que estão sub judice, além do tom insinuando que o Presidente pudesse ter alguma participação no episódio do homicídio da vereadora e de seu assessor, mesmo ciente de que o Sr. Presidente, então Deputado Federal, se encontrava em Brasília. A honra de qualquer Presidente da República fica abalada com insinuações e referências que não foram previamente deliberadas por alguma autoridade competente.”

No pronunciamento, o presidente se colocou à disposição da Polícia Civil do Rio de Janeiro para prestar um depoimento e esclarecer o assunto. Ele atribuiu a responsabilidade do vazamento ao governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e disse que isso aconteceu por motivação política.

Para Antônio Augusto, os desdobramentos deste caso, levam ao imediato e inexorável acirramento da relação Rede Globo e o Presidente da República. Além, é claro, da possibilidade de ouvir o porteiro que foi mencionado nos fatos narrados. “Somente ele – o porteiro – pode elucidar, ou melhor, esclarecer o que aconteceu na data e local referidos nos noticiários. E creio que o próprio Sr. Ministro da Justiça deverá determinar a apuração da ocorrência de fatos ilícitos relativamente à Honra do Presidente da República.” – opinou o advogado.

Assista a live completa do Presidente Jair Bolsonaro, feita na noite de terça-feira (29):

 

UM DIA DEPOIS

A repercussão do caso levou o Ministério Público do Rio de Janeiro a investigar a versão dada pelo porteiro do condomínio do presidente Jair Bolsonaro e revelou que os vazamentos de informações feitos pela Globo estavam equivocados, já que exames feitos por técnicos encontrou a gravação de Ronnie Lessa autorizando a entrada de Élcio de Queiroz no condomínio naquele mesmo dia e horário.

De acordo com o advogado Antônio Augusto Mayer dos Santos, o conteúdo veiculado pela emissora é mesmo considerado difamatório. “Ficou estampado na medida em que o vídeo com as imagens de computador contendo os arquivos de áudio das conversas entre  a portaria e as casas do condomínio era tão disponível quanto as fontes que a emissora alegou dispor. Isso evidencia a violação de algo elementar no bom jornalismo: ouvir a versão prévia daquele que será alvejado pela notícia. Como se trata do Presidente da República, a liturgia do cargo exige providência no âmbito judicial.” – explica Antônio Augusto.

Nesta quarta (30), em entrevista a jornalistas na Arábia Saudita, Bolsonaro falou sobre o caso mais uma vez. “No meu entendimento, o senhor Witzel estava conduzindo o processo com o delegado da Polícia Civil para tentar me incriminar ou pelo menos manchar o meu nome com essa falsa acusação.”

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