Um carioca à frente do hospital gaúcho que é referência

O perfil diversificado já começa pelos sobrenomes: Parrini Mutlaq, uma miscigenação cultural que se reflete na forma de pensar e agir. Continua em sua formação: graduado em Economia (UERJ), com extensão executiva na área de Estratégia pela Harvard Business School, também possui mestrado em Filosofia (PUCRS). Leitor voraz, sua estante exibe livros que vão da gestão e inovação até reflexões sobre as obras de Immanuel Kant, Thomas Kuhn e Joseph Schumpeter, temas de sua dissertação.

Nascido no Rio de Janeiro, já trabalhou em Miami e agora está baseado em Porto Alegre. Ele iniciou a carreira como consultor e auditor de uma empresa com atuação global em negócios, fusões e impostos. Foi CFO (Chief financial officer) de um grupo logístico na área de petróleo e diretor para a América Latina de uma rede internacional de hotéis e resorts.

Uma nova guinada surgiu com a entrada no setor de saúde. Em 2007, assumiu a Superintendência de Operações e Finanças do Hospital Moinhos de Ventbteve e à reconhecida experiência em gestão, em 2016 foi ungido pelo Conselho de Administração ao posto de CEO. Desde então, lidera a instituição que está entre os seis hospitais de excelência do Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde.

Em entrevista para a Revista VOTO, Mohamed Parrini detalha as conquistas recentes do Hospital Moinhos de Vento e conta os planos para os próximos anos. Rigoroso com planejamento e resultados, o executivo também defende a importância da colaboração criativa, da humanização no atendimento de saúde e do compromisso social das empresas com o país.

A sua formação e sua trajetória são bem diversificadas. Como elas contribuem para o seu desafio atual?

O setor de saúde, em especial o segmento hospitalar, ainda está em um processo de amadurecimento corporativo. Nossa instituição está inserida neste contexto nacional, pois, apesar das evoluções apresentadas na última década, ainda temos uma jornada pela frente. Todos nós somos uma composição das diferentes influências e formações que obtivemos ao longo de nossas vidas. Minha adaptação, contribuição e integração ao Hospital Moinhos de Vento se deram por várias coincidências, começando pela importância do trabalho e do conhecimento que a instituição prega e pratica, mas também pelo espírito inovador, humanístico e empreendedor que encontrei aqui. Como minha formação transita desde a Economia até a Filosofia e por ter passado por empresas de setores bem distintos entre si, encontrei no Moinhos uma grande oportunidade de aplicar meu espírito empreendedor a uma cultura interna que valoriza o desenvolvimento e o protagonismo. Consideramos nosso trabalho como uma causa. Temos a oportunidade de conciliar um aspecto humano a um crescimento individual técnico e corporativo.

O Hospital Moinhos de Vento surgiu como Hospital Alemão, há 90 anos. Quais valores perduram até hoje?

O Deutsches Krankenhaus nasceu do sonho e da obstinação de grupo de imigrantes e de seus descendentes. Essa comunidade se uniu, tendo como objetivo reproduzir na capital gaúcha as melhores instituições de saúde da Europa à época, sem distinção de credo, etnia ou situação social. Essa ação empreendedora, fundamentada nos princípios da fraternidade e da cidadania, segue nos movendo. Ao longo dos anos, dirigentes e processos mudaram, assim como as metodologias e a infraestrutura. Mas, do espírito de pioneirismo de nossa fundação, nada se perdeu. É ele que indica os nossos próximos passos. Continuamos sendo um hospital privado e sem fins lucrativos, mas mantido e liderado por uma associação que representa esses fundadores originais, com a missão de “cuidar de vidas”. A essência é a mesma, mas precisamos nos reinventar a cada dia, com o olhar para o futuro.

Nos últimos anos, o hospital tem conquistado projeção nacional, colocando-se no nível das principais instituições do eixo Rio-São Paulo. A que se deve esse avanço?

Apesar da crise econômica que afetou nosso país nos últimos anos, continuamos nosso programa de expansão. Em 2017, inauguramos um prédio com 100 novos leitos de internação, contando com um CTI Adulto, um Centro de Terapia Onco-Hematológica e um andar diferenciado para os pacientes Unique Moinhos. Do investimento de R$ 112 milhões, mais de R$ 25 milhões foram destinados à aquisição de novas tecnologias e equipamentos. No novo Centro de Oncologia, o Sistema Calypso, que preserva os tecidos sadios durante a aplicação da radiação, foi utilizado pela primeira vez no país. Nossa filiação à Johns Hopkins Medicine International, referência em saúde nos Estados Unidos, nos coloca em contato com as maiores inovações da atualidade. Todos os nossos investimentos são planejados em conjunto com eles. Também trabalhamos para nos consolidar como uma instituição acadêmica e científica. Acreditamos que a educação e a pesquisa em saúde são essenciais na busca pela cura e para o melhor atendimento aos nossos pacientes. Atualmente, formamos profissionais de alto nível técnico e acadêmico, por meio de programas de Residência Médica e de pós-graduação em Medicina, Enfermagem, Nutrição, Fisioterapia, Farmácia e Psicologia, além dos diversos programas de pesquisa clínica.

E quais são os próximos passos do Moinhos?

Conseguimos, nos últimos anos, conquistar relevância e reconhecimento nacional a partir de uma estratégia que concilia medicina de excelência e uma postura de mercado audaciosa. O desenvolvimento está ligado às mudanças científicas e tecnológicas, mas o bem mais precioso de uma instituição de saúde segue sendo o capital humano. Nosso planejamento estratégico 2017-2021 está baseado em três elementos principais: ensino, medicina de excelência e pesquisa, colocando sempre o paciente no centro de todas as nossas decisões. A sociedade deve ser o guia que nos conduzirá para o futuro.

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