Por que os isentões estão insatisfeitos com Lula?

Na última semana, duas pesquisas de opinião mostraram uma queda importante na aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O levantamento da Genial/Quaest mostrou que a desaprovação ao presidente passou de 43% em dezembro para 46% e a aprovação recuou de 54% para 51%.

Já o estudo AtlasIntel, divulgado na última quinta-feira, mostrou um movimento semelhante. A aprovação de Lula caiu cinco pontos percentuais, ficando em 47%, enquanto a desaprovação cresceu três, e ficou em 46%.

Na opinião do cientista político Leonardo Barreto, dois fatores  são responsáveis pela piora na avaliação da opinião pública. O primeiro deles é o fator econômico, já que os mesmos estudos mostram que há uma percepção entre os brasileiros de que a economia piorou nos últimos meses.

Isso contrasta com a propaganda do governo e o ufanismo do anúncio do crescimento de quase 3% do PIB no ano passado. De fato, esse crescimento aconteceu, mas concentrado no primeiro semestre. No segundo semestre e nos primeiros meses de 2024, existe uma redução na atividade econômica, e as pessoas percebem isso no cotidiano”, explica Barreto.

O segundo ponto citado pelo cientista político é a mudança no comportamento de pessoas que antes avaliavam o governo como regular, e agora desaprovam a gestão de Lula. “Isso é interessante porque, em um cenário de polarização, o eleitor mais importante é o ‘isentão’. O fato é que existe um movimento dessas pessoas para uma avaliação negativa”.

Além do fator econômico, Barreto explica que esse fenômeno também pode ser explicado pelas falas do presidente em relação a campanha de Israel contra o grupo terrorista Hamas, quando comparou às ações do país ao genocídio de judeus promovido pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.

Muitos desses eleitores abandonaram Bolsonaro, com medo que ele desse um golpe, e podem estar muito incomodados com as falas de Lula, que de certa maneira, sinalizam o distanciamento do Brasil do Ocidente. Qualquer elemento de radicalismo mais à esquerda ou alinhamento com regimes não democráticos vai assustar o eleitor ‘isentão’”, complementa. 

Você pode conferir semanalmente, às sextas-feiras, a opinião do Doutor em Ciência Política, em vídeo através das redes do Grupo VOTO

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