Inelegível, sim. No ostracismo, nunca: o futuro de Bolsonaro

A inelegibilidade de Jair Bolsonaro declarada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última sexta-feira (30) deve mexer com o tabuleiro político nos próximos anos. O campo conservador, que teve seu crescimento atrelado à figura do ex-presidente, tem uma lacuna a ser preenchida na sua liderança, e diversos nomes surgem para a disputa da presidência em 2026.

Mesmo impedido de disputar as eleições até 2030, Bolsonaro continuará sendo um protagonista político relevante. Eu não estou morto. A gente vai continuar trabalhando, pretendemos fazer muitos prefeitos por ocasião das eleições do ano que vem, não é o fim da direita no Brasil”, disse o ex-presidente em declaração após a condenação por abuso de poder político.

O maior cabo eleitoral do futuro

Apesar do cenário atual ser desfavorável a Bolsonaro, alguns aliados acreditam que ele deve continuar sendo o líder da direita. Isso porque as diversas ações contra o ex-presidente garantem um holofote e evitam que a sua figura caia no ostracismo. 

Além disso, existe uma avaliação de que essa conjuntura pode auxiliar os bolsonaristas no fortalecimento da narrativa de que Bolsonaro é “perseguido” pelo sistema e que seus julgamentos são injustos. A alcunha de “anti-sistema” foi uma das principais bandeiras levantadas por ele durante a campanha presidencial de 2018 e ainda é considerada uma pauta popular entre o eleitorado.

Se confirmada, essa hipótese garante que Jair Bolsonaro seja um importante cabo eleitoral nas próximas eleições municipais e federais mesmo sem poder concorrer a cargos públicos.

O legado digital

Mesmo com a inelegibilidade, a militância digital dos bolsonaristas continuará tendo um papel político relevante. Em momentos decisivos, como eleições e votações no Congresso, os apoiadores do ex-presidente costumam realizar grandes mobilizações que pautam as discussões nas redes sociais. Por isso, o apoio desse segmento é considerado fundamental para os candidatos a sucessores de Bolsonaro.

Entretanto, o momento atual é de dispersão nas redes bolsonaristas. De acordo com um estudo feito pela agência Bites, a mobilização digital na semana do julgamento de Bolsonaro no TSE foi baixa entre os seus apoiadores, sendo superada inclusive por eleitores de Lula. 

A disputa pela sucessão de Bolsonaro

Imediatamente após a confirmação da inelegibilidade do ex-presidente, começaram as discussões sobre um possível sucessor que seria candidato à presidência em 2026. No primeiro momento, o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), aparece como favorito nessa disputa. Pesa a seu favor o fato de estar no comando do estado mais populoso do país e com maior espaço na agenda nacional.

O nome favorito das redes bolsonaristas é o da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro. Ela é extremamente popular entre o eleitorado evangélico e repercutiu positivamente entre os apoiadores do ex-presidente com uma postagem feita após o julgamento do TSE em que ela diz: “estou às ordens, meu capitão”.

No entanto, Michelle é considerada inexperiente politicamente e aparece com frequência em investigações da Polícia Federal (PF). 

Correm por fora nessa disputa os governadores Romeu Zema, de Minas Gerais, e Ratinho Júnior, do Paraná. Ambos são populares em seus estados, mas não possuem a projeção nacional dos nomes citados anteriormente.

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