Primeiro-ministro português renuncia após escândalo de corrupção

O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, do Partido Socialista, renunciou ao cargo na manhã desta terça-feira (7). A decisão foi comunicada em um pronunciamento nacional feito após uma operação da polícia que investiga irregularidades em negócios ligados à transição energética atingir o seu governo.

Costa negou seu envolvimento em atos ilícitos, mas disse que a sua continuidade era incompatível com o cargo. “A dignidade das funções de primeiro-ministro não é compatível com qualquer suspeição da sua boa conduta e menos ainda com a suspeita de qualquer ato criminoso“, afirmou.

Costa também disse que seus próximos passos serão anunciados pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que já aceitou sua renúncia oficialmente. 

A operação

Na manhã desta terça-feira, cerca de 140 agentes, incluindo policiais e membros do Ministério Público português, realizaram uma série de buscas em endereços suspeitos, incluindo a residência oficial do premiê, o Palácio de São Bento, em Lisboa. 

As investigações chegaram até negócios relacionados ao lítio e ao hidrogênio verde, materiais considerados essenciais na transição energética proposta pela União Europeia. O lítio é um minério fundamental para a fabricação de baterias de carros elétricos. As irregularidades teriam sido cometidas na concessão e na extração da matéria-prima no município de Montalegre.

Já no caso do hidrogênio verde, existe suspeita da atuação do governo em um grande projeto na cidade de Sines.

Figuras próximas a António Costa foram presas na operação. Entre elas, estão o seu chefe de gabinete, Vitor Escária, e o consultor Diogo Lacerda Machado, seu amigo pessoal. Também foram presos o socialista Nuno Mascarenhas, presidente da Câmara Municipal de Sines, e dois empresários.

Quem é António Costa?

António Costa era um dos chefes de governos mais experientes e estáveis da Europa. Ele assumiu o cargo pela primeira vez em 2015, quando liderou um governo de ampla maioria do Partido Socialista no Parlamento. 

Costa foi eleito após uma grande aliança entre setores da esquerda, que ficou conhecida como “Geringonça”. Na ocasião, ele aproveitou a recuperação econômica do país para eliminar medidas de austeridade implementadas pela direita e se tornou o primeiro-ministro mais longevo desde a Revolução dos Cravos.