Bodega Garzón: a quimera da Toscana Uruguaia?

A ideia de replicar a Toscana a onze mil quilômetros de distância da Europa próximo à costa do Oceano Atlântico poderia parecer algo intangível até para os mais conhecedores – se já não tivesse sido feita. É entre as colinas do sudeste uruguaio que a Bodega Garzón guarda uma das mais preciosas experiências enoturísticas da América do Sul. Localizada a 70 quilômetros do badalado balneário de Punta Del Este, o pequeno vilarejo Pueblo Garzón recebe mais visitantes por dia do que tem de morador; apenas 198. O turista vem, principalmente, da Argentina e do Brasil, mas também da Europa e América do Norte. O destino é a concretização do sonho do bilionário argentino, Alejandro Bulgheroni: a Bodega Garzón.

Diferentemente da Toscana, região italiana produtora de alguns dos mais célebres vinhos do mundo localizada a 600 metros de altitude no centro do país europeu, a Bodega está a 160 metros acima do nível do mar e a 18 quilômetros da costa. O clima temperado e a brisa do oceano acariciam as videiras, que geram vinhos autênticos e irreplicáveis. São 230 hectares recortados em pequenos mosaicos que expressam as diferentes características de terroir em 20 variedades de uvas. Por ano, são produzidos 500 mil litros de vinho.

O Balasto da safra de 2015, com notas de fruta fresca, vermelha e preta associadas a especiarias complexas e elegantes, é dono de uma textura indescritível e de uma marca surpreendente – foi considerado um dos 100 melhores vinhos do mundo pela Wine & Spirits. Em 2018, a Bodega foi eleita a Melhor Vinícola do Novo Mundo no ranking Wine Star Awards, da prestigiada revista Wine Enthusiast.

Imponência verde
Para os olhares mais estéticos, a arquitetura, por si só, vale o passeio. Ao ingressar de carro, se percorre 500 metros de chão batido até que um jardim repleto de palmeiras e imensas rochas aparentes revele o imponente prédio de concreto, madeira maciça e ferro fundido. 

A construção tem 19 mil metros quadrados e foi desenvolvida entre rochas no subsolo. São quatro níveis projetados em uma experiência multissensorial que evidencia as boas práticas agrícolas e revela um sistema visceralmente integrado à sustentabilidade. 

A Garzón é a primeira adega fora da América do Norte a ganhar a certificação LEED (Leadership in Energy & Environmental Design) – um selo americano para empreendimentos sustentáveis. Não há refrigeração artificial e a madeira é de árvores caídas por razões naturais.

O trajeto turístico percorre todos os níveis da construção e integra ambientes planejados com luz natural e massa rochosa. Em dias de chuva, a água escorre pelas pedras aproveitadas como paredes.

Taça cheia para brindar
A imersão nas instalações da fábrica e entre os parreirais dura uma hora e meia e dá direito à degustação de quatro diferentes tipos de vinho – branco, rosé e dois tintos. A dica é visitar a Bodega durante a vindima, época da colheita da uva, que acontece entre os meses de janeiro e março. Nesse período, são processadas 20 toneladas de uva por dia.

É bom ir com apetite para a experiência. A Bodega Garzón possui uma das cozinhas mais prestigiadas do Condado de Maldonado. O menu é assinado pelo célebre chef argentino, Francis Mallmann, e traz o autêntico toque do forno de barro e dos fogões a lenha. Os pratos valorizam peixes da costa e produtos regionais, com azeite da casa e hortaliças plantadas no próprio terreno. O restaurante conta com menus degustação de quatro e cinco pratos, que incluem água, café e outras bebidas selecionadas.

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