Do parlamento para a História

No Rio de Janeiro ou em Brasília, algumas das principais lideranças de nossa história passaram pelo Congresso Nacional. Figuras que tiveram papéis fundamentais na consolidação do país que somos e que, ainda hoje, são referência para o Brasil

Ruy Barbosa
(1849-1923)

Escritor, diplomata, jornalista e advogado, é tido como um dos maiores intelectuais brasileiros. Grande orador e estudioso da língua portuguesa, foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Defensor do federalismo, do abolicionismo e dos direitos individuais, Barbosa foi delegado do país na II Conferência da Paz, em Haia (1907), sendo convidado ainda para integrar a Corte Permanente de Justiça Internacional. No Parlamento, representou o estado da Bahia como deputado-geral, entre 1878 e 1884, e como senador, entre 1890 a 1922.

“A liberdade não é um luxo dos tempos de bonança; é, sobretudo, o maior elemento de estabilidade das instituições”

Osvaldo Aranha
(1894-1960)

Formado em Direito, o gaúcho pegou em armas durante a Revolução de 1923 no RS, defendendo os chimangos contra os maragatos. De breve passagem pela Câmara Federal, entre 1928 e 1930, notabilizou-se por sua atuação como diplomata. Em 1942, liderou a Conferência do Rio, que decidiu pelo rompimento dos países americanos com o Eixo na 2ª Guerra. Teve papel ativo na formação da ONU, presidindo a primeira Assembleia Geral das Nações – razão pela qual, até hoje, representantes do país sempre fazem o discurso de abertura do evento. Também comandou a segunda assembleia da ONU, que determinou a criação do Estado de Israel.

“Sempre acreditei que o homem não inventou ainda armas capazes de vencer as ideias”

Carlota Pereira de Queirós
(1892-1982)

Dois anos após a oficialização do voto feminino, a paulista estreou a representação da mulher no Parlamento, sendo a primeira brasileira a conquistar uma vaga na Câmara. Médica e pedagoga, foi figura proeminente na Revolução Constitucionalista de 1932, liderando um grupo de 700 mulheres para dar assistência aos feridos. Como deputada, dedicou seu mandato às causas femininas e às crianças, especialmente na área da educação. Após fazer parte da Assembleia Constituinte de 1934, permaneceu no cargo até a implantação do Estado Novo, em 1937.
“A honra desta representação caberá sempre à mulher brasileira, de que me orgulho de ser apagada sombra”

Getúlio Vargas
(1882-1954)

Um dos principais nomes da política do país, figurou grandes – e polêmicas – páginas de nossa história. No Legislativo, exerceu os mandatos de deputado federal (1928-1930) e senador (1946-1951) pelo Rio Grande do Sul. Foi duas vezes presidente do Brasil: de 1930 a 1945, a partir de um golpe político e militar; e de 1951 a 1954, pelo voto popular. De perfil populista, foi chamado de “pai dos pobres” por suas políticas voltadas à população mais humilde e aos trabalhadores. São grandes marcas de seus governos a instituição da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), que assegurou direitos como salário mínimo e férias remuneradas, e a criação do BNDES e da Petrobras.

“Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História”

Juscelino Kubitschek
(1902-1976)

Reconhecido como visionário e conciliador, representou o estado de Minas Gerais como deputado, entre 1935 e 1937 e entre 1946 e 1951. Em seu segundo mandato, defendeu a transferência da capital federal para o Planalto Central. Medida que concretizou como presidente, com a construção de Brasília. Em seu governo, também promoveu iniciativas para integrar o país e gerar maior desenvolvimento, além de garantir a estabilidade democrática. Eleito senador por Goiás em 1962, JK tentou uma nova candidatura à presidência, plano interrompido pelo governo militar.

“Se alguma coisa nos falta, é termos consciência exata de que somos irremediavelmente um grande país”

Darcy Ribeiro
(1922-1997)

Um dos mais importantes nomes dos estudos sociais latino-americanos, teve atuação destacada na educação e da defesa da população indígena. Também foi ministro da Educação no governo João Goulart e o primeiro reitor da Universidade de Brasília. Eleito senador pelo Rio de Janeiro, elaborou o projeto que criou a Lei de Diretrizes e Bases, referência para a organização da educação do país. Como vice-governador de Leonel Brizola no Rio, coordenou a implantação dos CIEPs, projeto inovador de ensino público em período integral.

“A coisa mais importante para os brasileiros é inventar o Brasil que nós queremos”

Abdias do Nascimento
(1914-2011)

Referência da cultura negra no Brasil, foi um dos maiores defensores da igualdade para a população afrodescendente. Fundou entidades como o Teatro Experimental do Negro e o Museu da Arte Negra. No exterior, ministrou aulas e conferências nas universidades de Nova York e Yale. Em 1982, torna-se o primeiro deputado federal eleito com a bandeira do movimento negro. Na década seguinte, elege-se para o Senado pelo Rio de Janeiro. No Congresso, atuou com projetos contra a discriminação e pela reparação às consequências da escravidão. Foi ainda um dos principais idealizadores do Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro.

“Espero que o Brasil tenha a sensatez de ouvir-lhe os gritos [dos negros] em vez de se fazer de surdo”

Tancredo Neves
(1910-1985)

Advogado e empresário, foi um dos principais líderes políticos da história nacional, notabilizado como um defensor da democracia. Teve seu mandato como vereador em Belo Horizonte cassado pelo Estado Novo. Depois, durante o regime militar, foi uma das grandes lideranças da oposição ao regime na Câmara Federal e no Senado. Com mais de duas décadas de experiência parlamentar e grande capacidade de conciliação, esteve à frente das Diretas Já e, em 1985, foi eleito o primeiro presidente civil eleito em 25 anos. No entanto, não chegou a assumir em virtude de complicações causadas pela diverticulite, doença que lhe tirou a vida.

“Fico mais feliz quando consigo um acordo entre partes contrárias que quando venço um adversário nas urnas”

Ulysses Guimarães
(1916-1992)

Deputado federal por onze mandatos representando São Paulo, teve papel essencial nas principais lutas pela redemocratização do país. À frente do MDB, atuou pela anistia e pelo retorno das eleições diretas. Sua maior marca, no entanto, foi a presidência da Assembleia Nacional Constituinte, entre 1987 e 1988, conduzindo os trabalhos na elaboração da atual Constituição. Sua habilidade política permitiu conciliar diferentes setores na sociedade em um texto considerado de grandes avanços sociais e democráticos – pelo que foi apelidada de “Constituição Cidadã”.

“A Constituição pretende ser a voz, a letra, a vontade política da sociedade rumo à mudança”

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