Opinião: Nada diferente, Lula é coerente!

Karim Miskulin
Presidente do Grupo VOTO

O presidente Lula sacudiu o mundo depois de um discurso em que se posicionou a favor de um grupo terrorista, o Hamas. Ele comparou o conflito na Faixa de Gaza ao Holocausto e à carnificina liderada por Hitler, uma perseguição movida pelo antissemitismo que exterminou mais de 6 milhões de judeus. Uma analogia difícil de defender.

Para o observador atento, tal posição não surpreende. Podemos chamar Lula de tudo, até de louco, mas não de incoerente. Ele está apenas sendo quem sempre foi ao longo da história: um socialista que veementemente apoia nações que estão em desacordo com a democracia.

No entanto, devemos concordar que o Lula de hoje está bem diferente, mais livre e publicamente sincero. Em suas recentes manifestações públicas, especialmente neste terceiro mandato, o presidente fala com o coração, deixando de lado a estratégia política que o transformou em um dos maiores líderes populistas do mundo. Há menos de um ano, durante a abertura do Foro de São Paulo, falou abertamente que nutre orgulho de ser comunista.

Com o avanço da idade, aos 78 anos, suprimem-se também os filtros que a vida impõe, especialmente para políticos. Hoje, Lula se posiciona para o mundo de maneira transparente e honesta como o líder que é – dando luz à sua escola, seu berço ideológico e também aos seus aliados. Esta não é uma constituição figurada ou retórica, mas sim uma expressão direta de suas palavras.

No entanto, diante desta realidade, surge uma indagação: como um presidente comunista pode defender a democracia de um país em seu discurso? Repito: Lula pode ser julgado como insano, mas nunca incoerente. Ele tem sido o mesmo homem por mais de três décadas.

Em meio a um País em ebulição e a um espírito político belicoso, intensificam-se as críticas em massa daqueles que não se sentem representados e consideram tal postura vexatória perante o mundo. Aliás, o posicionamento pode eclodir em severas consequências econômicas, pois o Brasil não anda sozinho. Sabemos todos.

Resta a pergunta: por que Lula não mencionou a guerra da Rússia contra a Ucrânia, que matou mais de 500 crianças somente no ano passado? No próximo mês, completarão dois anos desta violência sem fim à vista. E por que Lula não citou a crise de desnutrição infantil que está matando crianças na Venezuela, onde a taxa de mortalidade infantil aumentou cem vezes? A diplomacia não pode ser seletiva ou ideológica, precisa ser estadista. Diplomacia não é simpatia, presidente.

Para o brasileiro que acompanha de perto a política, a posição do presidente não é surpreendente. Repito, Lula é coerente. No entanto, o mundo está chocado e bastante assustado. E há motivos.

Comentários

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Please enter comment.
Please enter your name.
Please enter your email address.
Please enter a valid email address.
Please enter a valid web Url.