Mão de obra qualificada, um dos grandes desafios do Brasil

O desenvolvimento da Indústria 4.0 no Brasil envolve alguns desafios. Evolução, principalmente, quando o assunto é conectividade e velocidade de internet. Investimento em equipamentos que incorporem as novas tecnologias; adaptação de processos e das formas de relacionamento entre empresas ao longo da cadeia produtiva. Entretanto, segundo especialistas, nenhum deles será maior do que construir competência humana. Ou seja, conseguir preparar as empresas e os profissionais para estarem inseridos nesse contexto: tecnológico, multifacetário e digital.

A dificuldade em formar profissionais qualificados existe no país antes mesmo do aparecimento da 4ª revolução industrial, como é chamada a indústria 4.0. Falhas na educação regular do país são motivo de atenção. Apenas 58,5% dos jovens concluem a Educação Básica até os 19 anos de idade; e a maioria dos que conseguem concluir sai despreparada para o mercado de trabalho. Como consequência, o Brasil mantém um elevado número da sua população adulta que não concluiu o Ensino Médio.

E apesar de envolver desafios mais complexos, como a adaptação de layouts; a criação de novas especialidades e desenvolvimento de competências, a solução passará pela qualificação, como aponta o diretor-nacional de Operação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Gustavo Leal. “O primeiro desafio é preparar o jovem para essa nova realidade. E o segundo desafio, que talvez seja maior do que o primeiro, é que nós temos um volume muito grande de pessoas adultas, trabalhadoras, que também vão precisar se requalificar para continuar incluído nessa nova onda produtiva”, pondera.

A aposta do setor produtivo é fomentar o debate em cima da educação voltada para o ensino técnico como forma de alavancar a educação e aumentar a competitividade das empresas no país. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) entregou aos candidatos à presidência da República um documento que apresenta as principais recomendações para melhorar a educação nos próximos quatro anos.

O estudo, Propostas da Indústria para as eleições 2018 – Indústria 4.0 e Digitalização da Economia, apresenta 43 cadernos temáticos com medidas objetivas para melhorar as condições produtivas no Brasil e estimular o crescimento sustentado da economia.

Segundo o gerente-executivo de Política Industrial da CNI, João Emílio Gonçalves, há medidas para serem tomadas desde o campo regulatório e do financiamento, até o de apoio às empresas para o desenvolvimento de ações pontuais que suportem todas essas mudanças.

“Temos desafio na gestão desde a forma como a empresa se prepara para fazer essa transformação industrial. Temos cada vez mais uma integração entre a área de TI das empresas e a área industrial. Isso que antigamente era um pouco mais separado, você tinha ali a área industrial e a áreas de TI como espécies de suporte, hoje em dia, está muito fundido. Porque todas essas tecnologias estão dentro da linha de produção. Então, isso obviamente coloca um desafio para as empresas da forma de se organizar. Ela, obviamente, vai depender de cada empresa, a cultura da empresa. Mas não é mais como funcionava antigamente”, alerta o gerente.

Digitalização da economia

Diversas consultorias de gestão têm estimado os impactos que o avanço da digitalização da economia poderá ter sobre a competitividade. A empresa Accenture, por exemplo, estima que a implementação das tecnologias ligadas à internet das coisas, deverá impactar o PIB brasileiro em aproximadamente US$ 39 bilhões, até 2030. O ganho pode alcançar US$ 210 bilhões, caso o País crie condições para acelerar a absorção das tecnologias relacionadas, o que, segundo o estudo da CNI, dependerá de melhorias no ambiente de negócios, na infraestrutura, nos programas de difusão tecnológica, no aperfeiçoamento regulatório e na qualificação profissional.

Segundo o especialista em Finanças e Tecnologia Edemilson Paraná, em todos os momentos de desenvolvimento tecnológico, nas revoluções industriais anteriores, houve uma preocupação com a diminuição de postos de trabalho, mesmo verificando o surgimento de novos postos de trabalho ligados às novas oportunidades. A preocupação no momento atual também passa por essa questão, ainda segundo ele, mas deve ir além. “Claro que investir em formação, em capacitação, em desenvolvimento tecnológico, instituições de ensino e capacitação para essa força de trabalho, para que ela se adeque a esse novo ambiente, e possa, eventualmente, produzir novas soluções, novos setores econômicos e novos ramos, inclusive, novos produtos, que venham a produzir mais empregos, isso sem dúvida alguma é uma condição fundamental e infelizmente não é o que a gente tem observado no Brasil como um todo”, afirma Paraná.

Foto: Roteiro de Notícias

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